O Brasil é um país que não se explica.
O Brasil é um país que não se explica. | ||
Não há sujeito no mundo capaz de elucidar a um forasteiro o que se passa por nossas terras. | ||
Eis que estamos em Abril. Mês de carnaval. E a nossa Corte Suprema segue sua cruzada contra as ameaças antidemocráticas que arrebatam a nação. | ||
Nossas Excelências, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, travam uma árdua batalha contra o inimigo número 1 dos interesses nacionais: Daniel Silveira. | ||
Sim, o deputado federal. Figura tacanha, boçal. Capaz dos mais absurdos impropérios aos quais não se dignaria nenhum homem com verdadeiro espírito público. | ||
Bom, é necessário também dizer, nem o mais medroso cidadão se sentiria em risco por ver um homem de toga chafurdado por um irremediável fanfarrão. | ||
Mas estamos a falar de nossa Corte Maior, nossos Ministros Supremos, gente da mais alta estirpe; contra os quais não deve haver qualquer ataque verbal. | ||
Vá lá que nossos Presidentes sejam bêbados, bandidos ou vampiros, satanistas, ou racistas, genocidas. Mas não nossos incólumes Ministros… | ||
Quem quer que os ofenda deve ser preso. Nem que seja uma pequena pena de mais de 8 anos. Meramente exemplar. | ||
Primeiros foliões à rua e Daniel Silveira condenado. À luz de uma lei ditatorial que visa impedir os golpes à democracia vigente. Sublime. | ||
Caso não tenha reparado, caro leitor, é Abril. Estamos no Carnaval brasileiro. | ||
O desfile segue adentrando ao seu segundo dia. E o Presidente da República decreta o perdão à Daniel Silveira, o homem que foi condenado por suas vítimas e poupado por seu aliado. | ||
Victor Hugo foi célebre ao escrever “O Último Dia de um Condenado”, disso não há dúvidas. Mas que diria ele do nosso enredo “O Primeiro Dia do Condenado ao Perdão”? | ||
Uma trama envolvente que despendeu tempo, dinheiro, argumentos, relatórios, réplicas, tréplicas, cobertura midiática, carnaval, condenações, perdões, o tudo… para nada. | ||
Os hermanos dizem que “todo carnaval tem seu fim”. Devem entender mais de suas terras argentinas do que dessas bandas. ‘Do ladê cá’, todo carnaval tem seu mês. O de abril começa na mentira e, não, não tem hora pra acabar… | ||
|