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compilado de poemas

Eu odeio o quanto um "compilado de poemas" soa automasturbatório, é como se o autor fosse mais importante que a obra nesse sentido, e não há maldição maior para um escritor do que o ego.

Junior Medeiros08/18/2022
24 min
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Eu odeio o quanto um "compilado de poemas" soa automasturbatório, é como se o autor fosse mais importante que a obra nesse sentido, e não há maldição maior para um escritor do que o ego.

Maldição a habilidade de escrever depende de não se importar tanto com a autoimagem, no sentido mesquinho da coisa, mas desde quando as pessoas liam, e agora até que não leem mais, existe um certo charme em escrever, uma superestimação. 

E quando a soberba sobe, a qualidade desce, mas quando a qualidade aumenta, tudo acontece para que seu orgulho cresça.

Mas o escritor também pode ressignificar uma mesquinharia. Expor ou quanto ele é mesquinho, e usar a inspiração para os sentimentos que ele esconde nas obras. O problema, é que geralmente, isso vem em forma de poemas. E poemas (principalmente os que seguem o formato Bukowski) são mais desabafos, do que qualquer outra coisa. E é muito vergonhoso tirar a vida própria da obra, e colocar no lugar dela, a sua, 

É como se escrever fosse uma necessidade - Romances, contos e novelas: trabalho. Poemas, poesias e monólogos - hobbie, terapia desabafo.

Mas o portfólio hoje é real, então já que eu escrevi... por que não postar? Voltando para o assunto que poemas são pessoais. 

Eu não tinha a intenção de escrever poemas, mas as vezes eu precisa, e fazia. Eu postava no shorts, porque o shorts não notificava, (tinha algo de fantasmagórico nisso) MAS 3u |nfr|ng| uma)) r&gr/-\ do $|te... O shortinhos tem um limite de palavras, e não sei como, eu consegui colocar mais que isso. Com o risco de ser derrubado vou colocar tudo aqui... no longo,...

Quando eu estava com uma criatividade pessoal protegida por motivos pessoais, escrever esse poemas lotados de idade me ajudavam a desbloquear. É importante dizer que embora mais pessoais e menos profissionais que meus contos, eles ainda são ficção... existe uma partezinha deles de vida própria (ou mentira). Usei de exageros e eufemismos sabiamente. Até porque todos somos isso inconscientemente com nossas histórias próprias. Sempre lembramo-nos delas sendo mais felizes ou tristes, traumáticas ou suaves; sabendo que, provavelmente, elas não foram nem geladas ou escaldantes... a, morna. 

Ainda sim reitero que é terapia, e não funciona. Escritores muito bons fazem poemas melhores que o meu, porque para eles é trabalho... Então não significa que poemas são inferiores, mas que os meus são 

"O dia que eu publicar um livro de poemas, significa que eu desisti de ser escritor" - Talvez eu me arrependa um dia de ter dito isso, mas hoje, setembro de 2022, não. 

André, bb querido, eu sei que você está lendo isso. Por favor, salve meus textos desse site, porque se um dia essa plataforma sumir, some parte da minha história.

é quase dia e tem gente acordando

Exausto com a vida

Viciado em neuroestimulante

Peso perdido

E eu nem tenho vinte anos

Num dia de acordo cheio de vontade

No outro com vontade de morrer

Compensa a falta de vontade com disciplina

Algumas palavras são riscadas com muito esforço

No fim das contas, até consigo.

Mas continuo viciado em neuroestimulante

Perdendo calças novas

E abaixo dos vinte anos

Mas eu tenho disciplina

Exausto eu me sento

Peço uma baguete maior do que sou capaz de comer

Como mais do que sou capaz de comer

Não passo mal

Sorriso

O tempo parece tão devagar que quase para

Justo quando eu não estou com pressa

Ele passa devagar.

Parece o normal

Mas o normal parece paradoxal.

jaquetas de couro são o demônio

Eu me levanto da cama

9 horas da manhã

Sem entender como os meus pais me protegem na casa de uma estranha

Eu não tinha brigado

Ou mentido

E confesso que às vezes eu gosto de brigar, contestar e mentir

É uma forma de desafiar o controle

Ela dorme ainda

Presume por surpresas surpresas

Dessa noite (ou da passada) (não me lembro)

Que seu sono é leve

Levanto-me da coberta quente, andando só no sapatinho.

