Luan Renasce ou Frederico Fagundes

É com alegria que escolho Luan Guilherme de Jesus Vieira como meu personagem da semana, mas antes de explicitar as razões da escolha, convém explicar o título alternativo.

Se bem que Nelson Rodrigues nunca explicou porque resolveu chamar sua célebre peça de "Bonitinha, mas Ordinária ou Otto Lara Resende". O próprio Otto desconversou quando inquirido, como conta o biógrafo de Nelson, Ruy Castro, no Necessário O Anjo Pornográfico: A vida de Nelson Rodrigues. Otto não explicou, mas deixou claro que foi uma provocação do amigo e que isso o incomodava de alguma maneira.

Como não sou o Nelson, de minha parte, prefiro explicar: Frederico Fagundes, meu querido amigo, publicitário, podcaster e companheiro na bancada do Bicuda é (pelo menos para mim) o maior gremista vivo e um luanista inveterado, de corpo alma e coração.

Tão logo terminou a brilhante apresentação de Luan pelo Corinthians no clássico diante do São Paulo, fui querer saber do Fred o que ele sentia e o encontrei radiante.

Fred começou relatando que o golaço - digno de um Puskas - anotado por Luan no Clássico Majestoso o fez voltar a 2016, quando o seu Imortal Tricolor foi eliminado no Gauchão pelo Juventude, em plena Arena do Grêmio. Na ocasião, Luan terminou o jogo sentado no chão aos prantos.

Nessa época o Grêmio amargava uma longa fila sem ganhar um título de expressão. Como se não bastasse, logo na sequência, o Internacional conquistou o hexacampeonato gaúcho com a famosa provocação de Eduardo Sasha. Após marcar um dos gols do Inter na final contra o Juventude, o filho da Xuxa dançou uma valsa com a bandeirinha de escanteio, em homenagem aos 15 anos da seca do rival.

Porém, ainda em 2016, Luan marcaria um gol antológico no Mineirão diante do Cruzeiro, calando 60 mil torcedores celestes e encaminhando a classificação do Grêmio para a final e, depois, para o título. Esse gol, segundo o próprio Frederico Fagundes, "foi uma virada forte na vida dele no Grêmio" e num jogo que alguns gremistas achavam muito difícil o Grêmio ganhar. Nesse dia, Luan jogou muito.

O golaço contra o Cruzeiro foi o ponto de inflexão na Jornada do Herói gremista que terminou 2016 campeão da Copa do Brasil, encerrando, assim, o incômodo jejum e, ainda, viu o rival Internacional de Eduardo Sasha ser rebaixado para a Série B do Brasileirão.

Não bastasse, no ano seguinte, Luan conquistou o tricampeonato da Libertadores pelo Grêmio, foi eleito o melhor jogador da competição e, só então, se sentiu suficientemente à vontade para responder à provocação de Eduardo Sasha do ano anterior. E a forma escolhida para fazer isso entrou para a história do futebol.

Por coincidência, vi Luan mandar aquele recado para o Sasha a dois passos de distância, in loco, dentro do campo de La Fortaleza.

Ah, o mundo, meus amigos, ele dá voltas. Voltas belas e terríveis, como um exército a postos para a batalha.

E - claro - meu amigo Fred Fagundes vibrou com o golaço do meu personagem da semana contra o São Paulo com se fosse um gol do Grêmio. Esse gol que pode devolver a confiança e significar o renascimento de Luan no Corinthians.

Trinta milhões de corintianos + Frederico Faguntes estão contando com isso.