Criptoativos não são tulipas
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Criptoativos não são tulipas

Nem tudo são flores (ou tulipas): criptoativos também estão suscetíveis a riscos. Pois bem, precisamos falar sobre eles!

Echoa | The Creator's Land02/23/2022
7 min
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Por Ronaldo Raposo.

Dia #7

Falar sobre Web3 é como assistir àqueles ilusionistas de circo com o truque do pano infinito: na lapela do paletó, um singelo pedaço de fita. Mas, quando você o puxa, não param de sair cores, retalhos, cortes e tecidos -- tudo emendado por nós muito bem dados. E quem é o palhaço? Isso mesmo, a gente.

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Dia #9

Se você acompanhou a última news, percebeu que tratar de NFT é falar sobre capital. A Web3, de maneira geral, nos permite pensar de maneira autônoma quanto a monetização do nosso conteúdo, sendo os tokens não fungíveis um meio incrível de atingir uma nova forma de relação com o nosso público.

Porém, tal qual a anedota da fita infinita, um assunto puxa o outro. E, bom, se você está disposto a entender mais sobre o assunto, é sempre preciso dar uns passos atrás. Falar sobre NFTs leva ao debate sobre blockchain, intimamente ligado às criptomoedas. Essas, por sua vez, conduzem a discussão sobre o que é um ativo e, para falar sobre ativos, não podemos fugir dos riscos.

E qual é a melhor maneira de discutir riscos? Falando delas, as tulipas.

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As tulipas são um grande símbolo nacional da Holanda. Tudo começou quando, em 1593, o botânico Carolus Clusius levou para o país alguns bulbos de tulipa vindos diretamente da Constantinopla, e o sucesso foi imediato.

A chegada das tulipas na região provocou um frisson imediato: todo mundo queria um bulbo de tulipa; além de uma beleza notável e extrínseca ao ambiente, a exclusividade da planta atraía a atenção das altas camadas da sociedade holandesa. Assim, em pouquíssimo tempo, tulipa virou uma obsessão, tornando-se sinônimo de status no país.

A procura pelas tulipas era tão fervorosa que especuladores compravam bulbos da planta e revendiam por preços altíssimos; no século XVII, era comum ver pessoas trocando bens pelas tulipas -- alguns adoidados, inclusive, trocavam suas casas por meia dúzia de tulipas (eu não tô brincando).

Estudos apontam que um bulbo de tulipas chegou a custar o equivalente a R$ 200 mil. Era a tulipomania tomando conta dos países baixos. Até que, em algum momento da história, um iluminado pensou: "galera, isso é uma planta, apenas". Quando essa consciência tornou-se coletiva, figurou a primeira grande bolha financeira da história.

Ocorre que o mercado das tulipas é sazonal, uma vez que demoram de 7 a 12 anos para florescer. Em vista desse horizonte de tempo, os especuladores holandeses passaram a vender contratos de tulipas (tipo os contratos de futuros negociados na bolsa de valores). Mas, quando bateu a bad na galera percebendo que estavam trocando bens valiosos por um punhado de plantas, o circo já estava armado.

Nem preciso ir muito além nessa história -- spoiler: foi um caos. Mas esse fato nós diz muito sobre os dias atuais. Quando falamos em ativos, estamos tratando de elementos com valor. Assim, podemos pensar ativos a partir de categorias:

  • Ativos tangíveis: podem ser utilizados como meios de troca, e
  • Ativos intangíveis: não podem ser tocados.

Nesse sentido, ambos podem ser subdivididos em:

  • Fungíveis: Divisíveis, substituíveis por outro de igual valor, ou
  • Não fungíveis: não divisíveis, únicos e insubstituíveis.

Para facilitar a visualização, podemos pensar a partir do plano cartesiano (handmade by me, bora dar valor) abaixo:

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Consegue perceber a diferença? Tomemos o dólar por referência: trata-se de um ativo fungível e tangível, já que tocamos nele e o usamos para transações. O Bitcoin, por sua vez, é um ativo intangível e fungível, pelo fato de que, apesar de não ser material, comporta-se tal qual uma moeda (limitado e especulativo).

Uma casa, por outro lado, é um ativo tangível e não-fungível: você não tem liquidez numa casa, não consegue convertê-la em dólar com facilidade -- mas isso não retira o valor dela, muito pelo contrário.