Como um cartum de pantufas.

Mas antes de pegar um copo d'água da filtragem (o que eu odeio)

Eu olho para ela

Me sinto sortudo

Mas também confuso

Sortudo

Mas acima de tudo controlado

E eu sempre lutei contra o controle

Ela era miraculosa, anormalmente gostosa

Uma ofensa a todas as outras mulheres do mundo

Ela era alta, e grande, e poderosa

1,72m

Um cm a menos que eu

Embora seu poder faça a parecer mais alta

90 e tantos quilos

talvez 89

Cabelos longos, cintura fina e coxas enormes

Em dia de academia, uma coxa sua era maior que meu corpo todo.

Eu me estimar e melhor contar como uma mulher tão grande e melhor

Talvez não tenha.

Eu lembro que me humilhei por conta dela

3 anos antes do ocorrido.

Desisti, com e arrumando uma namorada aparência ela

Eu a odiava por isso

Pela humilhação e pelo controle

Mas não o bastante para desistir

Seu quarto é um iceberg

Um buraco da minhoca

armários  escondidos nas gavetas, armários e mesas de cabeceira

Ex

Vítimas, como eu. Poder ser

Cartas, molduras, fotos, presentes e artesanatos

Todos tratados como iguais

Amores incondicionais soterrados em uma gaveta empoeirada

Começo a me pensar se serei uma vítima próxima

Vou embora fundos pelos

Acabo esquecendo uma jaqueta

Minha jaqueta favorita

Eu não a bloqueio

Mas a oculto e deleto de todas as redes sociais

Às vezes me questiono se ela ainda me espia

Enquanto espiono ela

Nunca mais a ligo, nem mando mensagem

Esperando para ela ligar

Ignorar

E sair por cima, vitorioso

Seria um jogo arriscado

Arriscado dela de me instigar dando a iniciativa

E arriscado de mim ignorar

Mas assim como eu, ela nunca mais liga

E eu me lembro de quem está no controle

E não sou eu

3 anos depois

Eu mando linda

Me sinto aliviado por ela não responder

Mas o que está acontecendo abruptamente

Quando eu me lembro da jaqueta

Ela tinha ganhado

Ela tinha um troféu.

se seu filho é por uma abelha, o que você picado faz?

Eu me lembro bem de um dia específico da minha infância

Um dia que me moldou para sempre

Que criou um padrão em mim

Eu fui picado por uma abelha no rosto

Eu era criança e só chorar

Aquela coisa pulsando como um cérebro fora do crânio

Soltando pus como um alternativo em erupção

Mas amarelado como porra rala.

Estava tão grande quanto uma caxumba. Se não fosse do Brasil eu conseguiria maconha medicinal

Então eu gritei pelo meu pai

Chorando que nem um alarme de fábrica, imerso em uma poça de ranho e gaguejando

Eu pedi... pedi não. Eu implorei por ajuda

Eu só tinha dez anos

E ele reuniu toda a sua coragem e masculinidade

Me olhou com cara de bravura. Meu Deus saindo da máquina

“Quem fez isso com você, meu filho?”

“Uma abelha, papai! Uma abelha!”

E apontei para algum lugar aleatório do céu

CADÊ ESSA FILHA DA PUTA??

EU VOU MATA-LA!

NINGUÉM MEXE COM O MEU MENINO!

E assim ele o fez. Sumiu por alguns segundos para o seu quarto

E duas voltas de calças de moletom

Um óculos de solda

Um desodorante e um isqueiro bic amarelo.

Eu só queria ser curado, ajudado, protegido

Queria ser acariciado e acalentado no ninho.

Não, eu não queria proteção.

Não tinha como me proteger agora, eu já tinha sido ferido

Eu queria amparo.

E meu pai tinha determinado em carbonizar a abelha que me machucado

Ele cuspiu fogo para todos os lados

E eu fiquei sentado no sofá. Vazando pus e pulsando, que nem um pau virgem de 40 anos.

