O cancelamento da semana: assista o vídeo que provocou a demissão de publicitários
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O cancelamento da semana: assista o vídeo que provocou a demissão de publicitários

A agência Wieden+Kennedy SP demitiu três publicitários depois da crise envolvendo um dos vídeos da agência. O vídeo, publicado no Twitter pelo Clube de Criação de São Paulo, mostra cenas de crise - a escravidão, a Segunda Guerra Mundial - e i...

Leandro Narloch09/15/2021
4 min
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A agência Wieden+Kennedy SP demitiu três publicitários depois da crise envolvendo um dos vídeos da agência. O vídeo, publicado no Twitter pelo Clube de Criação de São Paulo, mostra cenas de crise - a escravidão, a Inquisição, a Segunda Guerra Mundial, a ditadura militar no Brasil - e inovações que surgiram desses momentos tristes da história. (Assinantes da newsletter podem assistir o vídeo e fazer sua própria avaliação).

Histéricos de plantão não perderam a oportunidade para exibicionismo moral e acusaram a agência de racismo e falta de sensibilidade. O Clube de Criação logo cedeu à pressão, considerou que o vídeo tinha "mensagens impróprias" e pediu desculpas: 

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O vídeo é bom? Não. A ideia é fraca, a execução não ajuda, a ligação entre os eventos não se sustenta. Mas é preciso muita paranoia para enxergar intolerância ou preconceito nas imagens. Obviamente o vídeo não considera escravidão ou a Segunda Guerra coisas boas - só afirma muita gente aproveita para ser inovador e criativo em momentos lamentáveis. 

Apesar disso, retirar a peça do ar não foi suficiente; a agência decidiu demitir os diretores da agência no Brasil

Mais um exemplo de respostas apressadas e exageradas das empresas diante da patrulha histérica do Twitter. 


Google lança curso dizendo que os EUA são um "sistema de supremacia branca"

Documentos obtidos por Christopher Rufo, colunista do City Journal, revelam que o Google lançou uma série de iniciativas “antirracismo” para reeducar seus funcionários. O material distribuído aos funcionários afirma que os EUA são um “sistema de opressão” e que todos os americanos são “criados para serem racistas”. Um dos vídeos traz Kamau Bobb conversando com Nikole Hanna-Jones, criadora do Projeto 1619, uma tentativa de ligar a fundação dos EUA com o início da escravidão no país, e não com a independência em 1776. Bobb era o chefe global de estratégias para diversidade do Google, mas foi transferido para outro cargo após escrever em seu blog que os judeus têm “um apetite insaciável para a guerra e a morte”.


“Minha universidade sacrificou as ideias pela ideologia. Então eu saí”

Este é o título da carta de demissão escrita por Peter Boghossian, professor de filosofia na Universidade Estadual de Portland nos últimos dez anos. Ele lecionava matérias como Filosofia da Educação, Ciência e Pseudociência.

Na carta endereçada à reitora, Susan Jeffords, Boghossian conta que costumava chamar para suas aulas terraplanistas, céticos das mudanças climáticas e integrantes do movimento Ocuppy Wall Street. “Não por concordar com eles, mas justamente por não concordar. A partir dessas conversas difíceis, eu vi o melhor que nossos alunos podem alcançar: questionar crenças enquanto respeitam quem acredita nelas; manter a calma em circunstâncias desafiadoras; e às vezes até mudar de ideia.”

O objetivo, afirma Boghossian, era “ajudá-los a obter as ferramentas para encontrar suas próprias conclusões. É por isso que me tornei professor e por isso adoro ensinar.”

Mas, prossegue Peter, a universidade, aos poucos, “tornou impossível fazer esse tipo de exploração intelectual” e “transformou um bastião da livre investigação em uma fábrica de Justiça Social” focada apenas em discutir raça, gênero e vitimização, resultando apenas em queixas e divisão.” D

e acordo com Boghossian, quem questionava as novas regras sobre diversidade implantadas da universidade era acusado de “microagressão”. Recomendar a obra de filósofos brancos e europeus (gente como Platão, Sócrates, Nietzsche e Kant, por exemplo) rendia acusações de “intolerância”.

A história completa — que envolve represálias e até um boato falso criado para difamar Boghossian — está no blog da Bari Weiss, ex-editora da página de opinião do NYT.


Anne Applebaum e o novo puritanismo

Uma das melhores reportagens que li nos últimos meses foi a "Os Novos Puritanos", publicada semana passada pela jornalista Anne Applebaum, autora de livros importantíssimos sobre ditaduras totalitárias como “Fome Vermelha - A Guerra de Stalin na Ucrânia”

Na reportagem, publicada na Atlantic, ela identifica a mais nova ameaça à liberdade: as multidões de justiceiros sociais prontos para julgar quem comete o mínimo deslize. “Bem aqui nos EUA, agora mesmo, é possível encontrar pessoas que perderam tudo — empregos, dinheiro, amigos, colegas — mesmo sem violar nenhuma lei e, às vezes, nenhuma regra no local de trabalho. Em vez disso, eles quebraram (ou são acusados de ter violado) códigos sociais relacionados a raça, sexo, comportamento pessoal ou mesmo humor aceitável, que nem existiam cinco anos ou talvez cinco meses atrás”, afirma Applebaum.

Vencedora do Pulitzer, Applebaum acredita que essa justiça feita com as próprias mãos na internet prejudica o ambiente democrático. E vê paralelo com as ditaduras comunistas do Leste Europeu:

“Há uma década, escrevi um livro sobre a sovietização da Europa Central na década de 1940 e descobri que muito do conformismo político do início do período comunista não era resultado de violência ou coerção direta do Estado, mas sim de intensa pressão dos pares. Mesmo sem um risco claro para suas vidas, as pessoas se sentiram obrigadas - não apenas por causa de sua carreira, mas por seus filhos, seus amigos, seu cônjuge - a repetir slogans em que não acreditavam, ou realizar atos de reverência pública a um partido político que desprezavam em privado.”Anne Applebaum

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