POR PROBLEMAS COM DISTRIBUIDORA , FA PERDE O DIREITO DE ASSISTIR SEU DESENHO FAVORITO CRIADOR RESPONDE : " Pirateiem minha obra ! "
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POR PROBLEMAS COM DISTRIBUIDORA , FA PERDE O DIREITO DE ASSISTIR SEU DESENHO FAVORITO CRIADOR RESPONDE : " Pirateiem minha obra ! "

Nas últimas semanas , após o cancelamento da série "Batgirl" que estava em processo de finalização , e da próxima animação de Scooby Doo , pelo serviço de streaming HBO MAX , subsidiada da Warner Bros rumores surgiram de que o serviço de stre...

Junior Medeiros
27 min
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Nas últimas semanas , após o cancelamento da série "Batgirl" que estava em processo de finalização , e da próxima animação de Scooby Doo , pelo serviço de streaming HBO MAX , subsidiada da Warner Bros rumores surgiram de que o serviço de streaming ia acabar , ou ser substituído. 

Nenhum pronunciamento foi feito pelos responsáveis em relação ao rumor que tanto se espalhou , mas ironicamente , dias depois dos comentários , conteúdos começaram a sumir do catálogo do serviço durante as madrugadas ( sem aviso prévio ) e o serviço , que começou com R $ 10,00 ao mês, subiu para R $ 19,00 , e anunciou , no mesmo intervalo dos cancelamentos , um plano multitelas, de

R$ 27,90, e mais uma alteração de preço está prevista... Isso faz três semanas...

Desde então , a Warner retirou do Hbo Max, sem aviso, 36 séries e animações; mas na penúltima quinta feira, (18/08) cinco animações aclamadas foram tiradas do serviço. A mais aclamada, e também a que mais foi complicada no ano passado, Infinity Train.

Infinity Train é uma animação serelizada de quatro temporadas , com dez episódios cada, apesar da classificação indicativa livre, a animação aborda temas bem maduros, como: divórcio, filhos, evolução pessoal, distorção da realidade após traumas, minorias sem lugar, e até mesmo temas políticos, como eugenia e ideologias neo-nazistas, tudo dentro da mitologia de pontuação e mistério do trem.

O piloto foi publicado na internet em 2016, e a primeira temporada estreeou no Cartoon Network em 2019. Em 2021, a animação se tornou um HBO Original, e nesse mesmo ano a série foi descontinuada após a terceira, depois re-continuada depois cancelada outra vez, terminando na quarta temporada. Quando a animação foi para o serviço de streaming, também sofreu censura em cenas de todas as temporadas. Atualmente, a animação foi removida do catálogo do HBO Max, todos os vídeos postados no canal oficial do Cartoon Network foram removidos, Os DVD’S não estão mais disponíveis para compra, e até mesmo a trilha sonora original do desenho foi removida das plataformas de streaming de música. Tornando a única forma possível de assistir ao conteúdo, através da formas ilegais. 

DEPOIS DE TODO ESSE CONTEXTO... A retirada do desenho foi a gota que transbordou no copo d'água e deu uma reabertura ao debate sobre pirataria, nas redes sociais. 

Internautas fãs da obra definiram as medidas da Warner como, “Uma tentativa de apagar o desenho da existência” e as comunidades de Infinity Train atualmente trabalham duro para piratear a obra por links do Google Drive, e grupos no Telegram, que são constantemente caçados.

Daniel Ferreira, um grande fã da animação concorda com as alegações que ecoam a internet toda, e apesar de, em suas palavras, “estar meio abalado” concordou em dar entrevista.

“Primeiramente, Vai ***** ** ** David Zaslav!” -  David Zaslav é o executivo, e CEO da Warner Bros, os cancelamentos e a limpa de conteúdos do serviço são justamente atribuídas como decisões suas.

“Em segundo lugar, a pirataria é uma benção, é sempre bela e moral, e nesse caso, é a única forma de assistir o meu desenho favorito.”

