O Dilema das Ovelhas nas Redes
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O Dilema das Ovelhas nas Redes

Victor Maia
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Alguns finais de semana atrás resolvi assistir ao documentário "The Social Dilemma" ou em português, "O Dilema das Redes"  no Netflix.

Você realmente se enxerga como apenas uma ovelha a ser ordenhada pelas redes?!
Você realmente se enxerga como apenas uma ovelha a ser ordenhada pelas redes?!

Vou compartilhar minhas impressões sobre o assunto e já posso adiantar uma coisa, se você deu uma leve surtada com o que o documentário - se é que pode ser chamado assim - expôs, você foi manipulado.

Explico, mas antes preciso trazer um pouco de contexto.

Confesso, lutei durante algum tempo para assisti-lo e não estava nem um pouco empolgado com o conteúdo do filme. Já tinha lido e ouvido muitas críticas, mas como um ser racional e profissional de marketing, resolvi assistir e construir minha própria visão sobre o material.

O filme em si é tendencioso e cumpre um papel político claro defendendo uma agenda progressista, socialista e coletivista.

No entanto, precisamos ir além nessa análise, afinal já falei aqui diversas sobre a importância de se construir uma massa crítica sobre o que ocorre ao nosso redor e não aceitar de "peito aberto" qualquer baboseira que lançam em nossa direção.

Primeiro ponto que me chamou atenção: faz quantos anos que estamos expostos às redes sociais e seus reflexos, sejam eles positivos e negativos? Se considerarmos desde o surgimento de ferramentas como Orkut e My Space, podemos colocar aí ao menos duas décadas de existência.

Então por que apenas agora estão preocupados com os "reflexos negativos" das mesmas? Pois só agora foram entender que essas empresas são também um negócio e precisam atender expectativas de diversos stakeholders?

O fato é que, nessa construção de visão ingenua o entendimento das redes sociais como negócios ficou "submerso" e com tantas melhorias que essas mesmas empresas trouxeram, muitas pessoas ficaram inebriadas com os efeitos positivos.

Mas seria esse o problema? Acredito que não.

O problema em si - na minha humilde opinião - é a visão ingenua do mundo, afinal toda empresa que se preze precisa gerar receita, precisa satisfazer os seus stakeholders - sejam eles quais forem como clientes e investidores - coisas que nas redes sociais possuem diversos.

Você é uma ovelha prestes a ser ordenhada

O problema, ao meu ver, sobre o filme é que ele traça uma régua - raza, diga-se de passagem - de que todos nós no mundo digital somos ovelhas prestes a serem ordenhadas pelo volume de informações que estão disponibilizadas no mundo.

O mundo nunca teve um volume de produção de informação tão alto. Fonte: https://www.ok.org.br/noticia/o-que-faremos-com-os-40-trilhoes-de-gigabytes-de-dados-disponiveis-em-2020/
O mundo nunca teve um volume de produção de informação tão alto. Fonte: https://www.ok.org.br/noticia/o-que-faremos-com-os-40-trilhoes-de-gigabytes-de-dados-disponiveis-em-2020/

Você realmente acha que toda essa informação que é produzida é de fato relevante?

Eu acho que não.

Agora, você acha que elas não sendo relevantes serão capazes de "manipular" alguém?! Continuo achando que não.

No entanto, o que o filme demonstra é que há um sistema perverso - representado pelos algoritmos - para te prender no uso da rede, que possui um objetivo de te manipular; ou até mesmo que (no ápice do absurdo) as empresas contratam profissionais de design, psicologia e marketing para gerar maneiras de te manter no loop por mais tempo.

Minha nossa, que absurdo!

Essa empresa criou uma solução que conecta qualquer pessoa do planeta, ou facilita o acesso a informação ou ainda que reduz o seu custo seja em tempo ou dinheiro para encontrar novos colegas de negócio; sem te cobrar nada, e agora ela é uma vilã por priorizar o seus economics?!

Pare o mundo que quero descer...

Essa é a verdade!

Lembre-se sempre, se você está usando e não te custa nada; você é o produto.

Ah, mas o anúncios nas redes sociais é um absurdo

Se você é do time do mimimi que acha que as ferramentas de mídia paga nas redes sociais são um absurdo; como o movimento anti-truste que está rolando nos EUA nas últimas semanas, você é um grande bobalhão.

"Ah, mas o Google Ads gerou uma máquina que transformou o Google em um monopólio de anúncios na internet e só ampliou o poder do gigante das buscas sobre o mundo."

Epa, peraí...

Antes do Google criar o Google Adwords e o Google Adsense, quantas outras empresas exploravam - com ou sem sucesso - o modelo de anuncios online? Pois é, nem os tradicionais veículos de mídia que já possuiam expertise conseguiram dar certo.

Além disso, não existe apenas o Google Ads como plataforma de anúncios na internet. Hoje vemos diversos outros players como Bing Ads, Facebook Ads, LinkedIn, Pinterest Ads, Quora Ads e por aí vai.

O que dita se esses caras são boas plataformas ou não de ads, não é a plataforma de ads (apenas). Mas sim o tamanho de sua base de usuários, a qualidade desses usuários; ou seja, o quanto de atenção das pessoas essa plataforma efetivamente tem.

O famoso share of attention.

Enfim, long story short, é muita pretenção querer taxar de problemática empresas que produzem coisas que melhoram a vida dos seres humanos pelo simples fato de seu oponente filosófico e político ter conseguido utiliza-la com mais inteligência do que você. Oras, com mais inteligência até mesmo de quem a criou.

Não seja um mau perdedor, aceite a derrota!

Disclaimer final

Não se deixe levar pela minha opinião e visão sobre o assunto, afinal, ela é minha! Levei alguns bons anos lendo e estudando, desenvolvendo massa crítica para chegar a essa visão de mundo para julgar o filme como uma peça panfletária de esquerda.

Recomendo você assistir, sempre com olhar crítico e construir as suas conclusões sobre o tema.

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Nos vemos na próxima!

V.