Você já ouviu falar de Paleoconservadorismo?
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Você já ouviu falar de Paleoconservadorismo?

Mais reaça, mais anti-materialista, mais nacionalista... Conheça o pensamento que realmente se opõe a lacração sem precedentes que se estabelece no ocidente.

Zé do Posto
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<i>Você já deve ter visto no&nbsp;<a href="https://www.youtube.com/channel/UCmSLmw4M8-BsLH4YMFILmZA">meu canal</a>&nbsp;que me descrevo como um&nbsp;paleoconservador&nbsp;(se ainda não viu, veja! Aproveita e <a href="https://www.youtube.com/channel/UCmSLmw4M8-BsLH4YMFILmZA">se inscreve</a> e assista aos vídeos), e se perguntou&nbsp;“o que caralhos é um ‘paleoconservador’?”. Por isso, resolvi fazer um texto explicando o que é essa vertente do conservadorismo, como ela surgiu no que ela acredita e quem são seus expoentes mais notáveis.</i>
Você já deve ter visto no meu canal que me descrevo como um paleoconservador (se ainda não viu, veja! Aproveita e se inscreve e assista aos vídeos), e se perguntou “o que caralhos é um ‘paleoconservador’?”. Por isso, resolvi fazer um texto explicando o que é essa vertente do conservadorismo, como ela surgiu no que ela acredita e quem são seus expoentes mais notáveis.

Antes de falar sobre conservadorismo, nunca é demais lembrar que não se trata de uma ideologia, mas da rejeição às ideologias, inclusive o pensamento conservador surgiu da crítica à ideologia liberal/iluminista que culminou com a Revolução Francesa, tendo como pedra fundamental a obra “Reflexões Sobre a Revolução na França” de Edmund Burke que, embora tivesse muitas influências de autores liberais, como Locke, exercitava o ceticismo quanto às rupturas e radicalismos, presentes, especialmente, na obra de Rousseau[1].

Um acréscimo pessoal repousa na filosofia de Thomas Hobbes. O autor de “Leviatã” acreditava que o homem era intrinsecamente mau, que a natureza humana era selvagem, imposta pelo uso da força e que essa busca por poder resultaria na guerra de todos contra todos. A solução proposta por Hobbes foi o reconhecimento de uma autoridade comum dotada de poder desproporcional para mediar a sociedade, como Hobbes era um ferrenho defensor da Coroa Britânica e das monarquias, personificou essa entidade na figura do Imperador Absolutista[2]

A citação a Hobbes será importante para compreender os tipos de leviatã que cada corrente – inclusive as mais libertárias – vislumbra como pacificador da sociedade. O que vai diferenciar um governo totalitário de um governo brando não é o tamanho do Estado, mas sua intervenção contra a vontade da população.

<i>Se você tiver entre 25 e 40 anos, se lembra do episódio de "Todo Mundo Odeia Chris" onde o valentão Caruso foi "deposto" por um outro cara... Moral da história: vários "Carusos" surgiram para atormentar a vida do Chris... A teoria do Hobbes era nessa pegada: o Estado é um "Caruso" que vai evitar que vários outros "Carusos" te tranquem no armário fazendo isso ele mesmo.</i>
Se você tiver entre 25 e 40 anos, se lembra do episódio de "Todo Mundo Odeia Chris" onde o valentão Caruso foi "deposto" por um outro cara... Moral da história: vários "Carusos" surgiram para atormentar a vida do Chris... A teoria do Hobbes era nessa pegada: o Estado é um "Caruso" que vai evitar que vários outros "Carusos" te tranquem no armário fazendo isso ele mesmo.

As inúmeras teorias de Contrato Social[3] estabelecem autoridades, direitos e obrigações. Essa autoridade será tirânica se utilizar de seu poder para uma razão divorciada desse Contrato Social, tratado este que se sustenta num conjunto de afinidades estritas que, no caso dos paleoconservadores, são:

·         Tradições: pessoas com usos e costumes muito semelhantes.