Ao perguntar quando e como ficou sabendo da notícia, Daniel respondeu:

“Eu descobri no domingo, três dias depois que já tinha sido tirado. Vi um amigo meu que era fã do desenho postando a trilha sonora da série. Achei estranho, pois tinha um tom meio triste no seu texto... então quando fui pesquisar, acabou com o meu fim de semana”

Pelo tom de surpresa que tinha na sua descoberta sobre a notícia, perguntei se ele sabia do histórico polêmico repleto de censuras e cancelamentos que o desenho passou pelo ano passado, e perguntei se ele sabia dos problemas que a Warner e a HBO estavam tendo há três semanas. Me parecia estranho o fato de um fã tão ferrenho do desenho não ter previsto algo com tantos indícios.

“Eu conheci o desenho esse ano, não estava por dentro quando aconteceu o lance das censuras, e dos perrengues que o desenho já passara.

Mas para ser sincero, já sabia que o HBO Max estava passando por poucas e boas, mas me neguei a acreditar que Infinity Train também sairia. Eu devia ter baixado o conteúdo antes... Aquele desenho mudou a minha vida, e mudou até meu  jeito de falar”

Daniel diz ser muito fácil de encontrar o desenho disponível na internet,  “A gente é o melhor produtor e maior consumidor de pirataria do mundo!” mas seu lamento está relacionado aos idiomas disponíveis. Atualmente, não há a terceira e quarta temporada dublada, e a maioria dos sites paralelos distribuem apenas a versão legendada em português.

De fato, o Brasil já foi o maior consumidor de pirataria do mundo. Em 2020, um estudo da líder em segurança digital, Kudelski Group, ranqueou o Brasil como o país com o maior consumo de pirataria online no mundo, e que sozinho, supera continentes. No ano seguinte, esse número desceu, mas ainda se manteve no top5, com 4.5 Bilhões de streams e downloads ilegais de janeiro à setembro de 2021; esse levantamento foi feita por outra companhia, a empresa de cybersegurança Akamai, em pareceria com a MUSO. Mas ainda é importante ressaltar que três dos quatro países à frente do Brasil possuem mais habitantes em número ( Estados Unidos, China e Índia) e que desses países, a China vive uma ditadura socialista, e a Rússia, apesar de ser considerada um semipresidencialismo, possuem diversas leis de estado que são rígidas quanto à meios de comunicação estrangeiros e conteúdos considerados “impróprios”

Owen Dennis, o criador da animação se pronunciou em suas redes, e de certa forma, incentivou os fãs da sua obra a piratearem sem culpa.

Em entrevista para o site CBR, Owen Dennis contou sua reação ao ver sua animação sendo retiradas de todas as plataformas, e não poupou palavras ao criticar os executivos da Warner e Discovery.

Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, nem qualquer outro criador de programa com quem conversei, nem nenhum de seus representantes (…) sabemos que foi um pedido direto da Discovery, e trata-se de economizar dinheiro de alguma forma” 

(...)

Acho que a maneira como o Discovery fez isso é incrivelmente pouco profissional, rude e simplesmente nojenta. (...) ‘Que ***** eles estão fazendo? Como eles planejam que alguém queira trabalhar com eles novamente?'”

Após se complicar com declarações, Owen Dennis apenas mudou sua bio no Twitter.

Email image

Em português: “Criador de #InfinityTrain, um show que foi expulso do @HBOMax e que agora só pode ser pirateado”

E após se complicar outra vez, trocou a bio da sua rede social de novo.

A frase que afirma que o desenho pode ser encontrado em diversas plataformas, foi uma ironia, por não estar disponível em nenhuma, ou até ter sido forçadamente removida de algumas, como itunes e Youtube. O texto também pode ser interpretado como uma tentativa de pedir para que as outras plataformas comprem sua obra da Warner, e a retomem da internet legalmente. Ele também tirou a marcação provocativa da @HBOMax.

Mas como surgiu o termo pirataria, e quando ele parou de significar “ladrões de tapa-olho em alto mar” e passou a designar a falsificação e duplicação de ideias?

 COMO SURGIU O TERMO PIRATARIA, E COMO ELE MUDOU DE SIGNIFICADO?

Nos anos 12.000 AC, após a descoberta do fogo, da agricultura, e do fim do nomadismo e da transição para o sedentarismo, começa-se a ERA NEOLÍTICA. A partir de então, uma terra foi concebida como lar. Eventualmente a terra não foi o bastante para qualquer fosse a organização social

O mar continha incontáveis mistérios, e trazia um senso de mistério liberdade gigantesca, assim como terror também. Antes mesmo da idade média, o oceano não só era a maneira mais rápida, mas também a única de comerciar materiais entre continentes.

