O HOMEM É AQ UILO Q UE ELE PENSA
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O HOMEM É AQ UILO Q UE ELE PENSA

O homem é aquilo que ele pensa.

anderson12/29/2021
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O homem é aquilo que ele pensa.

A Mente é a Força-Mestra que molda e faz,

E o Homem é Mente, e sem cessar maneja

A ferramenta do Pensamento.

Com ela forja o que deseja

E cria em profusão alegrias e males —

Pensa em segredo, e tudo acontece:

Seu ambiente não passa de seu próprio espelho.

Prefácio.

ste pequeno volume (resultado de meditação e experiência) não tem a

pretensão de ser um exaustivo tratado sobre o tão debatido tema do poder do

pensamento. É, antes, mais sugestivo que explanatório, e seu objetivo é estimular

homens e mulheres a descobrir e a perceber a verdade de que

“Eles são os construtores de si próprios”

em virtude dos pensamentos que escolhem e incentivam; que a mente é a tecelãmestra, tanto da veste íntima do caráter como da veste exterior da circunstância,

e que, assim como podem ter, até aqui, tecido tais vestes em ignorância e

sofrimento, poderão agora tecê-las com esclarecimento e felicidade.

James Allen.

Pensamento e Caráter.

aforismo “O homem é aquilo que ele pensa” não só abrange por inteiro o ser

do homem, como tal abrangência chega ao ponto de envolver todas as condições

e circunstâncias de sua vida. O homem é, literalmente, aquilo que ele pensa, seu

caráter não passa da soma total de todos os seus pensamentos.

Assim como a planta brota, e não poderia brotar se não fosse a semente,

também cada ato do homem brota das sementes ocultas do pensamento, e sem

elas não poderia surgir. Isso se aplica igualmente àqueles atos ditos “espontâneos”

e “não premeditados” e aos que são deliberadamente praticados.

O ato é a flor do pensamento, e a alegria e o sofrimento, seus frutos; e assim

vai recolhendo o homem o produto doce ou amargo de sua própria seara.

“Ainda na mente é o pensamento que nos molda.

O que somos

Foi construído na forja das ideias.

Se de maus pensamentos

nos alimentamos, cada um deles será seguido pela dor

do mesmo modo

que a roda do carro segue os bois...

... Se preservarmos

Em pureza aquilo que pensamos, será a felicidade

que como a nossa própria sombra nos há de

acompanhar.”

O homem é um produto da Lei e não do artifício, e causa e efeito são tão

absolutos e inevitáveis no plano secreto do pensamento quanto no mundo das

coisas visíveis e materiais. Um caráter nobre, à semelhança de Deus, não é algo

que se possa atribuir ao favor ou ao acaso, mas é, sim, o resultado natural de um

contínuo esforço de reto-pensar, o efeito de um prolongado anseio de associação

com o pensamento de Deus. Um caráter ignóbil e bestial, pelo mesmo processo,

é o resultado de um constante acolhimento a pensamentos vis.

O homem por si mesmo se faz ou se destrói; no arsenal das ideias forja as

armas com que ele próprio se destrói; molda também os instrumentos com os

quais constrói para si mesmo paradisíacas mansões de alegria, força e paz. Pela

escolha acertada e pela legítima aplicação do pensamento, o homem ascende à

Divina Perfeição; pelo abuso e má aplicação do pensamento, ele desce abaixo do

nível do animal. Entre esses dois extremos se encontram todas as gradações do

caráter, e o homem é quem as modela e controla.

De todas as belas verdades pertencentes à alma que foram restauradas e

trazidas à luz neste século, nenhuma é mais risonha ou mais rica em divinas

promessas e em confiança do que esta — a de que o homem é o senhor do

pensamento, o modelador do caráter e o construtor e forjador da condição, do

meio e do destino.

Como um ser dotado de Força, de Inteligência e de Amor e senhor de seus

próprios pensamentos, o homem tem nas mãos a chave de todas as situações e

encerra em si mesmo o elemento transformador e regenerador por meio do qual

pode fazer de si próprio o que quiser.

