2021 no retrovisor

#0036: Faltando poucos dias para acabar o ano um balanço rápido do que aconteceu mostra a resiliência do ser humano, mas também como o mundo anda mais rápido do que as pessoas estão conseguindo acompanhar.

Hit the road Jack (1/7)

As dificuldades da vida são inerentes ao próprio fato de estar vivo, coisas negativas aconteceram? Claro, mas nem por isso quero focar muito nisso, o que passou é aprendizado e vida que segue, vamos focar nas coisas boas e tentar levar uma energia bacana para 2022.

Olhando para trás penso que 2021 é um ano no qual muita coisa foi plantada para ser colhida no futuro. Há muita, mas muita coisa nova em tech e novos conceitos que se não fosse essa Newsletter para mim metade do que aprendi não teria aprendido.

Diria que este é um exercício terapêutico o que a AEC Experience me proporciona uma vez por semana, até pela cadência que quero dar a este espaço me coloco em uma situação de sempre parar por uma, duas ou três horas em uma terça ou quarta para estudar um tema e ir construindo um raciocínio que faça sentido para inovar no mercado AEC.

Mercado AEC este bem resistente a mudança, mas que está sendo forçado e se condicionando a pensar diferente pelos novos entrantes no mercado e sucesso de algumas operações de industrialização. 2022 promete.

Com base até no histórico dos 35 textos disponibilizados em 2021, vou tentar fazer uma retrospectiva rápida sobre o que podemos tirar de aprendizado deste ano para tentar melhorar em 2022.

Afinal, só existe o erro se nós não aprendermos com ele.

A queda da Katerra (2/7)

“Como visão e ideia a coisa era muito legal, a grande questão foi a execução, afinal, refundar a indústria da construção do zero, mesmo com um cheque de U$ 2 bilhões do Softbank pensando em um addressable market de U$ 10 trilhões não é algo fácil..”

..e não foi, a Katerra decretou falência e mostrou que tentar replicar modelos escaláveis de outras indústrias no mundo da construção civil é mais complicado do que parece, você pode ter um dinheiro quase infinito, mas a complexidade e fragmentação vão se fazer presentes, além claro, de uma mudança de cultura muito complicada de ser feita.

Hoje, depois de um 2021 em que tive grandes oportunidades de vivenciar e ajudar em processos de industrialização da construção de algumas construtechs, creio que os modelos brasileiros possuem uma tese muito sólida para conseguir grandes resultados no futuro.

O mais legal disso é que a coisa vem acontecendo sem o alarde da Katerra, quando você vê a coisa já aconteceu. O modelo tradicional, até de tecnologia, está mudando sua matriz para soluções mais simples e eficazes no custo benefício, próximo ano tem tudo para construirmos muitos mais cases do que tivemos esse ano, só aguardar.

Para relembrar o que aconteceu basta ler o texto de julho.

Apple no Metaverso (3/7)

“Hoje o Quest precisa de celulares para rodar seus games e apps, mas talvez os celulares é que terão que evoluir para se tornarem algo com o que o Oculus Quest 2 entrega hoje em termos de experiência para não estarem fadados a serem itens de museu nos próximos anos, afinal, o Metaverso esta a um Quest de distância, e não a um iPhone ou SXX da vida mesmo que esses hoje sejam bons intermediários. A tela de iPhone, iPads e afins estará com os dias contados com o Metaverso vingando? Teremos um iGlasses? Um iQualquer? As coisas vão mudar.”

As vezes você não precisa ser um Nostradamus pra identificar o que vai acontecer, era meio que óbvio que mais dia ou menos dia a Apple ia se mexer e são cada vez mais fortes os indícios de que um iGlasses vem por aí.

1000 engenheiros trabalhando em um óculos de 1000 dólares com estimativa de vender entre 2,5 e 3,5 milhões de unidades em 2023. Se a Apple fizer mesmo este movimento pode esperar que as ações da Meta Inc. vão subir na di, acho que isto em conjunto com o desenvolvimento de interfaces naturais é que podem fazer o Metaverso vingar.

Impressionante o número de possibilidades que se abriram a partir do momento que finalmente consegui ter um entendimento mais de escovação de bits do schema do que somente configurar informações para o processo de importar exportar.

Fora isso todo mundo que está anunciando e comprando terreno em Metaversos podem ter uma ingrata surpresa, afinal, se a galera está entrando em jogos esperando recompensa e não porque é algo interessante há algo de muito errado no modelo de negócio, vai dar ruim.. cuidem-se.