A navegação na antiguidade foi impulsionada pelos povos antigos, como Vikings, Fenícios e Gregos. Embora o conceito de ESTADO tenha se dado início no século XIII, já surgiram organizações sociais, e poderes, como o sistema de lordes e reis nórdicos, faraós egípcios, e esses poderes comerciavam maritimamente. Antes mesmo da era das navegações, o poder no Fenício antigo se baseava nos homens que dominavam as rotas marítimas e o mar, conhecido como: Talassocracia.

Metais preciosos, madeira de boa qualidade especiarias e peles de animais faziam parte das mercadorias mais valiosas que eram transportadas pelo mar. E os navios mercantes se transformam em alvo da ganância de marinheiros independentes.

Os grupos que atacavam e saqueavam essas embarcações foram conhecidos como PIRATAS. A pirataria marítima começou em 735 aC com gregos saqueando fenícios, posteriormente Vikings, que eram predominantemente marinhos formados para ganhar a vida com saques, roubos, ataques e violência, tomando maior parâmetro no Século I DC

Depois de roubar mercadorias de grandes impérios marítimos (ou mesmo de outros piratas) esses grupos vendiam os produtos em mercados paralelos, por preços bem mais baixos; e assim, ganhavam a vida.

(Como atualmente são as conhecidas,  “feiras do rolo” por exemplo)

Embora a maior fonte de compra vinha de gente simples, ou andarilhos e aventureiros, algumas nações  NÃO SÓ compravam dos piratas que roubaram a mercadoria do seu vendedor original, aproveitando o azar e o preço menor, como tinham seus próprios piratas.

No século XV em diante, começou a famosa era das navegações, e durou até o século XVIII. Os maiores império eram o Império Inglês, e o Império Português, nessa época, as nações não navegavam só pra comércio, mas também pra colonizar. O açúcar passou a ser a mercadoria principal. Em resposta ao imperialismo, e aos preços altos, nasceram os corsários piratas; ladrões que trabalhavam para o estado, e eram autorizados pelo governo a pilhar nações rivais.  

Mas tem um porém em tudo isso. Nos escambos ilegais dos piratas não só circulavam produtos originais roubados, mas também produtos falsificados. Drogas manipuladas, bebidas com mais água do que álcool, ouro falso.

Mas em que momento os produtos roubados foram relacionados a ideias roubadas?

Existe rumores de que o primeiro registro da expressão “piratas de palavras” aparece num documento inglês no início do século XVIII, se referindo a ladrões que copiavam conteúdo escrito.

Não se tem registro algum sobre esse documento, e não há nem como saber sequer se ele existiu, e o resto da história é nebulosa até a invenção da primeira lei de propriedade intelectual.

O mito do suposto documento nos deixa uma suposição. Que em vez de roubar um livro, e vendê-lo por um preço baixo, era mais conveniente copiar as escrituras à mão em larga escala, e vender um monte do mesmo produto, igual,  só que copiado.

Seria uma boa história se não levasse em consideração que a primeira lei de propriedade intelectual surgiu em Veneza no século XV, na República de Veneza, quando o governo da região criou uma lei para proteger os inventores das artes e das ciências.

A verdade é que pirataria como falsificação e como roubo nunca foram claramente distintas, ambas andavam juntos e tudo acabou se resumindo em “comércio ilegal ou não autorizado pelo produtor original”

Acontece que nos séculos XV A XVIII a pirataria era predominantemente roubo, e atualmente, a pirataria é predominantemente falsificação e duplicação.

Foi só depois do bum dos produtos pirateados, como “25 de março” e outras feiras com outras datas, e a invenção do Torrent, que foi necessário classificar os tipos de comércio ilegal.

Tráfico: Produtos, Objetos ou Substâncias impedidas pelo estado de serem livremente comercializadas, como: Maconha, Cocaína, Absinto ou Armas de infantaria pesada pra cidadãos comuns. Até mesmo produtos legalizados podem ser traficados, se não cumprirem as leis de taxa, preço mínimo, ou supervisão da ANVISA, como os cigarros paraguaios.