·         Afinidades: objetivos, interesses e inimigos em comum.

·         Isolacionismo: a preservação da cultura é muito cara aos paleoconservadores, portanto são extremamente fechados à imigração e sincretismos[4].

·         Nacionalismo e Localismo: quanto menor a área de influência política, mais coesa será aquela sociedade. Tendem ao federalismo e ao municipalismo, onde as decisões são descentralizadas e baseadas na common law[5].

Em um mundo perfeito, onde todos respeitariam a todos, haveria uma possibilidade infinita de associações voluntárias, cada uma com seu contrato social. Seriam as chamadas “Sociedades de Leis Privadas” de Hans-Herman Hoppe que, em outra ocasião, revelarei porque eu não acredito nela (apesar de ser uma ideia legal).

Mas, como surgiu o paleoconservadorismo? Quem cunhou esse termo e por que há essa cisão? Embora houvesse, desde sempre, delimitações ideológicas entre grupos de discussão – todos os grupos intelectuais possuem divergências, engana-se quem acredita que no ambiente acadêmico todos concordam com todos – o primeiro grande motivo de discórdia surgiu na Guerra do Vietnã[6].

A despeito do movimento hippie, primeira grande expressão de contracultura da esquerda progressista (com fortíssima influência do Movimento Estudantil Francês, a.k.a. maio de 1968 – que nas palavras do gênio Nelson Rodrigues[7] era “uma obra de idiotas”), que se opôs à guerra por uma questão de dialética negativa[8], contra o nacionalismo e as tradições americanas, no núcleo dos conservadores havia discórdia sobre interver ou não em países do terceiro mundo e a Guerra do Vietnã, além de estar custando muito caro aos Estados Unidos, estava dando amplo arsenal para o discurso anti-americano.

Essa divergência deu origem ao neoconservadorismo, que defendia a intervenção cultural e militar como forma de manter um equilíbrio nas relações sociais e na condição de Superpotência dos Estados Unidos.

Tanto os paleocons como a esquerda rejeitam o neoconservadorismo como sendo uma política imperialista e perniciosa, claro que por motivos diferentes.

<i>Teoria da ferradura? Paleocons são considerados "extrema-direita" mas compartilhavam o desejo pelo fim da Guerra do Vietnã com o primeiro movimento da esquerda progressista: os hippies...</i>
Teoria da ferradura? Paleocons são considerados "extrema-direita" mas compartilhavam o desejo pelo fim da Guerra do Vietnã com o primeiro movimento da esquerda progressista: os hippies...

Em uma analogia tosca[9], o neocon seria a versão de direita do trotskista, que acreditava que apenas expurgando todas as contradições à revolução seria possível que ela triunfasse, enquanto que o paleocon seria uma versão direitista do Enver Hoxha, que aposta em uma sociedade cooperativa fulcrada na unidade nacional como meio de consolidar sua força.

Diferente do nacionalismo fascista, que era totalitário, coletivizante e ufano, o nacionalismo paleoconservador se arvora sobre os princípios de Russell Kirk[10]. Justamente por acreditar que o homem é falível e que culturas e costumes geram o tão almejado equilíbrio, o paleocon rejeita o imperialismo, o totalitarismo e o pensamento revolucionário, mas não o contrarrevolucionário[11].

Enquanto o paleocon enxerga a contrarrevolução apenas como uma ultima ratio em caso de ataque em seu território, o neocon entende que a contrarrevolução deve se expandir pelo mundo, justificando guerras sem sentido, apenas para massagear o ego nacional.

Fora dos Estados Unidos o neoconservadorismo consiste nos países que estão alinhados aos interesses americanos, pois enxergam que a ordem e a estabilidade do mundo reside no poder do Tio Sam. Para os neocons, o Tio Sam é uma distorção do Leviatã de Hobbes pois, embora a premissa de agente estabilizador seja a mesma, o conceito pelo qual Hobbes chegara a esta conclusão é completamente oposto: ele não confiava no homem, os Neocons confiam no homem americano como um homem mais bem sucedido que deve ser o espelho para as demais populações.