O homem é sempre o senhor, mesmo que entregue às maiores fraquezas e

ao máximo abandono; mas em sua fraqueza e degradação continua sendo o

insensato senhor que desgoverna sua própria casa. Quando ele começa a refletir

sobre o seu estado e a procurar diligentemente a Lei sob a qual foi criado,

começa a se tornar um senhor ajuizado, capaz de dirigir com inteligência suas

energias e a ajustar seus pensamentos, visando a fins frutíferos. Esse é o senhorio

consciente que o homem só atinge quando descobre dentro de si mesmo as leis do

pensamento, descoberta essa que é inteiramente uma questão de aplicação,

autoanálise e experiência.

Só através de grande procura e mineração é possível encontrar ouro e

diamantes, e todas as verdades ligadas ao seu ser podem ser encontradas pelo

homem se ele explorar em profundidade a mina de sua alma; e se observar,

controlar e alterar seus pensamentos, rastreando-lhes os efeitos sobre si próprio e

sobre os outros, sobre sua vida e circunstâncias, ligando causa e efeito por meio

de um paciente exercício e da investigação e utilizando cada experiência, mesmo

a mais trivial, cada ocorrência cotidiana, como um meio de obter o

conhecimento de si mesmo que é Compreensão, Sabedoria e Poder, acabará

infalivelmente por provar que ele é o construtor do seu próprio caráter, o

modelador de sua vida e o edificador de seu destino. Nessa direção e em

nenhuma outra é que nos aponta a lei absoluta segundo a qual “Aquele que busca

achará e àquele que bate abrir-se-lhe-á”; pois só pela paciência, pela prática e

incessante insistência pode o homem transpor a Porta do Templo do

Conhecimento.

Efeito dos Pensamentos

sobre as Circunstâncias.

mente do homem pode ser comparada a um jardim cultivado com inteligência

ou entregue ao abandono; quer o cultivem ou o abandonem, forçosamente

brotará. Se nada de bom nele for semeado, más sementes de ervas daninhas se

espalharão em abundância e continuarão a multiplicar-se.

Assim como um jardineiro cultiva sua terra, conservando-a livre do mato e

plantando flores e frutos que lhe são necessários, assim também o homem cultiva

o jardim de sua mente, arrancando todos os pensamentos maus, inúteis e impuros

e cultivando, com vistas à perfeição, as flores e os frutos de pensamentos justos,

úteis e puros. Adotando esse processo, mais cedo ou mais tarde descobriremos

que somos o jardineiro-chefe de nossas almas, o dirigente de nossas vidas. Com

isso, revelamos também, dentro de nós mesmos, as leis do pensamento e

compreendemos, com crescente exatidão, como as forças do pensamento e os

fatores mentais operam na formação do nosso caráter, das circunstâncias e do

destino.

Pensamento e caráter são uma só coisa, e como o caráter só pode

manifestar-se e revelar-se através do meio e das circunstâncias, as condições

externas da vida de uma pessoa mostrar-se-ão sempre harmoniosamente

relacionadas com seu estado íntimo. Isso não significa que as circunstâncias que

cercam o homem em qualquer tempo sejam um indício de seu caráter como um

todo, mas que tais circunstâncias se encontram tão intimamente ligadas a algum

fator-pensamento vital em seu interior que, naquele momento, elas são

indispensáveis para o seu desenvolvimento.

Todo homem está onde está pela lei do seu ser; os pensamentos que ele

incorporou ao seu caráter colocaram-no ali, e na disposição de sua vida não

existe nenhum fator casual, mas tudo é o resultado de uma lei que não pode

falhar. Isso é tão verdade em relação àqueles que se sentem “em desarmonia”

com o seu meio, como aos que se sentem satisfeitos com ele.

Como um ser que progride e evolui, o homem está onde está para que possa

aprender que tem que crescer; e na medida em que consegue aprender a lição

espiritual que cada circunstância lhe oferece, esta passa e cede lugar a outras.

O homem é golpeado pelas circunstâncias enquanto acredita ser ele próprio

o produto de condições externas, mas quando compreende que representa uma

força criativa e que pode dominar o solo oculto e as sementes de seu ser dos

quais brotam as circunstâncias, torna-se o legítimo senhor de si próprio.