Mercado negro: Parecido com o conceito originário da pirataria, vender algo roubado de tombos de caminhões, por exemplo, em feiras do rolo, ou às vezes circulam pelos mesmos lugares que o tráfico, só que no caso, vendido pelo usuário.

Falsificação. Este tipo de pirataria é a duplicação, a distribuição ou a venda ilegal de materiais com copyright, cuja intenção é imitar o produto original. Famoso plágio.

Neste, também incluem os dvd’s em camelôs, peças de roupas menos duráveis... o mercado cinza.

Pirataria na Internet: Parecida com a falsificação, mas com a possibilidade do produto comercializado ilegalmente ser idêntico em qualidade ao produto original, e inclusive, ser semeado e distribuído infinitamente e gratuitamente.

Nesse momento, a pirataria deixou de ser um escambo ilegal, ou uma sobrevivência de quem vende, e se tornou algo mais ideológico, filantrópico. Milhões de pessoas disponibilizam conteúdos gratuitamente apenas porque querem “acessibilizar” o conteúdo.

Pirataria feita pelo usuário final, Uso excessivo do cliente-servidor, Carregamento em disco rígido... são derivados da pirataria na internet.

Com exceção do tráfico, todos os outros tipos de pirataria são exclusivamente frutos da violação de propriedade intelectual.

E falando em leis, quando que uma “ideia particular” se torna “domínio público?”

LEIS E LOBBYS: COMO A DISNEY MUDOU (e ainda muda)A LEI DE DOMÍNIO PÚBLICO

Segundo a lei brasileira , no Art. 41 do código civil, os direitos duram por 70 anos contados do primeiro dia do ano após a morte do autor/a; depois disso, se torna domínio público.

Na lei dos estados unidos, atualmente, o tempo de domínio público depois da criação de uma obra é de 95 anos, mas já chegou a ser de 56 ANOS.

A lei que funcionava quando nasceu o Mickey era a de 1909. Seguindo ela, o ratinho de Walt Disney deveria se tornar domínio público em 1984. À partir de 1928, com o sucesso da primeira animação de Mickey Mouse, o que começou com um pequeno estúdio foi crescendo com o longo das décadas até uma das maiores empresas do entretenimento.

 a Disney perderia bilhões de dólares quando fosse perder a exclusividade do personagem, e qualquer um poderia usar como quisesse. Nos anos 70 a Disney pressionou políticos para que eles mudassem as leis, então em 1976 o congresso estendeu o prazo de domínio público para 75 ANOS.

O novo prazo final do fim do mascote agora era 2003, então nos anos 90, a empresa repetiu a estratégia, e o próprio CEO da Disney visitou escritórios de parlamentares, e em 1998, a lei mudou para como ela é atualmente.

No Brasil, como o criador morreu em 1966, a primeira animação do Mickey se torna domínio público em 2036, enquanto no seu país de origem, todo o personagem se torna público em 2024.

Quando uma empresa ou um cidadão influencia na política para mudar as Leis de acordo com o seu interesse é chamado de lobismo.

Lobismo é um processo legal, e permite que gente de fora da política influencie na mudança das leis, e qualquer um possa defender seus interesses, mas junto com o lobby, vem a propina.

O TechInsider demonstrou que durante os anos 90, a Disney doou 4,3 milhões de dólares em lobby político.

Daniel comenta “Isso pode parecer pouco aqui no Brasil, mas lá o cargo de lobista é regulamentado, e esses milhões foram só as contas declaradas!”

Existem leis sobre propinas no Brasil, mas não existe um regulamento sobre lobby como há nos Estados Unidos. No entanto, o lobby só foi regulamentado em 1995, e as doações políticas que vieram antes da segunda mudança da lei começaram em 1990.

“Talvez a regulamentação desse conchavo faça com que dessa vez, a Disney pare de mudar a lei, e a cultura prevaleça, ou talvez o aparato da Disney seja tão grande que eles tenham nomes no legislativo... judiciário...  É um império”

A Disney não fatura nem entre as 15 maiores empresas do mundo em 2022, mas já esteve no top 10 em 2020, e na área da propriedade intelectual, ela possui A Fox, Fx, Fox sports, Marvel, Pixar, Lucasfilm, Miramax, Muppets, e ABC INC. A rainha de bilheteria nos cinemas, Marvel, é da Disney, e o show de TV animado mais popular da televisão, os Simpsons, é da Disney.