No Brasil o bolsonarismo capitalizou adeptos através de um  neoconservadorismo populista com algumas pitadas do integralismo, visíveis no slogan “Deus, Pátria e Família”[12] e na política externa alinhada com o Governo Trump.

Já o saudoso Doutor Enéas Carneiro é a maior representação do Paleoconservador no Brasil: Enéas defendia a soberania nacional, a cultura regional e a erudição do brasileiro médio sem que este se afastasse de suas culturas orgânicas[13]. Enéas rechaçava tratados globalistas[14] e não confiava na iniciativa privada[15], seu discurso girava em torno de uma unidade nacional cujo amálgama seria a tradição, a afinidade, o nacionalismo e a ruptura com as estruturas globalistas.

<i>Bolsonaro e Enéas não são tão parecidos em suas visões de mundo como alguns direitistas tentam fazer parecer... Paulo Guedes e Damares Alves, por exemplo, <b>JAMAIS</b> teriam ministérios em um hipotético Governo Enéas.</i>
Bolsonaro e Enéas não são tão parecidos em suas visões de mundo como alguns direitistas tentam fazer parecer... Paulo Guedes e Damares Alves, por exemplo, JAMAIS teriam ministérios em um hipotético Governo Enéas.

Enéas foi a primeira pessoa de destaque midiático a citar publicamente em um veículo de comunicação de grande circulação a figura odiosa de George Soros[16] e sua ligação com políticos de renome no Brasil, como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula, algo que o Professor Olavo de Carvalho já havia feito e permaneceu fazendo por todos os anos que se seguiram.

Os paleocons vislumbram a figura do Leviatã de Hobbes não em uma força imperialista estrangeira (ou nacional, no caso dos cidadãos americanos), mas na unidade que edificou o Estado Nacional e as comunidades regionais (unidade e disciplina acima de tudo).

Apesar de, obviamente, ter um distanciamento monstruoso com o Libertarianismo, ambas correntes compartilham de dois preceitos idênticos: a secessão[17] e o jusnaturalismo. As semelhanças param por ai, inclusive na hermenêutica jusnaturalista: enquanto os libertários se valem da Ética Libertária[18], os paleoconservadores se valem da Ética Cristã, sendo, portanto, muito mais reacionários e até mesmo anti-capitalistas se o ganho de capital representar ameaça ou conflito com a ordem estabelecida.

O verdadeiro conservador é o paleoconservador, pois trata-se do único que não se contaminou com valores liberais do ocidente, é o único que coloca realmente os valores transcendentes e tradicionais acima de uma liberdade com fim em si mesma.

<i>Somos <b>REACIONÁRIOS</b> em praticamente <b>TUDO, </b>inclusive no fetiche privatista que é constantemente vendido como panaceia de todos os males! Talvez </i><a href="https://pingback.com/pseudoinstrospeccao/o-demonio-chamado-algoritmo">o artigo sobre algoritimos</a><i> e os meus vídeos sobre o </i><a href="https://www.youtube.com/watch?v=FmRTXd3TZHk">capitalismo</a><i> e sobre a </i><a href="https://www.youtube.com/watch?v=4yddJzTnC3Q">liberdade</a><i> ajudem a entender a relação do Paleocon com o liberalismo (e o libertarianismo).</i>
Somos REACIONÁRIOS em praticamente TUDO, inclusive no fetiche privatista que é constantemente vendido como panaceia de todos os males! Talvez o artigo sobre algoritimos e os meus vídeos sobre o capitalismo e sobre a liberdade ajudem a entender a relação do Paleocon com o liberalismo (e o libertarianismo).

