O vizinho do Abel

Há tempos que não surgia um personagem tão rodriguiano quanto o vizinho chato do treinador português Abel Ferreira.

A história surgiu no Mineirão. O Palmeiras se classificou para a final da Libertadores e o treinado desabafou se dirigindo a uma da câmeras da transmissão. Na entrevista coletiva, Abel explicou que o gesto foi direcionado para o seu vizinho que era muito chato e que agora tinha sido calado.

Claro que a imprensa de São Paulo correu o quanto pôde para tentar uma exclusiva com o tal vizinho, porém se sucesso. Consta que o sindico do condomínio onde Abel reside se colocou à disposição para ajudar, porém o que se apurou é que o tal vizinho não existe.

Abel teria utilizado a figura do vizinho chato como uma metáfora para se dirigir à parte da imprensa e da torcida do Palmeiras que o criticaram durante os últimos meses à frente do clube.

Ou seja, em pouco tempo descobriu-se que uma das melhores histórias que surgiram na crônica esportiva nos últimos anos era uma fanfic. E mais, descobriu-se que o vizinho, um provável aparentado do Sobrenatural de Almeida, sequer existia.

Vamos lembrar que o Sobrenatural de Almeida era um personagem de Nelson Rodrigues que sempre aparecia nos momentos decisivos para prejudicar o Fluminense, time do coração de Nelson.

Portanto, o vizinho de Abel Ferreira, existindo ou não, é o meu personagem da semana.

Se esquecermos um pouco o personagem e focarmos apenas no desabafo do treinador, podemos concluir que Abel já considera a conquista realizada novamente.

E o Abel não deixa de ter razão, o Palmeiras é o atual campeão, é o time a ser batido e é o grande favorito dessa decisão contra o Flamengo.

No dia 27 de novembro de 2021, com ou sem vizinho, veremos o desfecho que, de qualquer maneira, está escrito há 5 mil anos.