97% das pessoas no mundo conhece o Mickey, ele chega a ser um fenómeno mais famoso que o Papai Noel.

Manter o Mickey uma propriedade patenteada significa processar personagens com aparência semelhante em outras criações, (ou até paródias) significa que consumir o Mickey de graça é pirataria, e nas palavras do entrevistado “Por mais que isso pareça culpa do capitalismo, o que ela faz não tem nada a ver com livre mercado, e nem com proteger artistas

IDEIAS SÃO EXCASSAS? SE NÃO FOREM, COMO ROUBÁ-LAS?

Aaron Swarts e Alexandra Elbakyan foi um casal de hackers que em resumo, roubaram conhecimento científico e distribuíram para o mundo.

Mas apesar das aparentes semelhanças,sua história não foi um tipo de Robin Hood, o que Alexandra e Aaron fizeram foi piratear e distribuir milhões de artigos científicos. Ambos eram movidos pelo idealismo de conhecimento livre, e escreveram manifestos atacando a relação “parasitária” das editoras de artigos científicos.

Uma nova descoberta científica é descrita em um artigo científico. No artigo, os cientistas precisam explicar por que a pesquisa que eles fizeram é importante, além de descrever os métodos, nuances, justificativas e mudanças na compreensão científica que a sua descoberta pode trazer.

Os artigos científicos não podem ser auto-publicados, então eles são enviados para uma revista científica, que reúne vários com assuntos parecidos.

Um dos problemas é que todo processo editorial envolve tempo e dinheiro. A maioria dos artigos demoram meses, incluindo leitura, revisão, e dependendo do tempo, boa parte do artigo precisa ser reescrito.

A principal publicadora é a revista NATURE. Eles possuem sua própria equipe de cientistas especializados para a revisão

Um artigo científico publicado na NATURE sobre álgebra interdimensional foi enviado em junho de 1995, e só aceito em maio de 2006, depois teve que esperar mais dois anos até ser publicado, em outubro de 2008.

A construção de um conhecimento científico não termina na publicação de um artigo; na verdade, ela começa aí, porque após a publicação, milhares de cientistas podem fazer testes e descobertas através da pontinha do iceberg que o artigo foi.  A ciência, por ser baseada em leis, se respeitam, e essa rede de conhecimento se torna uma teia, uma teia onde todo conhecimento é codependente

O problema é que a  maioria dos artigos são de acesso restrito, e o preço padrão de acesso a esses artigos é de 9 à 36 dólares por cada artigo, ou a assinatura da revista por 200 dólares por mês.

No caso de artigos científicos de livre acesso, quem paga por eles são os cientistas que escreveram o artigo. A publicadora de artigos de livre acesso mais em conta chega a cobrar 1695 dólares. (R$9000 convertidos) A NATURE cobra 5380 dólares.  O mercado de publicações científicas em alguns anos chega a lucrar mais que a Amazon e Microsoft.

Num mundo em que o cientista paga pra publicar e o leitor paga pra ler, surge Aaron.

Aaron invadiu um site de assinatura (G-STORE) que compra e disponibiliza artigos mediante assinatura, e baixou 5 milhões de artigos e distribuiu. Em 2011, Aaron foi preso e acusado de 13 crimes federais.

A própria G-Store retirou as acusações, mas os federais continuaram indiciando o ativista. Dois anos depois, próximo a condenação, o homem cometeu suicídio.

Anos antes, uma neuro-cientista programadora no Paquistão (Alexandra) automatizou o processo de pirataria que ela descobriu hackeando artigos de neurociência para a sua nova invenção, e no mesmo ano de julgamento de Aaron, o maior distribuidor de artigos piratas do mundo foi lançado, o sci-hub.

O site do corvo preto funciona de um jeito parecido com o famoso Pirate Bay,  e nunca foi derrubado pelo governo federal, por sempre trocar de domínio.

Ela foi condenada a pagar 15 milhões de dólares pela Elsevier (uma grande empresa de artigos) mas está desaparecida.

Grandes centros de pesquisas dos Estados Unidos, Europa, e Brasil usam o site.

“50 milhões de artigos científicos são seguros por diversas pessoas”, Alexandra garantiu em uma entrevista. Alexandra também disse que os artigos nunca vão sumir, mesmo com a sua prisão.