O neocon e o conservador tradicional assimilaram valores liberais em sua visão de mundo, os normalizando, sendo, portanto seu discurso e o de liberais clássicos muito homogêneo, tanto é verdade que até o Professor Olavo de Carvalho utilizou uma fatoração de prioridades como diferenciador entre cada um[19]:

Ou você gosta da liberdade de mercado porque ela promove o Estado de direito, ou gosta do Estado de direito porque ele promove a liberdade de mercado. No primeiro caso, você é um ‘conservador’; no segundo, é um ‘liberal’.

Claro que o Professor não está fazendo uma redução tão tacanha do pensamento conservador à prioridade que a economia deve ter como organizador social, mas o uso dessa analogia – que já mencionei o porquê de usa-la com parcimônia quando fiz a comparação dos conservadores com Trotsky e Hoxha – denota o quão pobre é o pensamento da direita: um arremedo materialista que serve, muito bem, como antítese ao marxismo e o neomarxismo, por isso é tão fácil ataca-la!

Paleoconservadores são aqueles que não toleram algo que atente contra o clássico, e clássico, nas palavras do já citado Doutor Enéas, é tudo aquilo que é eterno. Eternidade pode ter conotação adverbial ou metafísica, na primeira é algo atemporal, cujo tempo é incapaz de mensurar, que simplesmente é, que simplesmente existe; no sentido metafísico, é a onisciência, onipresença e onipotência de Deus, como em João 1:1: “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus e era Deus.”

Não é incomum que paleoconservadores também acusem neoconservadores de reduzir a religião a uma mera cultura, esvaziando dela seu cunho espiritual. Sim, a religião traz cultura consigo, é inimaginável dissociar um do outro, mas essa ampla adesão culturalista se deu por sua espiritualidade, que deu aos fiéis o conceito de certo e errado, de justo e injusto, de bem e mal através da busca por Deus e a purificação de todos os pecados em vida.

<i>* Atualmente nenhum político americano é completamente “paleoconservador”, primeiro porque há uma forte presença da Doutrina Monroe na cultura nacional dos E.U.A., de modo que o discurso imperialista está sempre presente (em maior ou menor escala), além das corporações terem um poder muito grande junto ao Deep State[20], rechaçando a possibilidade de alguém dificultar transações internacionais. A acepção de um paleocon “puro sangue” tornou-se ainda mais penosa especialmente depois que a militância do Tea Party e da Alt-Right ganharam força, pois esses grupos reúnem diversas vertentes da "direita": de neonazistas a anarcocapitalistas.</i>
* Atualmente nenhum político americano é completamente “paleoconservador”, primeiro porque há uma forte presença da Doutrina Monroe na cultura nacional dos E.U.A., de modo que o discurso imperialista está sempre presente (em maior ou menor escala), além das corporações terem um poder muito grande junto ao Deep State[20], rechaçando a possibilidade de alguém dificultar transações internacionais. A acepção de um paleocon “puro sangue” tornou-se ainda mais penosa especialmente depois que a militância do Tea Party e da Alt-Right ganharam força, pois esses grupos reúnem diversas vertentes da "direita": de neonazistas a anarcocapitalistas.

A conclusão que tiramos disso é que, tudo aquilo que se corrompe em utilitarismo abandonará seus princípios, por isso que o movimento conservador surgiu com uma força impressionante, explorando fanatismo e ideias reativas, mas foi esvaziado em igual velocidade e estagnou-se, deixando muitos de seus antigos entusiastas em um ceticismo tão grande que beira ao niilismo político, uma das armas idealizadas por Saul Alinsky para vencer a Guerra Cultural.

Referências Bibliográficas:

BUENO, Rodrigo. Histórico e Vertentes do Pensamento Conservador. Disponível em: https://hermeneuticapolitica.com.br/historico-e-vertentes-do-pensamento-conservador/, acesso em 27/12/2021

CABRAL, João Francisco Pereira. "Hobbes e o estado de natureza"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/hobbes-estado-natureza.htm, acesso em 27 de dezembro de 2021.