Prestes a dar a primeira foda.

Eu continuo pulsando

E meu pai matou abelha

Isso me moldou

Moldou meu caráter

Minha personalidade

Meu gosto para super heróis

Meus heróis eram Demolidor

Justiceiro

Adão Negro

Rorschach

Em Death Note eu torci para o Light.

Durante a pré e a idade média eu fui de direita

Queria armas

Matar bandidos

Ver o Bolsonaro como “menos pior”.

Isso também estava relacionado com minha criação superprotetora

E a minha maestria na arte de mentir

Quando minha melhor amiga foi abusada

Eu fiz disso um espetáculo. Denunciei e colocou o filho da puta na cadeia

Pelo menos por umas duas semanas

Mas prestar depoimento e revelar ao público o que ele fez contra a vontade dela.

“Eu tenho direito ao anonimato...”

“E a gente vai deixar esse tipo de coisa impune?”

Era melhor proteger, evitar e punir que dar amparo

Quando minha primeira noiva me traiu

Eu espancai o cara

Um pobre coitado vindo de fora que nem sabia seu nome

Quase cogitei bater

E eu casei

Mas nunca mais deitamos na mesma cama

Quando meu filho sofreu bullying pela primeira vez eu senti tanto

Me gelou a espinha

Eu vivi passando por isso

E tinha medo de como seria quando chegasse a sua vez

O inscrevi em uma série de artes marciais

Ensinei-o a revidar.

E todas as melhores respostas para as melhores tiradas

Eu fiz um livro disso e dei para ele

Ele se torna uma pessoa mais inteligente que eu

E mais agressiva que meu pai

Constantemente em briga de trânsito

Briga de fachada em bar

Constantemente agressivo

Constantemente bêbado

Hoje reconheço

Fiz dez anos de terapia e ainda faço

Mudei um pouco de lado no meu posicionamento político.

Mas o pior disso?

É que eu ainda não mudei

Eu ainda busco mais punição do que proteção

Eu ainda acho mais valoroso punir o estuprador do que prestar cuidados à vítima.

Eu ainda passo pano para o Light

Eu ainda tenho armas

Ainda idolatro ou Rorschach. Penso diferente do autor.

Eu queria que meu pai tivesse me levado ao pronto socorro

Em vez de botar fogo na abelha

Anos atrás.

Tudo bem

Eu digo "Oi!"

Você diz "Oi."

Eu digo "Tudo bem?"

Você diz "Tudo, e você?

Eu digo "Tudo bem"

Muito esforço eu digo alguma coisa com muito esforço

Você ri

Eu rio de volta

Silêncio predomina.

Eu me lembro da ultima vez que te beijei

E aquela vez em que eu quase te beijei

E vez que você me quis eu não percebia

Acabo me martirizando, me odiando e me culpando por esse dia.

Eu vou lembrar desse dia pra vida hoje...

(Quase toda, até meu cérebro hipofuncionante e, viciado eu neuroestimulante  dar defeito)

Eu não olho pra você

Você não olha pra mim.

Cada um segue seu caminho

Dias depois eu te mando uma mensagem

"Oi."

"Oi."

Tudo bem?"

"Tudo bem."

essa sorveteria tem duzentos sabores de sorvetes diferentes

Não acompanho notícia

Não acompanha política

Acompanhei

Mas não acompanha mais

As pessoas me dizem "você ficou sabendo"

E eu digo: "Nãããoooo!" Com espanto

Realmente

Não sabia

Mas não me espanto

Não estou nem ai

As pessoas sempre têm informações  sobre tudo

E eu me cansei de ter opiniões

Não vejo valor nas estimativas

Eu vejo valor nos fatos, nos dados

Mas mesmo assim

Não os acompanho

Não acompanha política

E nem geopolítica

Como sempre fiz

Eu até me inscrevi em um portal de resumo diário

Ele resume todas as notícias de todos os portais

Todos os dias

Em mais ou menos 15 laudas

Lá eu vejo a mais recente merda que o presidente falou

Motoristas bêbados

O bitcoin descendo e subindo como uma montanha russa

E o horóscopo

E hoje eu sempre respondo com

"Nãão brinca!"