Para saber mais sobre o assunto volte 2 meses e leia estes dois: aqui e aqui.

Open Mind (4/7)

“Bom, no Notepad basicamente o que você precisa é de um cabeçalho e declarar o seu projeto, algumas soluções nem colocam o IfcProject de cara, fazem uma série de declarações primeiro para tentar deixar o código mais organizado e isso no desenvolvimento das coisas você vai aprendendo que faz bastante sentido, com toda a certeza já seria uma melhor prática de programação.”

Talvez o melhor investimento que tenha feito esse ano foi o de fazer o curso de IFC do Carlos Dias e desta forma conseguir ajudar muito mais os clientes da empresa do que estava fazendo até aquele momento.

Impressionante o numero de possibilidades que se abriram a partir do momento que finalmente consegui ter um entendimento mais de escovação de bits do schema do que somente configurar informações para o processo de importar exportar.

O mais legal do processo é que a partir do momento em que você tem esse entendimento, você consegue fazer BIM até com notepad. É para todo mundo: Sim, mas obviamente vem com um preço de estudo e esforço.

Tenho mais algumas coisas para publicar sobre IFC que deixarei para o próximo ano, mas para relembrar o mês do Open na newsletter só puxar a fila dos textos a seguir: parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4.

DeCon (5/7)

“Se a indústria AEC é fragmentada e isto vem a ser uma das raízes das dificuldades de produtividade, por que não utilizar essa fragmentação para solucionar problemas? Blockchain e Smart Contracts pode ser uma saída?”

A maior viagem de 2021 com certeza foi pensar na DeCon e como poderia botar algo deste tipo de pé. Via ETH já vi que não tem muito o que fazer em termos de custos, mas talvez via Solana a coisa fique mais fácil, a saber e estudar sobre o assunto.

O fato de conseguir publicar informação em uma rede descentralizada e conseguir registrar essas informações em modelos inteligentes fora dos softwares de modelagem é algo que me anima muito.

Geralmente blockchain esta muito associado a criptomoedas e transações simples, mas mesmo que a ideia principal não seja construir uma rede de informações de consulta & escrita, é legal imaginar que tipos de protocolos podem ser gerados neste sentido.

2022 acho que vai ser um ano muito bom para falar e aprender mais sobre o assunto. Chegou agora e não faz a menor ideia do que é estamos falando? veja este texto.

UX (6/7)

“Os engenheiros de software que trabalham com interface provavelmente recorrem ao lamentável padrão Leia o Manual. Para Design Thinkers, no entanto, os comportamentos nunca são certos ou errados, mas são sempre significativos.”

O mercado, ainda com um certo salto alto, ainda não percebeu que esta pagando uma conta que deveria fazer parte do seu boleto de contas a pagar.

Nesse exercício semanal de parar e refletir por algumas horas sobre o que pode ser a evolução do mercado AEC eu tenho a firme convicção de que não é mais aceitável, dentro de um mercado e condições brasileiras, de fazer investimentos astronômicos em tecnologia esperando um resultado que nunca ou que dificilmente irá retornar.

O Brasil infelizmente esta passando por um processo de elitização de tecnologia, com o dólar nas alturas não é só investimentos em software que estão sendo dificultados, investimentos em hardware estão ficando proibitivos.

Um iPad com um iPencil nos EUA saí coisa de 1.1 dólares enquanto no Brasil depois dos impostos bate 3.3K. Um laserscan de 15k dólares sai perto de 200k. A indústria AEC brasileira dificilmente vai ver coisas como o modelo XR10 com Hololens ou um aluguel do Spot para os canteiros de obras tupiniquins.

Pense nessas coisas a próxima vez que for investir em tecnologia, relembre o contexto aqui.

Aprendizados (7/7)

Foi um ano desafiador com dois pontos muito baixos e muitos pontos altos, ter lido sobre estoicismo ajudou bastante a superar algumas coisas, principalmente quando seu pai parte para o outro mundo da maneira como ocorreu.

O véio faz bastante falta, mas tenho a certeza de que onde quer que ele esteja esta feliz e comendo seu pastel aos domingos e talvez não tão puto com o Palmeiras agora (mas no passado, vixe..).

O meu 2021 é dele, espero que todos estejam bem e se mantenham bem com suas famílias, cuidem-se neste final de ano e vamos começar a pensar 2022 e o que pode ser na indústria AEC.

Boa celebração de solstício de inverno para todos,

Obrigado,

Abs.

Tiago Ricotta

Publicado em 23 de Dezembro de 2021 às 14:20