CARNEIRO, Enéas Ferreira. O Brasil em perigo. Rio de Janeiro : PRONA, 1996.

CARVALHO, Olavo de. Por que não sou liberal. Dispoível em: https://olavodecarvalho.org/por-que-nao-sou-liberal/, acesso em 27/12/2021.

HOBBES, Thomas. Leviatã: matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil. tradução João Paulo Monteiro, Maria Beatriz Nizza da Silva, Claudia Berliner. São Paulo : Martins Fontes, 2003.

HOPPE, Hans-Hermann. Democracia: o Deus que falhou. Tradução de Marcelo Werlang de Assis. São Paulo : Instituto Ludwig Von Mises, 2014

RODRIGUES, Nelson. O reacionário: memórias e confissões. Rio de Janeiro : Agir, 2008.

TRIGUEIRO, Gabriel Romero Lyra. Neoconservadorismo versus Paleoconservadorismo: um estudo sobre a genealogia do movimento conservador norte-americano no pós-Segunda Guerra e suas principais disputas identitárias. Tese (Doutorado em História Comparada). UFRJ, 2017.

[1] Maximilien Robespierre, um dos cabeças da Revolução, disse que a bibliografia de Voltaire e Rousseu ficava na cabeceira de sua cama.

[2] É preciso considerar o contexto em que “Leviatã” foi escrito, especialmente à luz da Teoria do Direito Divino, onde os Imperadores seriam designados por Deus para governar o povo e que opor-se à coroa era se opor a Deus. Logo, a figura do “estado” era quase que uma divindade dotada de sapiência, temperança e força para conter o estado selvagem do homem.

[3] O contratualismo foi uma teoria iluminista que tentava estabelecer um motivo pelo qual as sociedades se organizaram. Para Hobbes, o Contrato Social marca a transição do Estado de Natureza – onde humanos estariam em permanente conflito – para o Estado Social – onde abdicariam de sua liberdade irrestrita para cessar os conflitos e prosperar em regime colaborativo. Apesar de ser um “documento tácito”, nos Estados Burgueses foi materializado pelas Constituições, num fenômeno chamado “Constitucionalismo”.              Ver mais em: https://pingback.com/pseudoinstrospeccao/entao-voce-quer-uma-nova-constituinte, acesso em 27/12/2021.

[4] Falar sobre preservação da cultura em um país miscigenado e cosmopolita como o Brasil soa extremamente racista e por isso não é incomum que haja uma associação pejorativa desse elemento com o Nazismo. Essa acusação não só é leviana como denota um imenso analfabetismo do detrator, contudo é um tema complexo que não cabe esmiuçar aqui.

[5] Sistema de leis que admite decisões judiciais como atos legislativos, normalmente aplicados em países ou comunidades onde há uma forte presença do direito consuetudinário (costumes como fonte primária de direito).

[6] A origem da cisão ocorreu nesta época, porém a ruptura completa ocorreu no governo Reagan, por conta de uma divergência na nomeação de Mel Bradford para o National Endowment for the Humanities – NEH, sob acusações de racismo.

[7] (2008 p. 547)

[8] Em um resumo bem curto é uma teoria da Escola de Frankfurt que basicamente ordenava a arte a meter o pau em tudo e qualquer coisa que tivesse diálogo com a “velha ordem”, é o fundamento da “contracultura”.

[9] Usar de analogia strictu sensu para debater ciência política é um erro tremendo que leva as pessoas a análises rasas como colocar na mesma baia o comunismo com o progressismo e o fascismo com o conservadorismo. O uso, com parcimônia, de analogias tem a função de resumir brevemente a visão com base em uma concepção mais popularizada, não implicando em uma polarização fiel.

[10] O autor de “A Política da Prudência” elencou dez princípios do pensamento conservador, sobre alguns encontram-se fundamentos do nacionalismo paleocon: a crença numa ordem moral duradoura, a adesão natural aos costumes como algo preestabelecido, valendo inclusive para a cooperação mútua e a contensão de paixões e vícios humanos materiais.