Não acompanha esporte

Não acompanha música

Nem os famosos e suas futilidades e traições

Que são que nem a política

Me esforço pra saber o básico de cinema

E com isso, leia-se assistir os vídeos de  Isabella Boscov durante o almoço

E torcer pra alguém falar de esses novos filmes

Na mesa de bar

Fingi que assiste

Ei reproduzir o que eu ouvi

Da boca da Isabella Boscov

Mas estou sinalizando virtude com a minha ignorância

Não foi uma escolha estratégica

Eu só estou de saco cheio mesmo

Não acompanho mais porra nenhuma.

"Eita... falando sério?"

"Não brinca!"

olhos

Não consigo abrir os olhos

Bom.. não todo.

As pessoas não percebem que não podem abrir os olhos

Talvez eu finja muito bem

Mas eu nem mais tento...

Não estou cego, nem sonhando, nem nada assim

Meus olhos estão abertos

ENTRE aberto.

Entre 70 e 80 porcento, vai...

Suspeito de que seja o cabelo (que por sinal, passou da validade)

Então puxo meu cabelo

Tiro da testa

E ainda não consigo abrir os olhos.

“Talvez seja o sono...”

Penso.

Mas não consigo e nem quero dormir

Na real faz um bom tempo que não durmo.

Suspeito até mesmo da clareza

O sol não estava quente, nem amarelado

Aqui está marcando “Parcialmente” marcando

E eu tenho sensibilidade

Então abaixo a cabeça em direção ao chão

E ainda não consigo abrir os olhos

Nem fechar.

Testo mais hipóteses do que poderia me lembrar

E pareço um esquisitão na rua.

Não importa o que eu faça, ainda não consigo abrir os olhos

Talvez eu só não queira enxergar

Não tudo.

Lista de afazeres

Durante a manhã

Enquanto não estou fazendo algo que deveria estar fazendo (trabalhando)

Começo a fazer uma lista de afazeres

Linda e freneticamente digitalizada

Uma lista com quatro itens

Então a tarde, depois do expediente, tomo coragem

 e começo a por em prática um dos itens

Enquanto tento fazer essa coisa, me distraio

Me lembro de mais quatro itens

Para hoje, amanhã e sábado.

Adicionando mais quatro itens à minha lista de afazeres

E volto para a primeira atividade da lista.

Mas aí um instinto me consome

Tesão

Cintilante e incoveniente como o sol das duas da tarde

provavelmente chamado por algum mínimo

Talvez eu só tenha lido as palavras “peitos” e “quente” em um livro

Ou passado por uma cena de sexo desnecessariamente longa em uma série.

Preciso de uma punheta

Rápida, sem muita firula, e sem pornografia

Vou só descarregar o leite acumulado, e voltar para o fazer anterior

Com menos testosterona e menos fibra

Mas sem os pensamentos instintivos

Penso sobre como a masturbação é patética

E penso que em vez disso, Deveria começar a me pensar com isso

Eu olho o catálogo virtual de moças que moram perto

Deveria analisar a mais semelhante comigo de estilo

E não a mais gostosa, ou que parecesse “mais fácil”

Encontro uma menina legal. Mas aí eu penso...

Veja, seria no mínimo, duas semanas de foco e dedicação, dinheiro com gasolina

Pra talveeeezzz pegar num peitinho

Não parece uma má ideia investir esse tempo. Considero, mas não agora, outro dia talvez, (não bato um print e nem salvo o perfil dela). Agora eu preciso de teste rápido

Enquanto começo me sinto o ser humano mais abençoado do mundo

E quando terminar me sinto um resto de aborto que Olavo de Carvalho jurava que tinha na Pepsi.

Tomo banho por me sentir imundo como Olavo de Carvalho.

Lembrar de mais DOIS ITENS. Mais geniais e importantes que os oito anteriores.

Me pergunte como não me lembrei antes, e adiciono deles mais um ítem.

Me vem uma vontade de comer uma porcaria. E isso nem estava na lista, mas se só, ficaria antes de “escovar os dentes” e depois de “comprar suco de cajú”

Sinto que deveria comer algo saudável, mas mesmo assim, ignorar.