O inusitado é que desde a invenção do site, em 2011, o número de artigos científicos publicados têm aumentado, e a Nature e a Elsevier continuam ativas no mercado.

“Leis injustas não devem ser seguidas” - Disse Aaron em seu manifesto. Essa frase também foi conhecida por estar na boca de um grande capitalista.

Em 2001 um economista do maior braço intelectual de liberalismo econômico do mundo, a “Escola Austríaca” fundada por Mises e consolidada por Rothbard, Stephan Kinsella publicou o livro “Contra a propriedade intelectual” seu fundamento foi baseado no código ético de Rothbard, o Princípio da Não-Agressão (PNA) e inclusive, complementou a sua ética.

Segundo Kinsella, Propriedade intelectual é o monopólio estatal contra a propriedade real.

A perspectiva libertária para a lei em poucas palavras, o papel essencial da lei deve ser o de justificar o uso de força retaliativa.

Kinsella, Rothbard e Hoppe, são anarquistas, mas anarquistas de uma fonte de pensamento diferente.

Rothbard evoluiu o conceito de minarquia de Mises para o Anarco-capitalismo, em poucas palavras, defende que o estado não só não deve interferir na economia de forma alguma, como nem existir. Para eles, a inexistência do estado não significaria revogação da propriedade privada, pois essas são garantidas por direitos naturais, e atualmente, Rothbard considera seu PNA ultrapassado, e validou o código de ética rival, de Hoppe, a “Ética argumentativa Hoppeana”

O anarquismo padrão é contra a propriedade privada, e o anarco-capitalismo é contra a violação da propriedade privada, e segundo Kinsella, o conceito de propriedade intelectual fere a propriedade privada.

Para algo seguir as normas de delimitação de propriedade deve seguir dois tópicos.  

1) “apenas bens escassos devem ser alvo de apropriação”

O principal argumento para isso é que, diferente de objetos ou propriedades palpáveis, ideias não são escassas. O valor do dinheiro está na escassez, mesmo no esquema dólar baseado em confiança.

2)  A delimitação do fronteiramento devem ser determinadas por propriedades objetivas.

“do contrário, estaríamos em contradição com nosso propósito”

A segunda cláusula é toda baseada no elo objetivo. Essa é a ideia mais complexa, e  o autor passa explicando, em 63 páginas do livro o porquê ideias não se configuram nesse propósito.

A ideia mais inversamente proporcional a essa é o comunismo marxista, mas por incrível que pareça, ambos estão em plena concordância no assunto propriedade intelectual.

Segundo Marx: O capitalismo pressupõe a exploração da força de trabalho alheia e a apropriação privada da riqueza por ela produzida, tornando-a mercadoria. Esse é o conceito do mais valia. Quem produz pouco ganha, e quem se apropria da produção é o capitalista.

Troque capitalista por “Editoras, publicadoras, empresas subsidiárias” e força de trabalho por “ escritores, roteiristas, animadores, atores e desenhistas” e veja o resultado.

Desde a revolução industrial, que foi quando Marx surgiu, o fenômeno de apropriação por apropriação por parte do capitalista existe, e desde o século XV, os royaltes se tornaram uma mercadoria.

 Mas, a propriedade intelectual é somente uma entidade intermediária: patentes e direitos de autores são direitos, respectivamente, das inovações  científicas e criações artísticas.

Assim sendo, o imperialismo se apropria do que não lhe pertence e utiliza a dita “propriedade intelectual” para controlar a economia.

Em resumo, para os libertários capitalistas, a propriedade intelectual é uma forma corporativista do estado, junto com grandes empresas,( como a Disney e a Nature) fazerem monopólios, e tirarem a espontaneidade da livre e circulação. E para os libertários anarquistas, ou marxistas, a propriedade intelectual é uma forma do imperialismo capitalista fazer o estado se ajoelhar para ele, tirando o seu poder, e garantindo a opressão

O estados unidos possui uma lista negra de 12 países que violam a sua propriedade intelectual: China, Índia, Rússia, Venezuela, Colômbia, Canadá, Argélia, Argentina, Chile, Indonésia, Kuwait e Ucrânia.

