Somos mesmo uma geração de inúteis?

Photo by Alexis Brown on Unsplash

Embora os jovens nascidos no começo do século XXI (ou no final do século XX) tenham que conviver diariamente com as cicatrizes deixadas no mundo por seus antepassados, somos vistos como uma geração mais fraca por não sabermos lidar com os diversos problemas sociais, culturais, econômicos e, principalmente, psicológicos que enfrentamos no dia-a-dia.

Não escrevo este texto com o objetivo de excluir as minhas responsabilidades, nem as dos meus contemporâneos, mas sim, com o intuito de expor algumas das dificuldades que passamos, na época da pós-revolução técnico-científico-informacional, principalmente por conta da internet e de um capitalismo totalmente modernizado, embora cruel no mesmo nível (ou até pior).

Nascemos em uma transição milenar, temos acesso a informações que nosso país ou avós demoraram décadas de vida para ter, temos contatos direto com as mais variadas culturas do mundo em questão de segundos, temos sonhos tão profundos, que uma “simples” palavra como: Utopia, faz-nos questionarmos se realmente vale a pena continuar vivo.

Para ser aceito pela sociedade, temos que nos adequar à padrões pré-estabelecidos antes do nosso nascimento, e nossos questionamentos são ignorados (quando não são demonizados) por pessoas que aceitaram se encaixar nesse sistema pútrido.

A arte é subvalorizada ou usada apenas como forma de entretenimento; A filosofia e a sociologia são vistas de uma forma preconceituosa ou como um caminho sem futuro econômico; Ansiedade e depressão são vistas como forma de se vitimizar ou como insanidade.

Como se não bastasse a luta diária que temos contra nós mesmos, temos que enfrentar os obstáculos impostos por uma sociedade totalmente alienada, que deposita toda a sua esperança e amor, nas contas de um sistema que busca substituir a humanidade por robôs.

A questão que deixo aqui é, para nós, jovens pensadores, amantes da vida, da filosofia e da arte, resta alguma esperança? 
Ou devemos apenas aceitar e viver uma vida infeliz? Deixando um mundo ainda mais injusto para nossos filhos e netos.

Somos mesmo inúteis por questionar? Por não aceitar viver um padrão de vida que não vai nos dar nada além do dinheiro e dos bens materiais que são usados para nos controlar? 
Ou estamos buscando uma evolução individual, com o propósito de entender sobre os fatos que nos são apresentados, diuturnamente, nessa vida angustiante que vivemos?

Essas são só palavras de um jovem que ainda tem muito por viver, mas que já se encontra perdido, nesse extenso mar de pesadelos que é o século XXI…

Criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais dependem profundamente da ciência e da tecnologia. Também criamos uma ordem em que quase ninguém compreende a ciência e a tecnologia. Podemos escapar ilesos por algum tempo, porém mais cedo ou mais tarde, essa mistura inflamável de ignorância e poder vai explodir na nossa cara.

Carl Sagan

By Gustavo Guedes Araújo on December 17, 2020.