Passo um bom tempo nas redes sociais. Devaneando sozinho no twitter, olhando a vida falsa e exibicionista dos outros no instagram. Enquanto eu mesmo, tente sinalizar sucesso e virtude.

Discutindo com alguém no facebook

Ou dando risada com um vídeo no youtube, que nem é tão engraçado assim.

Me corrijo agressivamente

Um dos itens da lista era “low profile” e drasticamente se tornaria as horas em redes sociais.

Então volto para o meu afazer.

Merda!

...

A internet cai, e junto com ela, o filme que eu estava assistindo.

Coloco mais um item na lista

“conversar com a merda da provedora”

A palavra “merda” circulada por um monte de parênteses

> conversar com a ((((merda))) da provedora.

Tipo assim, sabe?

Parênteses me lembra parente.

Lembrar que preciso visitar os meus avós

Mas não coloco na lista, já está muito cheia.

Reinício o modem para continuar o filme

Quando vejo pelo telefone que a internet volta...

Meu gato me atrapalha

E eu não resisto ao amor dos animais.

Ele fica sentado no meu colo

Mas com um porém

Eu estava com ele no chão da cozinha

E a tv não estava no quarto.

De resto vocês já sabem... foi assim em diante.

A cada hora, mais problemas (ou desculpas)

E com elas, mais ideias de itens para a minha lista de afazeres.

O dia acaba

E a única coisa que eu fiz

Foi a lista de afazeres.

espirais

“Eu não discuto com gente ignorante!”

Ela disse aos berros, contra uma pessoa que berrava a mesma coisa.

“A vida é muito curta para chorar pela ex”

Disse ele, chorando outra vez pela ex.

Eu perdi minha liberdade criativa

Disse ele, preso à própria ideia de estimular uma criatividade

“Eu sou um cara legal”

Dalai Lama, Jesus Cristo, ou qualquer outro personagem “legal” jamais disse algo assim.

Eu nunca... jamais fiz...

Tá fazendo agora.

Eu sou diferente, único! por conta disso, disso e disso!

Perdi as contas de quantos falaram isso

Às vezes os mesmos ' issos'

muitas vezes eu.

“Eu sou obcecado em espirais!” Um estranho me disse

“Ora” eu completo

“ A espiral já é a própria obsessão!

dança

É uma dança

É a nossa dança

Eu ainda me lembro de quando você abandonou a pista pela primeira vez

E pela segunda...

A gente era desengonçado

E alguns acham o desengonço bonito

Incluindo eu

Achava que assim como uma criança dócil e sensível

Cuida de um passarinho com asas quebradas

(Um filme gravado)

Eu poderia ser os seus passos na pista de dança

E tentando através do reflexo

Do globo espelhado

Cavoucar todas as versões de você que você escondia do mundo

Mas esse não é meu papel

Nunca foi

Eu dava dois passos para a frente

E você dois passos para trás

E quando você ousava dar um passo à frente

Eu me apavorava

E dava dez

E você dava dez pra trás

Um passo para frente, dois para trás

Dois passos para frente, três para trás

E assim por diante

Eu dava dois para frente

E você dois para trás

A verdade

É que uma dança

Só pode existir

Veja a passada para igual.

O QUE DIABOS HÁ DE ERRADO COMIGO?

Esse foi o grito de um privilegiado em desprivilégio

O que há de errado comigo, se tudo é perfeito? - Pensou deitado na sua jacuzi - Seria uma forma de ingratidão sentir-se desafortunado mesmo sem uma biografia melancólica, ou só reflexo do Meu Deus Narciso por saber que carregou comigo uma percepção externa tão precisa do mundo?  

Talvez imprecisa

Todo mundo acha que a sua percepção é precisa

Mas ele tinha certeza, pois nasceu e cresceu como observador. Agia menos que calculava, e quando agia, agia sem calcular.

Sorte e herança.

Se as estradas bipartidas que trilho na vida me levaram, caminhos que dentro do meu íntimo tem uma solitária e só crescente ativando por autoimposição?

Não importa em quantos galhos a árvore se divida, os ramos sempre acabam em folhas verdes.