Além de esses não seguirem a legislação de propriedade intelectual americana, e portanto, tornando o julgamento fora da esfera legal, a própria China é um dos países que literalmente não possuem nenhuma lei que legitime a propriedade intelectual.

A China proíbe a circulação de qualquer mídia estrangeira em seu país, e para produções nacionais poderem suprir esse papel, nenhuma lei de propriedade intelectual existe; assim, ideias podem ser adaptadas, ou mesmo clonadas, tanto de obras internacionais quanto locais. Diversos aplicativos e jogos chineses são conhecidos no ocidente como “clones”

Atualmente, uma das maiores empresas de videogames mobile, a Tencent Games, surgiu como uma fabricadora de clones, e tomou o topo desse mercado em poucos anos. Hoje, em resposta a essa liberdade, a marca tem uma licença legal de diversas IP’S grandes, que antes elas copiavam livremente, como Call of Duty, Pokemón, NBA e FIFA.

Mas fora do mundo das ideias, e das ideias que não querem que ideias se tornem mercadorias, o que pensam os artistas sobre pessoas piratearem suas obras?

E O QUE OS ARTISTAS PENSAM SOBRE PIRATEAREM SUAS OBRAS?

O tema da redação do ENEM de 2019 foi: “Democratização do acesso ao cinema”  O principal problema que dá abertura para esse debate é como pessoas de baixa-renda e periferia teriam acesso à arte, que é como um combustível para a alma, e pode servir de estudo e conhecimento, através do entretenimento.

Um país onde duas horas de cinema custam de 20 reais para cima, o preço de uma marmita do dia.

Em 2012, Notch Persson, (o criador do Minecraft) (que hoje não é mais proprietário) foi mencionado em um tweet; neste, um fã lamentava que queria muito jogar o seu jogo, mas que não tinha dinheiro para comprá-lo, ele pediu a ajuda do criador e perguntou, o que eu faço?

- Só pirateie. - Foi a resposta do desenvolvedor. - Se você ainda gostar quando puder pagar no futuro, compre-o então.  - Ele continua - Também não se esqueça de se sentir mal. ;) - A resposta termina com uma ironia. Não dá para dizer com certeza se a relação de “culpa” que ele mandou que seu fã deveria sentir é uma crítica a como a sociedade faz as pessoas que pirateiam se sentirem, ou realmente o fato de que o criador da obra não está sendo valorizado financeiramente pela sua criação.

Mas gostando ou não, a pirataria está aí, e isso é um fato.

Isso gera dois dilemas: O primeiro é o fato de que, com a pirataria, o criador não lucra com a sua obra, obra que ele gastou tempo e dinheiro para produzir, e o segundo, é que, com a pirataria, obras que antes podiam ficar desconhecidas e nixadas, se tornam populares. A pirataria acaba funcionando como uma divulgação; no caso da música, uma divulgação para pessoas irem nos seus shows e para quem nem teria o conhecimento da obra, se não for pelos rádios, conhecer, se interessar, e futuramente comprar a obra.

Quando Mano Brown foi no roda viva, ele foi indagado sobre seu álbum “Sobrevivendo no inferno” rolava um boato de que o racionais fez parceria com os camelôs (por fora da gravadora) para não perder tanto com a venda dos discos piratas.

Diante disso ele foi perguntado “como você se protege da pirataria?”

“Não tem como se proteger da pirataria” - Ele responde. Também diz que tem amigos que no ramo de camelôs, e dependem da pirataria para sobreviver. Apesar disso, e apesar de ver como “inevitável” esse processo, ele diz que de forma nenhuma assina ou autografa discos pirateados -  “Na verdade quem fica rico é o chinês... mas é o ganhapão do irmão também” - Mano Brown diz isso se referindo às leis propriedade intelectual, e também lembrando que o maior exportador de produtos falsificados do Brasil é a China. Mas junto com essa falsificação, vem outro problema da pirataria:

O trabalho escravo. Mas o trabalho escravo está mais relacionado a produtos físicos, e não à pirataria digital.

Não é um tema fácil, e envolve muitas complicações, tanto para quem é contra, quanto para quem é a favor.

Mas uma vantagem que veio da pirataria, tanto para o Racionais quanto para o Charlie Brown Jr, foi o quanto a pirataria serviu de divulgação para torná-los populares. Mano Brown também diz ter consciência disso, e diz que os cd’s piratas fizeram eles venderem mais cd’s originais. Mas Chorão vai além.