Que as circunstâncias nascem do pensamento é algo que todo homem que

tenha praticado durante algum tempo o autocontrole e a autopurificação sabe,

pois terá notado que a modificação de tudo o que lhe ocorre se operou na exata

proporção em que ele modificou seu estado mental. Isso é tão verdade que

quando nos aplicamos sinceramente a corrigir os defeitos de nosso caráter e

fazemos rápidos e marcantes progressos, em pouco tempo passamos por uma

série de vicissitudes.

A alma atrai aquilo que ela secretamente abriga; aquilo que ela ama e

também aquilo que teme; ela atinge o apogeu de suas mais caras aspirações e

desce ao nível de seus desejos impuros — e as circunstâncias são os meios pelos

quais a alma recebe o que lhe é devido.

Toda semente-pensamento que se semeie ou deixe cair e arraigar-se na

mente multiplica-se e, mais cedo ou mais tarde, dela brota o ato, trazendo os

frutos de oportunidade e circunstância próprios de sua espécie. Bons pensamentos

darão bons frutos, maus pensamentos, maus frutos.

O mundo exterior das circunstâncias molda-se ao mundo interior do

pensamento, e as condições externas, tanto as agradáveis quanto as

desagradáveis, são fatores que contribuem em seu resultado final para o bem do

indivíduo. Como ceifeiros de sua própria colheita, o homem aprende tanto pelo

sofrimento quanto pela felicidade.

Seguindo os mais secretos desejos, aspirações e pensamentos pelos quais se

deixa dominar, perseguindo o fogo-fátuo de fantasias impuras ou trilhando com

passos firmes a estrada do vigoroso e elevado esforço, o homem chega

finalmente a fruí-los e realizá-los nas condições exteriores de sua vida. As leis de

crescimento e adaptação prevalecem em toda parte.

Ninguém chega ao botequim ou à cadeia pela tirania do destino ou das

circunstâncias, mas através dos atalhos dos pensamentos sórdidos ou dos desejos

vis. Tampouco ninguém de mente limpa cai de repente no crime, pressionado por

qualquer força exterior; o pensamento criminoso há muito vinha sendo

secretamente alimentado no coração, e a hora da oportunidade revelou sua força

acumulada. Não são as circunstâncias que fazem o homem — elas o revelam a

si próprio. Ninguém mergulha no vício e nos sofrimentos que dele resultam sem

que haja antes inclinações más, como ninguém chega à virtude e à felicidade

pura que ela acarreta sem um constante cultivo de aspirações virtuosas; portanto,

o homem como amo e senhor de seus pensamentos é o edificador de si próprio, o

modelador e autor de tudo o que o cerca. Já ao nascer, a alma é o que ela é, e a

cada passo de sua peregrinação terrena vai atraindo conjuntos de condições que

a revelam, que são os reflexos de sua própria pureza e impureza, de sua força e

de suas fraquezas.

Os homens não atraem aquilo que eles querem, mas sim aquilo que eles são.

Seus caprichos, fantasias e ambições são distorcidos a cada passo, mas seus

pensamentos e desejos mais secretos nutrem-se de seu próprio alimento, quer

seja ele sujo ou limpo. A “divindade que forja nossos destinos” está em nós

mesmos; é o nosso próprio “eu”. O homem é manietado somente por si mesmo:

pensamento e ação são os carcereiros do Destino — se forem vis, aprisionam;

são também os anjos da Liberdade — se forem nobres, libertam. O que o

homem obtém não é aquilo que ele deseja e pede a Deus, mas o que por justiça

recebe. Seus desejos e preces só serão gratificados e atendidos se se

harmonizarem com seus pensamentos e atos.