Seus recursos não têm muitas questões sobre o tempo pensado para pensar, muitas abordam questões sobre sua vida estudando questões mundanas após o dia, sem nenhum descanso pra se questionar como grandessíssimas da vida, e não se sentem privilegiados por isso.

O homem, sentindo-se menos privilegiado que seus funcionários estão exercendo funções de lacaio exercendo

Sentindo-se mal por isso, pois no fundo ele tinha consciência social

Mas ele sabia que o dinheiro podia ser uma maldição, por trazer consigo mesmo o tédio.

Talvez sobreviver seja melhor que tentar viver

Ele liga o som no mais alto possível.

A música: Santé, do Stromae.

À ceux qui n'en ont pas

essa cidade está cheia de...

Não respeitam meu sotaque

Tenha seu próprio dialeto

(neutro!)

Sentem-se roubados

Ameaçados

Como se eu roubando seu próprio espaço

Espaço determinado por quem? 

Pelo governo ... D emarcado? 

Uma linha imaginária que não faz sentido nem na metafísica.

Eles são usura

Sentem seu espaço sendo tomado

Enquanto eu tento procurar o meu no mundo

Em qualquer lugar que não conheça o meu

Vejo os indo e vindo a lazer

Enquanto você trabalha

Exibindo felicidade no lugar de onde eu vim

Como se o sol fosse um máximo

Indo e cobiçando o lugar que dizem para eu voltar

“volta para o lugar de onde você veio!”

Máquinas fundidas e infelizes

Carimbando e clicando das oito ás seis

O que a diferença de mim é um ar condicionado

Fala sério... seu lugar não é um máximo!

Não quero roubar seu espaço

Vinte mil habitantes você não se sentiria espaçoso nem se tivesse dez metros!

Separe-se, achando que vai meu estado...

Meu estado marginalizado, que se ferra pelo desamparo

D o governo  demarcado

Mas também se ferra pela interferência do estado

É de lá que vem o trabalho

É de lá que vem o turismo

É de lá quem a tapioca

O bregafunk que também fala de piroca

Parem de nos copiar primeiro

E depois eu penso se posso estar tomando o seu lugar.

nazar tumi

A mercê da sorte, dessa vez.

Preciso da sorte, só mais essa vez.

Precido de você, só mais essa vez.

Vivo constantemente na corda bamba

Às vezes cambaleio, às vezes me esqueço

Às vezes me permito. Até que a corda bambi.

Quando desfruto do conforto é um risco. Mesmo quando sigo o princípio da dádiva do presente

Faça o contrário da preocupação

Parece um risco imprudente

Uma escolha de relaxar em meio ao caos de não olhar para as costas. Abrir uma lata enquanto tudo explodir.

É necessário quando não há nada a fazer.

Mas a corda bambeiou outra vez.

Estou sob risco de queda.

Relaxei demais... talvez uma pressão aumentou.

Mas agora não há nada a fazer.

Há o que não-mais-fazer.

Mas nada a fazer.

Preciso da sorte só mas essa vez.

Só mais uma vez.

“Eu tô meio desligado hoje” Disse o poeta, com uma arma sob sua cabeça, um famoso calibre 08:55 AM. Uma arma potente que atira em Tic Tac; uma vez que... talvez não exista? Afinal, quem disse ser uma corrida? Se perguntava, mesmo sabendo a resposta

Ele tinha mais dúvida se aquela arma era social ou pessoal. De onde vinha a cobrança? Isso importa? Seus discursos bucólicos que dava para outras pessoas como  “Nunca é cedo ou tarde demais” “Temos nosso próprio tempo”   duplipensavam com seus outros   “A vida é um sopro” “Todos podemos morrer amanhã”. Além de aspirante à tudo, e profissional em nada, ele se sente um grande hipócrita.

A cada sopro da vida ele ficou mais agarrado, escrever era seu ponto de descanso “Justo ele que não faz nada, tão cansado?”

Pensava nessa frase sobre aspas, mas sem saber quem foi que disse.

Resfriado, dopado, mas o bastante ele nunca escarrava suas palavras em uma folha, seca as vírgulas numa camisa velha embolada em cima do sofá. Uma criação vai vir ao acordar com ela na testa. Nojo do seu eu mais genuíno.