[11] Conservadores em geral são contrários a medidas extremas, mas adotam uma postura completamente reativa quando estão diante de ameaça. Embora os Regimes Militares na América Latina não tenham sido conduzidos por conservadores, seu cunho nacionalista, anti-comunista e contrarrevolucionário são exemplos desse conceito.

[12] Pela enésima vez: isso NADA TEM A VER COM FASCISMO! Associar um governo neocon e sionista com o fascismo é de uma burrice ou desonestidade ímpares! Não existe uma acunha revolucionária no bolsonarismo, algo presente em movimentos fascistas, isso sem contar a questão histórica: a história do Brasil não apresenta nada tão grandioso e glorioso como o Sacro-Império Germânico ou o Império Romano para ser reavivada em um clamor ultranacionalista, até porque a cultura brasileira é miscigenada e, por isso mesmo, altamente complacente.

[13] Nota do autor: existe uma outra grande deturpação progressista sobre o Funk Carioca ser uma “expressão orgânica da periferia”, nada poderia estar mais errado... Primeiro, com relação às letras que se alternam entre pornografia rasteira e apologia ao crime, que resultam na marginalização da periferia em virtude do narcoestado estabelecido por interesses estrangeiros. Segundo porque, “musicalmente”, o funk carioca tem influência de ritmos americanos como o Hip Hop, o Miami Beat e o Trap, não há nenhum ritmo brasileiro. Prevendo que detratores ataquem o rock usando dos mesmos artifícios, vale lembrar que as bandas de maior sucesso do Brasil são famosas por incluir ritmos nacionais em sua sonoridade, como é o caso do Angra e do Sepultura.

[14] Na famosa cartilha "O Brasil em Perigo (1996 p.10), Enéas elegeu o Sistema Financeiro Internacional (Bancos, Governos e Empresas Metacapitalistas) como os donos do mundo a quem os governos deveriam prestar favores em troca da elegibilidade e governabilidade, logo, fazer tratados internacionais tornaria o Brasil (mais fraco economicamente e militarmente) mais vulnerável ao julgo dessa elite global.

[15] Ao invés de citar os motivos pelos quais o próprio Doutor Enéas rechaçava a iniciativa privada gerindo riquezas nacionais, prefiro me valer da fala de um dos mais destacados e brilhantes defensores do capitalismo e da praxeologia: o economista austríaco Ludwig Von Mises, que através da explicação de sua teoria do consumidor soberano aduzia que o capitalismo era amoral, seu único objetivo era viabilizar a troca material entre vendedor e comprador, incutindo em acréscimo de riqueza material para as partes. Desta forma, a operação de uma empresa deve sempre ser guiada com objetivo de obter lucro e distribuí-lo, prioritariamente, entre seus acionistas não importando que meios se utilizasse para isso.

[16] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sBxBFO-O52o, acesso em 27/12/2021.

[17] Não confundir com separatismo, isso é uma ideia (radical) cretina de um outro cretino chamado Raphael Lima! A secessão Hoppeana pressupõe competição, ou seja, diversos “estados privados” competindo na mesma jurisdição (e não criando um novo estado monopolista centralizador). O mais próximo disso em um plano factível seria um federalismo municipalista fulcrado em direito negativo e com prevalência dos usos e costumes como fonte de direito.

[18] Conjunto de valores éticos fundamentado na praxeologia e nas leis de mercado, cuja maior inspiração vem de “Ética da Liberdade” de Murray N. Rothbard (1926-1995).

[19] Texto publicado no “Jornal do Brasil” em 08/03/2007, intitulado “Por que não sou liberal”.

[20] Expressão mormente concebida como uma teoria da conspiração e que pressupõe a existência de uma grandiosa estrutura fisiológica atuando no aparelho de estado norte-americano.