À luz dessa verdade, qual será então o sentido de “lutar contra as

circunstâncias”? É que o homem está sempre se revoltando contra algum efeito

externo, ao mesmo tempo que sem cessar alimenta e preserva a causa em seu

coração. Essa causa pode assumir a forma de um vício consciente ou de uma

fraqueza inconsciente; mas seja ela o que for, retarda obstinadamente os

esforços do seu portador, e assim clama bem alto por um remédio. Os homens

vivem ansiosos por melhorar suas condições, mas não querem melhorar-se a si

mesmos; com isso, permanecem amarrados. O homem que não recua face à

autocrucifixão nunca deixará de realizar o objetivo a que seu coração visa. Isso é

tão verdade quanto às coisas da terra quanto às do céu. Até mesmo aquele cujo

único objetivo for adquirir riquezas deve estar preparado para fazer grandes

sacrifícios pessoais até que possa atingir a sua meta, quanto mais aquele que

almeja realizar uma vida forte e bem equilibrada.

Vejamos o exemplo de alguém que esteja na mais extrema pobreza. Anseia

ardentemente por melhoras no seu ambiente e no seu lar, mas está sempre

faltando ao trabalho, e acha justo tentar enganar o patrão sob o pretexto de que

não recebe um salário suficiente. Esse indivíduo não compreende os mais

simples rudimentos daqueles princípios que constituem a base da verdadeira

prosperidade, e não só se acha totalmente despreparado para emergir da sua

miséria como na realidade estará atraindo para si misérias ainda piores por

abrigar e traduzir em atos pensamentos indolentes, fraudulentos e covardes.

Imaginemos um homem rico que tenha sido vítima de uma enfermidade

dolorosa e renitente resultante de sua gula. Está disposto a pagar altas somas para

se ver livre dela, mas não quer sacrificar seus pendores glutônicos. Quer

satisfazer o seu gosto por iguarias requintadas e antinaturais e ao mesmo tempo

conservar a saúde. Esse sujeito está totalmente despreparado para ter saúde,

porque ainda não aprendeu os princípios básicos de uma vida saudável.

Temos agora um empregador de mão de obra que adota medidas

desonestas para evitar o pagamento de salários justos aos seus operários e, na

esperança de alcançar maiores lucros, reduz esses salários. Tal empresário está

também totalmente despreparado para a prosperidade, e quando se surpreender

falido, tanto no que diz respeito à reputação quanto aos seus bens, lançará a culpa

às circunstâncias sem saber que é o único responsável pelas condições em que se

encontra.

Citei esses três casos apenas como exemplos ilustrativos da verdade segundo

a qual o homem é o causador (embora quase sempre inconscientemente) das

circunstâncias que o cercam e de que, ao mesmo tempo que visa a um bom fim,

está continuamente frustrando a sua realização por encorajar pensamentos e

desejos que não podem de forma alguma harmonizar-se com esse fim. Tais

exemplos poderiam ser multiplicados e variados quase que ao infinito, mas isso

não é necessário, visto que o leitor, se assim o decidir, poderá acompanhar a

ação das leis do pensamento em sua própria mente e vida e enquanto isso não for

feito meros fatos externos não poderão servir de base para o raciocínio.

Todavia, as circunstâncias são tão complicadas, o pensamento tem raízes tão

profundas e as condições de felicidade variam tanto de indivíduo para indivíduo,

que não se pode julgar o estado de alma global de alguém (embora a própria

pessoa possa conhecê-lo) somente pelo aspecto externo de sua vida. Um homem

pode ser honesto em certos sentidos e, entretanto, passar privações; outro, pode

ser desonesto em certos sentidos e, mesmo assim, enriquecer; mas a conclusão

geralmente tirada de que fulano fracassou exatamente por causa de sua

honestidade e que sicrano prospera justamente porque é desonesto é o resultado

de um julgamento superficial de que o homem desonesto é quase que totalmente

corrupto e o honesto quase que totalmente virtuoso. À luz de um conhecimento

mais profundo e de uma experiência mais ampla, verifica-se que tal julgamento

está errado. O homem desonesto pode possuir algumas virtudes admiráveis que o

outro não possua; e o honesto poderá ter vícios odiosos que não existam no outro.

O homem honesto colhe os bons resultados de seus pensamentos e atos honestos,

mas também atrai para si os sofrimentos causados pelos seus vícios. O desonesto

colhe do mesmo modo seus próprios sofrimentos e felicidades.

