O papel da tensão na construção de uma história
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O papel da tensão na construção de uma história

Marcelo Andrighetti
3 min
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Para que os princípios da construção narrativa façam sentido durante a criação de uma história, existe um elemento muito importante: a tensão.

Além de explicar como utilizar este recurso, também quero lhe indicar duas referências que vão lhe ajudar MUITO na hora de criar.

Cena de Táxi Driver, de Martin Scorsese
Cena de Táxi Driver, de Martin Scorsese

Tensão, de acordo com o dicionário Oxford, significa: "estado do que ameaça romper-se". Ou seja, uma sensação permanente de que algo vai rasgar, quebrar, arrebentar.

Essa explicação é muito interessante se levarmos em conta que uma boa história é:

a jornada de um protagonista em busca de um desejo maior combatido por uma força contrária.

A imagem que isso gera? Um cabo de guerra. De um lado o desejo a puxar a corda. De outro o conflito a colocar mais e mais força. Quem irá vencer?

Embora a palavra tensão tenha maior aparência em histórias de suspense e mistério, ela é também uma necessidade na comédia, na sátira e em outros gêneros. Veja bem, eu disse: ne-ces-si-da-de. É obrigatório, não opcional.

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Em outras palavras (lembre-se disso): não existe história sem tensão. Podemos verificar esse ensinamento em qualquer formato, do documentário ao desenho infantil. Se você assistir Peppa Pig, Tom & Jerry, Ben 10 ou PJ Masks vai perceber.

Existe tensão nas cenas de Friends, Two and a Half Men, The Office, A Grande Família, RuPaul ou Big Brother. Mesmo em programas de entrevistas existe tensão. É porque tensão está na vida, no cotidiano.

Histórias são metáforas da vida!

Na semana passada vi um filme recheado de tensão e silêncio. Sãs duas palavras muito importantes pra quem quer construir boas narrativas. O silêncio permite que você PERCEBA a tensão. A tensão permite que você fique VIDRADO na história até o final.

Eu não conhecia o filme.

Estava vagando pelo App da HBO e vi Nicole Kidman e Colin Farrell. Uma obra que nunca tinha ouvido falar. Parecia que destoava da carreira daqueles atores. Sinceramente, não me interessei. Pelo menos achei que não. Depois de perder uns 20 minutos em busca de um filme que julgava bom pela capa, retornei e dei play: O Sacrifício do Cervo Sagrado.

O Sacrifício do Cervo Sagrado, do diretor grego Yorgos Lanthimos
O Sacrifício do Cervo Sagrado, do diretor grego Yorgos Lanthimos

Não quero me ater à história em si, nem mesmo ao que ela transmite. Sobre isso, eu diria que este é um roteiro muito bem escrito, com uma verticalidade bastante poderosa. Há muitas nuances, pistas e elementos que ajudam a construir o longa como uma espécie de quebra-cabeça: um pedacinho por vez e as respostas vão aparecendo.

Este filme traz consigo uma bela aula quando o assunto é TENSÃO. Indico que você assista percebendo como isso é construído além da imagem. Saliento isso porque você poderia dizer:

– Ah, mas esse filme aumenta a tensão ao longo da trama por conta da trilha, da montagem, da atuação...

Sim, são pontos importantes. Mas muito além disso, essa "inquietude", cena a cena, traz consigo um aprendizado sobre a condução de um enredo ao longo do arco dramatúrgico.

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Depois de assistir ao filme e analisar a tensão, me conta o que achou? Mas antes, perceba como isso funciona muito bem até nas histórias (que parecem) mais simples:

Conta comigo.

Marcelo A.