O futuro cameça ontem
0
0

O futuro cameça ontem

"Eu vejo o futuro repetir o passado..." Cazuza

Li Porto
10 min
0
0

"Eu vejo o futuro repetir o passado..." Cazuza

Email image

Fim do campeonato brasileiro 2021, vice campeonato na tabela assegurado, então é só continuar na mesma estratada que tudo pode dar certo ano que vem, certo? Não. 

O campeonato brasileiro é dividido por 2 pelotões técnicos de jogadores. O primeiro, com boa distância para o segundo, é formado por Flamengo, Atl-BH e Palmeiras. Todos os demais no segundo pelotão, com as mudanças ano a no, e alguns deles, como Fortaleza, trilhando caminhos técnicos e organizacionais sólidos para permanecerem ali.

Então, ser vice campeão neste contexto não é exatamente demérito, ainda mais depois de um bi campeonato, mas longe de mostrar que se está no caminho virtuoso, ao contrário, depois de 2019, estamos mais nos percalços tortuosos de encontrar, naquele passado, a pista para a consolidação de um projeto perene de força no continente.

Somente no passado podemos, objetivamente, entender  as ferramentas que nos tornaram fortes, e os fatores que nos fragilizaram após o incrível período do 2º semestre de 2019, e, início 2020 (até a pandemia). 

A cronologia da viuvez anunciada

Posse da nova diretoria (início 2019)

A gestão do futebol na era Rodolfo Landim se inícia sob um signo que mistura um lema: ganhar tudo (sempre com pulso firme, comando e agilidade de processos na tomada de decisões de correção de rota, se atentem para estes princípios tão decantados para uma revisita em 2021) e um modelo de gestão quase vintage e pouco usual. 

Como estrutura pricipal decisória temos a implantação de um Conselho Gestor, popurlamente conhecido como Conselhinho  e Assume Marcos Braz como VP de Futebol 

O Conselhinho é formado por Bap, Braz, Dekko Roisman, Diego Lemos e Fábio Palmer, e o Presidente Rodolfo Landim tem o voto de ouro. Este colegiado é responsável por bater o martelo em todas as decisões estratégicas (contratações e demissões, estrutura de futebol)

Escolha por Abel no início do ano (trechos de entrevista ao canal Paparazzo rubro negro no início do mandato)

- Assim como quando contratamos jogadores, definimos uma série de valências. Para treinador, fizemos a mesma coisa: não podia ser uma cara inexperiente, tinha que ser um cara vencedor, cascudo para aguentar porrada, pressão, com uma presença de personalidade importante junto aos jogadores e uma capacidade de gerenciar gente. É um processo dinâmico

BAP, membro do Conselho gestor do Fuebol, explica a linha geral do trabalho, e seu próprio papel

-Se você quiser que eu opine em cada centavo que gastamos com jogador, contrato, multa... Tem as minhas digitais em tudo neste processo. 

-O conselho do futebol do Flamengo tem cinco pessoas, entre elas o VP de futebol. O Marcos Braz representa o conselho no dia a dia do clube. O conselho decide tudo que é estrutural e de planejamento. Se o Flamengo for comprar um terreno ao lado do Ninho, é com o conselho. O Flamengo vai comprar um jogador, que é um ativo do clube, passa pelo centro de inteligência, que responde ao conselho. O conselho entra em um consenso se é um bom jogador ou não

-O Marcos Braz é parte do conselho do futebol e representa o conselho na gestão do dia a dia. Dever satisfação, eles devem sobre estrutura do CT, contratação de jogador, dispensa, a estrutura do departamento... Quando eles acham que precisa ter uma pessoa para dar assistência aos estrangeiros. Aprovamos essa posição. Agora, se vai poupar o Cuéllar, um jogador que está com dores não vai viajar... No dia a dia, não tem interferência nenhuma do conselho.

Na ocasião, discutimos três nomes: Renato, Abel e Rogério Ceni. Ao Ceni, que faz um grande trabalho no Fortaleza, mas faltava quilometragem. Concentramos no Renato e no Abel, que foram abençoados pelo conselho e pelo Landim, que tem o voto de ouro para dizer sim ou não. O Renato tomou uma decisão pessoal de seguir no Grêmio.

Escolhemos Abel porque achamos que era o melhor para o Flamengo. E os dois nomes foram unânimes no conselho.

Avaliação de Abel

- O Abel deu uma contribuição importante. Preto no branco, ele entregou o que se esperava dele no primeiro semestre. Foi campeão carioca com relativa facilidade, classificou na Libertadores e deixou bem encaminhado na Copa do Brasil. Ele fez um escolha dele quando resolveu sair e cada um seguiu sua vida.

Achei importante trazer o contexto do início da gestão por um fato curioso. Todos os 3 técnicos pretendidos 

Abel Braga pede para sair no momento de grande turbulência no futebol, com a torcida insatisfeita com a performance da equipe aquém do potencial do grupo de jogadores e algumas declarações desastrosas do comandante à época. Nesta fase se encontrava no Brasil o técnio Jorge jesus, vendo jogos, conversando com clubes (Atlético-BH e Vasco) em espécie de rodie show para possível colocação no mercado. O Flamengo na fase derradeira de Abel, possivelmente, se apriu para ouvir o empresário do treinador português, e pós pedido de demissão de Abel chegou rapidamente a um acordo com o novo treinador e aceitou, inclusive, que o mesmo trouxesse todo um staff de profissionais (7 membros), que iriam comandar toda estrutura do df. Nesta época Paulo Pelaipe era o diretor de futebol (funções de direção do dia a dia do ninho, e interface entre comissão/jogadores e diretoria.

jorge jesus chega e sacode toda a estrutura, reportagens falando de mudanças de rotina (com rigidez de controles que iam do gramado a utilização de telefone durante refeições em grupo), fechamento de treinos para pessoal estranho ao desenvolvimento do trabalho no dia a dia. Nos treinos da Flatv se via alta intensidade, postura de correções e até o surgimento do Drone para aprimoramento do trabalho técnico. No primeio jogo treino, que foi transmitido ao vivo até para Portugal, o novo treinador soltou sua primeira grande pérola, o dia do "tá mal Arão", ali ele já começava a cair nas graças de uma torcida ávida pelo crescimento dos jogadores, por um novo Flamengo, condizente com o tamanho da esperança depois de anos de sufoco e frustrações. Vale lembrar que JJ "conseguiu" uma mini intertemporada com a paralização do campeonato brasileiro em função da copa América.