Agrada à vaidade humana acreditar que a gente sofre em consequência de

nossas virtudes; mas enquanto o homem não tiver extirpado de sua mente todo

pensamento doentio, amargo e impuro e não tiver lavado em sua alma a última

nódoa do pecado, não terá condições de saber e declarar que seus sofrimentos

são o resultado de suas boas qualidades e não das más; e a caminho dessa

suprema perfeição, ainda que há muito a tenha alcançado, ele descobrirá,

operando em sua mente e em sua vida, a Grande Lei que é absolutamente justa

e, portanto, não poderá pagar o bem com o mal e o mal com o bem. De posse de

tal conhecimento, ele saberá, então, volvendo os olhos para sua passada

ignorância e cegueira, que sua vida é, e sempre foi, ordenada com justiça e que

todas as suas experiências passadas, boas e más, foram o produto equitativo de

seu próprio ser não evoluído mas em evolução.

Bons pensamentos e atos jamais produzirão maus resultados; maus

pensamentos e atos jamais produzirão bons resultados. Isso equivale a dizer que

do trigo só poderá nascer trigo e de urtigas só urtigas. Nós entendemos essa lei no

mundo natural e trabalhamos com ela; mas poucos são os que a entendem no

mundo mental e moral (embora sua ação nele seja igualmente simples e

inevitável), e portanto não cooperam com ela.

O sofrimento é sempre o efeito do pensamento errado em algum sentido. É

um indício de que o indivíduo está em desarmonia consigo mesmo, com a Lei do

seu ser. A exclusiva e suprema utilidade da dor é a de purificar, de queimar tudo

o que é inútil e impuro. Para aquele que é puro a dor deixa de existir. Não teria

sentido levar o ouro ao fogo depois que a ganga já foi eliminada, e um ser

perfeitamente puro e esclarecido não poderia sofrer.

As circunstâncias que o homem enfrenta no sofrimento são o resultado de

sua própria desarmonia mental. As circunstâncias que o homem enfrenta e

recebe com bem-aventurança são o resultado de sua própria harmonia mental. A

bem-aventurança, não os bens materiais, é a medida do pensamento reto; a

infelicidade, não a falta de bens materiais, é a medida do pensamento errado.

Um homem pode ser amaldiçoado e rico; pode ser abençoado e pobre. Bênçãos

e riquezas só se juntam quando as riquezas são justa e sabiamente usadas; e o

pobre só se torna miserável quando considera sua sorte como um fardo

injustamente imposto.

Indigência e vício são os dois extremos da infelicidade. Ambos são

igualmente antinaturais e o resultado de desordem mental. Homem algum atinge

um condicionamento adequado enquanto não se sente feliz, saudável e próspero;

e a felicidade, a saúde e a prosperidade são o resultado de um harmonioso

ajustamento do interior ao exterior, do homem ao seu meio.

O homem só começa a ser homem quando para de lamentar-se e de

proferir injúrias, e começa a buscar a justiça oculta que regula sua vida. E na

medida em que adapta sua mente a esse fator regulador, deixa de acusar os

outros de serem a causa de sua situação, e começa a edificar-se com

pensamentos fortes e nobres; para de espernear contra as circunstâncias e

começa a usá-las como ajudas para alcançar um progresso mais rápido e como

um meio de descobrir dentro de si próprio forças e possibilidades ocultas.

A Lei e não a confusão é o princípio dominante no universo; justiça e não

injustiça constitui a alma e substância da vida; honestidade e não corrupção é a

força modeladora e impulsionadora do governo espiritual do mundo. Assim

sendo, o homem tem apenas que endireitar a si próprio para endireitar o

universo; e durante o processo de endireitar-se, ele descobrirá que na medida em

que modifica seus pensamentos em relação às coisas e ao próximo, as coisas e o

próximo se modificam em relação a ele.