Sabe o que todos esses ativos têm em comum? Todos são dotados de valor, mas esse valor só vale enquanto acreditamos que ele vale. Retomando o caso das tulipas, a lógica empregada em 1593 foi de assemelhar uma planta a uma casa, dado que esses bens foram, em certo momento da história, intercambiáveis. Contudo, percebeu-se que tal equiparação não faz sentido.

Trazendo o bitcoin para nossa discussão: essa criptomoeda circula desde 2009, mas somente a partir de 2020 ganhou a robustez atual. Isso se deve ao fato de que a digitalização da vida como um todo é um movimento irreversível, inadiável e irrefutável.

Mas e se criptoativos forem como as tulipas?

Dia #10

A resposta nem é suspense; ela tá no título, com uma afirmação categórica: criptoativos não são tulipas. Tulipas foram um hype no século XVII, da mesma forma que muitos olham e julgam a onda dos criptoativos e NFTs como algo passageiro.

Contudo, não sejamos anacrônicos. O que diferencia um criptoativo de uma tulipa é a capacidade que ele tem de cumprir as três funções de uma moeda: ser dotado de reserva de valor, ter unidade de conta e poder ser utilizado como meio de troca. O bitcoin, por exemplo, é finito, de modo que sua mineração fica cada dia mais difícil, além de ser dotado de conversibilidade para o dólar. E planta, faz isso?

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Dia #13

Em se tratando de NFT, podemos adicionar uma camada nessa história: os tokens não fungíveis são usados para criar escassez digital verificável. Eles também exigem muito poder de computação (energia) para lidar com criptografia e validação no blockchain.

Os riscos também existem: estão passíveis de precificação subjetiva (com lavagem de dinheiro, excessos de alavancagem e especulação, além de possibilidade de bolhas), bem como captura de propriedade alheia e ataques do governo (restrições e monitoramento. Mas você sabe quem também tá exposto a esses mesmos riscos? Picasso, Da Vinci, Van Gogh e tantos outros. Deixaram de ter valor? Não, porque esse valor só vale enquanto acreditamos que ele vale.

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E assim fechamos nosso arco. Bem amarrado e blindado das opiniões avessas, com informações históricas, fatos empíricos e dados estatísticos. Ufa, foi longo! Espero que isso tenha esclarecido um pouco mais sobre o valor e veracidade desse movimento que vivemos enquanto sociedade (que frase bonita, né? Achei poético).

E, bom, você tá sentindo isso daqui muito teórico? Eu também! Como que a gente lida com tanta informação assim?

Vixe, isso é papo para outro momento. Te vejo semana que vem? Espero que sim!

📚  Ronaldicas

A gente tem falado muito sobre monetização, certo? Mas saiba que o caminho para prosperar enquanto creator não é apenas por meio da Web3, tampouco de NFTs.

Enquanto creators, é importante que nos sintonizemos na Nova Era para viver uma vida de abundância e colaboração, e só existe uma forma de viver por um mundo melhor.: por meio do amor.

Nessa pegada leve porém muito profunda, Rodrigo e Victor falam sobre os caminhos para prosperar como creator, lá no podcast The Creator's Twist. Tá bom demais o episódio novo!

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Para conferir, basta clicar aqui. Se joga!

🏞️  O que mais rola na Creatorsfera...

  • Ninguém tá para brincadeira. A mais nova atualização do Twitter permite enviar gorjetas com Ethereum, um outro tipo de criptomoeda. Novidade? Nem tanto -- já era possível fazer isso com Bitcoin!
  • Brasil não quer ficar para trás não. A discussão sobre criptoativos é grande -- e já chegou ao Congresso Nacional. Foi aprovado, nesta semana, projeto de lei que regulamenta operações financeiras com criptomoedas.
  • Siga a verdade. Esse é o nome da rede social lançada por Trump -- traduzida pro bom portugues, hehehe. A ideia veio após ele ser, bom, banido de todas as redes sociais. Esse daí levou o Ownership ao pé da letra mesmo (só que seguiu no Web2… Aí não dá para ajudar).

 🚧 Ei! Se você conhece alguém que se amarra nesse assunto, manda nossa news para ele! É facinho, vai! Só compartilhar o link. Mas moleza que isso só… Sei lá, é tão fácil que não consigo nem pensar!

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