‘‘Compartilhar o que é seu é direito de todos’’ - Foi manchete. A frase dita pelo vocalista do Charlie Brown JR no jornal da tarde ecoou em todos os lugares.

Agora, diferente do Racionais, o contexto é um pouco mais atual, e em vez de cd’s de camelôs, a pirataria atuava em downloads da internet, sem envolvimento de trabalho escravo nesse meio.

“Se (o nosso trabalho) foi afetado (pela internet), foi de maneira positiva. A web ajuda muito na divulgação e é um veículo de comunicação direto e democrático. Artistas novos e estabelecidos podem e devem se adequar a linguagem de comunicação e consumo de sua época” - Completou em 2013.

Quando uma fã no meio de uma multidão chorou no ombro do Chorão, enquanto ele ia subia a Van, ela lamentou, entre um “eu te amo” e outro, não ter dinheiro para comprar os CD’S da banda.

A resposta para ela do vocalista foi: ’'Não compra essa p****, baixa o som''

Hoje o consumo de músicas é gratuito, e todos os artistas disponibilizam suas músicas no Youtube: ganhando através de anúncios.

Para quem não quer os anúncios, paga um serviço de streaming, (Spotify ou Deezer) que não tem anúncios, e vence a pirataria pela praticidade no dia-a-dia

“Os serviços de streaming ganharam da pirataria sem a opressão da Lei, querendo ou não, piratear é um negócio que leva tempo...

O problema é que a HBO tirou a ***** do meu desenho do streaming deles, e tá oprimindo quem ainda quer ver”   - Daniel comenta sobre o assunto

Mas a coisa muda um pouco de figura quando se trata de artistas pequenos.

Um desenvolvedor independente de jogos, que se nomeia como “Ronan Santos” de Piracicaba desenvolveu um jogo de plataforma 2D chamado “Kalinur”, e o disponibilizou na plataforma STEAM por R$ 2,69 em época de promoção. No começo, suas vendas não foram altas e ele viu seu jogo em vários sites de pirataria, e então reclamou no Twitter.

A internet se mobilizou, e no dia seguinte, eles conseguiram fazer um jogo que poderia ter sido esquecido se tornar o primeiro do em alta da plataforma.

4 dias depois do Tweet ter se tornado viral, ele conseguiu o espaço que precisava (mesmo que por causa de uma reclamação triste) e atualmente ele comemora seu jogo ter vendido cinco mil cópias.

Em 2012, Paulo Coelho publicou um texto na Folha de SP que começava com o título:

“Pirateiem meus livros!”

No texto ele defendia a mesma coisa que Kinsell, Rothbard, Marx e Alexandra: a livre circulação de ideias em cima das leis “gananciosas” de propriedade intelectual.

Seu texto dizia sobre a a acessibilidade da arte, e conclui a pirataria como único método definitivo de “democratização” como atualmente é chamado.

É por convencão, mesmo publicamente ele pedindo para roubarem seus livros, por mais irrefutável ou intelectual que negar a propriedade intelectual pareça, ele as patenteou, para começo de conversa, publicando-as num jornal pago, e que na internet, possua PayWall.

É como se ele pedisse para as pessoas interferirem a lei, mas secretamente, desejar que ela não seja revogada, caso contrário, ele tornaria seus livros domínio público.

"É complexo, mas a pirataria é natural, é humana e acima de tudo, é um mecanismo de defesa" mas quando os autores pedem pra serem pirateados, ou não há outra forma de consumir a obra, se não assim, se torna legítima defesa, ou talvez nem seja nada além de um gesto pacífico" Daniel Ferreira comenta sobre o assunto como um todo, e conclui - “Eu só quero ver meu desenho em paz...”

Referências - Fontes e Bibliografias.

https://segredosdomundo.r7.com/10-coisas-que-sao-proibidas-na-russia-e-voce-nao-sabia/#:~:text=Obscenidades%20em%20p%C3%BAblico,religiosos%20e%20%C3%A9%20completamente%20ignorada.

https://www.poder360.com.br/internacional/o-que-e-a-lei-russa-sobre-agentes-estrangeiros-dw/

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