A prova dessa verdade está em toda pessoa e, portanto, poderá ser

facilmente investigada por meio de uma introspecção sistemática e da

autoanálise. Modifique alguém radicalmente seus pensamentos, e se assombrará

ante a rápida transformação que isso efetuará nas condições materiais de sua

vida. Imaginamos que o pensamento pode ser mantido em segredo, mas não

pode; ele se cristaliza rapidamente em hábitos e os hábitos se concretizam em

circunstâncias. Pensamentos animalescos cristalizam-se em hábitos de

embriaguez e sensualidade, os quais por sua vez se concretizam em

circunstâncias de miséria e doença: pensamentos impuros de qualquer tipo

cristalizam-se em hábitos enervantes e tumultuantes, os quais se concretizam em

circunstâncias confusas e adversas; pensamentos de medo, dúvida e indecisão

cristalizam-se em hábitos fracos, covardes e irresolutos, os quais se concretizam

em circunstâncias de fracasso, indigência e servil dependência; pensamentos

preguiçosos cristalizam-se em hábitos de falta de higiene e desonestidade, os

quais se concretizam em circunstâncias de sujeira e mendicância; pensamentos

de ódio e condenação cristalizam-se em hábitos de acusação e violência, os quais

se concretizam em circunstâncias de injúria e perseguição; pensamentos egoístas

de todos os tipos cristalizam-se em hábitos de egocentrismo que se concretizam

em circunstâncias mais ou menos infelicitantes. Por outro lado, bons

pensamentos de todos os tipos cristalizam-se em hábitos de gentileza e bondade,

os quais se concretizam em circunstâncias risonhas e luminosas; pensamentos

puros cristalizam-se em hábitos de temperança e de autocontrole, os quais se

concretizam em circunstâncias de repouso e de paz; pensamentos de coragem,

autoconfiança e decisão cristalizam-se em hábitos viris, os quais se concretizam

em circunstâncias de êxito, abundância e liberdade; pensamentos enérgicos

cristalizam-se em hábitos de limpeza e atividade, os quais se concretizam em

circunstâncias de satisfação; pensamentos amáveis e de perdão cristalizam-se

em hábitos de gentileza, que se concretizam em circunstâncias protetoras e

preservadoras; pensamentos de amor e de altruísmo cristalizam-se em hábitos de

disposição espontânea para perdoar, os quais se concretizam em circunstâncias

de segura e duradoura prosperidade e verdadeira riqueza.

A persistência em determinada linha de pensamento, seja ela boa ou má,

não pode deixar de produzir seus efeitos sobre o caráter e as circunstâncias.

Ninguém pode escolher diretamente as circunstâncias de sua vida, mas podemos

escolher nossos pensamentos, e assim, indireta porém seguramente, moldar

nossa situação.

A natureza ajuda todo homem na gratificação dos pensamentos que ele

mais estimula, e apresentam-se oportunidades que trazem mais rapidamente à

tona tanto os maus como os bons pensamentos.

Ponha um homem paradeiro a seus pensamentos pecaminosos e o mundo

todo se abrandará em torno dele, mostrando-se pronto para ajudá-lo; afaste ele

seus pensamentos fracos e doentios e — maravilha! — de todos os lados surgirão

oportunidades para ajudar suas enérgicas resoluções; que ele encoraje seus bons

pensamentos, e nenhum mau destino o amarrará à miséria e à vergonha. O

mundo é o seu caleidoscópio, e as múltiplas combinações de cores que a cada

minuto sucessivo se apresenta a você são as imagens estranhamente adaptadas

de seus pensamentos em permanente mutação.

“Tu serás aquilo que desejares ser;

Deixa que o fracasso descubra o seu falso conteúdo

Nas ‘circunstâncias’desse pobre mundo.

O espírito, porém, o despreza e é livre.

“Ele domina o tempo e conquista o espaço;

Ele intimida o Acaso, esse presumido embusteiro,

E ordena à tirana Circunstância

Que troque a coroa pelo posto de escrava.

“A humana Vontade, essa invisível força

Nascida de uma alma imortal

Pode abrir caminhos para qualquer meta

Embora muros de granito se lhe anteponham.

“Não te impaciente a longa espera,

Suporta-a como alguém que compreende;

Quando o espírito se ergue e assume o comando,

Os deuses estão prontos para obedecer.”

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