E o resto é História...

A passagem de Jorge Jesus foi um furacão poderoso, de enfrentar e debater com torcedores em protesto, até a redenção final e completa na glória do fim do ano de 2019. Noites esplendorosas de grande futebol, de muita entreega quando nem tanto futebol havia, de uma presença arrebatadora a beira do campo, um histérico como histérico são os torcedores, ávidos por alcançar vitórias, vitórias e vitórias.

Recapitulando...

A primeira escolha foi uma seleção entre Abel, Ceni e Renato. Uma gestão tocada por amadores em suas tomadas de decisão e após o fracasso da primeira escolha, um português que estava a proura de se inseri no mercado nacional, experiente, metódico e talentoso, amparado por uma comissão técnica altamente gabaritada que elevou o nível de todo departamento de futebol. Excelentes contratações e livramentos pontuais que, com JJ, tiveram suas performances elevadas ao máximo.

A saída de JJ e o retorno do estágio de coleguismo/amadorismo em detrimento ao profissionalismo...

O episódio Abel - JJ poderia ter sido a maior lição para esta gestão, mas, pelo que se viu ao invés de entender os processos, o pq acertamos e onde erramos, o que se viu foi um fascínio pelo deslumbre da diretoria agora glorificada e endeusada pelos troféus. Não quiseram ou puderam, pela sobera, entender nada. Com a saída de JJ rumaram para a Europa tentando repetir a fórmula, porém, todo o contexto pandêmico dificultou conversações e contrataram o inexperiente Domenéc Torrent, que vinha de apenas um trabalho na frágil MLS (liga americana).

O período pré retorno de futebol se mostrou também uma incoerência. O clube brigou por um retorno no campeonato carioca, descolado do que se vislumbrava do calendário da próxima competição (camp br). Os jogadores vivenciaram longo período de inatividade, volta pro carioca, nova parada de atividades, retorno com comissão interina, e chegada de um novo técnico. Aqui se ressalta que, ao contrário, do que ocorreu com JJ, o espanhol chega com reduzida equipe e o clube retorna om profissionais com antigas passagens pelo clube e paralelamente realiza várias mudanças no DM (saúde).

Como o objetivo não é analisar o trabalho dos técnicos, faço um corre para o futuro. Dome é demitido em meio a uma avalanche de "fofocas" e notícias de bastidores por ocasião de sua saída. Rapidamente o clube acerta com Rogério Ceni, treinador emergente, porém, vindo de uma rápida passagem turbulenta no crítico cruzeiro. O time apresentou melhora no geral e conseguiu levantar o brasileiro na última rodada, aos 47 do segundo tempo. O noticiário da época revela um Ceni incomodado com o próprio DF do clube e sua estrutura, mas se mantém no cargo, e diretoria continua apostando na qualidade do elenco e em SJT. 

Após a jornada Cenista, o grande temor de parte da torcida era a contratação do visivelmente decadente e ultrapassado Renato Gaúcho. E os temores se mostraram corretos. Renato chega com 2 membros e, após um ótimo impacto inicial de resultados, com goleadas, mostra sua fragilidade no gerenciamento do grupo e em lidar com a disputa de várias competições, algo que não acontecia no Grêmio, onde tudo era projetado para altas performances apenas nas copas.

Após uma cobrança de um torcedor sobre a preparação física, o VP respondeu com "campeão de 2009", como se esta premissa carimbasse o referido profissional como a altura deste Fla 2021. Landim prometeu em seu discurso na primeira eleição, correção de rotas rápidas, tolerância zero com o erro, aprimoramento contínuo e o que vimos após a jornada vitoriosa de 2019? o impávido processo de deterioração do compromisso com o melhor! com a excelência.

Processos em futebol estão cada vez mais ligados com ciência, profissionalismo e excelência (metodologia, scout, análise, aspectos mentais e diversos outros setores). Gastar de maneira eficiente cada real arrecadado. O amadorismo permaente é estrada certa para decadência, para desperdício de talento no campo. 

Ao imaginar o ct o Fla buscou os melhores exemplos pelo mundo e o que vemos agora? notícias de uma economia burra na gestão de pessoas, na incorporação de novos profissionais, na não aderência dos bons. A antítese total do avanço, do aprimoramento e da modernidade.

Este tema, profissionalismo do df foi muito debatido nas redes agora as vésperas da elição, a chapa vencedora (roxa de Landim), não apresentou qualquer prposta para o futebol, ao contrário, os sinai são de seguirem com o mesmo método e onde poderíamos, e deveríamos, estar na frente, estamos pagando para ver que nossos amadores sabem mais do que o mundo se apresenta. Para ele,s se a bola entrou...

Agora, esperamos uma nova definição de técnico, ancorados na esperança que, pelo menos, consigam um novo bom aluguel. Quem sabe?

No próximo texto, falarei sobre sobre jogadores e a montanha...