Para quem estava desligado, sua mente era um grande turbilhão de ideias boas.

é um ponto brilhante no escuro

É o sol da madrugada, tão simples como abstrato, não diz nada sobre nada, ainda assim, fascinante. Seja cheia, seja minguada.

É simpatizar com o desconhecido, ou com o que achamos que sabemos. Mas nem tudo tem significado, a sensibilidade é o ponto marcado

Talvez seja melhor assim...

É a inquietação do silêncio, o recheio do vazio, é o universo te receitando meditação.

Nem tudo tem resposta, é no silêncio e no belo, que se encontra a perdição.

Eles não sabem de nada! E a gente também não...

...

....

.....

VOCÊS TAMBÉM ACHARAM ISSO RIDÍCULO?

Não deixo de pensar em como ela é uma coitada. Como ela não fala, nem para se manifestar que não fala.

Como alternativas vazias, que não gostam de ser só por ser, são defendidas em estética, atribuindo diferentes astros em todos os significados mundanos a um ponto de fuga, só por parecer descolado.

Culpa deles? Não... O que eu estou fazendo aqui é exatamente o que eles fazem, me contradizendo outra vez, negando ser eles, repetindo suas atitudes. Falar sobre o vazio e sobre a falta de significado (ou nosso acesso a ela) não é um jeito de ficar atribuindo significado?

Eu também sou cobrado

A questão é que falta de sentido daqui, eles contestaram lá. E convenhamos que embora não falte informação, ainda falta argumentos convincentes aqui...

Simpatizar com o desconhecido ou com o que achamos que sabemos? Ou um ou outro...

Aqui é tão cheio... eu quero me esvaziar. Eu quero meditar. Um ponto branco pode um vazio, olhar para o vazio que faz dos lixos que me atende ser na gente todos os dias. Querendo ou não, olhar para o vazio me enche.

a água e a pedra

Água mole em pedra dura

Tanto bate até que fura

Água chata

Pedra furada

Maculada

Impura e estressada

Água chata dura, ondulada serpenteante

“Ondumlado onduoutro”

Pedra mole catatônica e estática.

A pedra tá quietinha no canto dela

Porque a água tem que vir e encher a porra do saco?

Água chata

Pedra furada, maculada

Alvejada, peneirada

São tantos adjetivos para palavras que indicam um pedaço faltando

Poucos nomes para como preencher esses buracos

Ainda bem...

Se muitos, todos são uma mentira.

Dizem muito sobre a pedra furada, mas nunca dizem sobre o queijo suíço...

O jeito que a água se move num riacho é como meus laços de estresse escorrem pela minha íris.

Estou sempre em movimento, como a água... nem sempre ondulando tão rápido quanto a lua exige na maré

Mas estou sempre apanhando e sendo furado, como a pedra.

Mas por quem?

Pela água e pela lua.

Afinal, qual dos dois eu sou?

Sempre agitado, mas “não tão rápido!”

quem sou eu?

vezes na calada da noite, da madrugada, ou até aquele meio tempo de silêncio que meio dia e as duas da tarde, (sabe?) me transporto para perto de você. Mas não existe nada de empoderamento, não é um sinal de independência disso, e sim de vícios inexoráveis, tão imaculado que nos deixamos.

Todos que dizem sobre a minha condição aparentemente debochar, (não diretamente, mas não só o fato de dizerem que é tão importante assim, é um verso quase capaz de me matar). Quando você pensa que está livre de mim, o mercado negro aparece com uma prateleira nova de desejos.

O que no entanto me torna mais perigoso é o fato de eu ser gratuito, infinito, tão infinito ao ponto que ninguém mais saiba se a oferta é maior que a demanda.

eu não te sua talvez sua rede elétrica, mas a felicidade com sua vai vender. Tudo isso por causa de um sistema de recompensas idiota que te ofereço; e você acata, volta pra mim e chora. Às vezes chora voltando, antes de acabar

 Como disse. É justamente o fato de eu não destruir no dia seguinte que te faço perder sua sanidade, gradual e sempre, como a democracia morta ou a liberdade fatiada.

Foi o que ela me disse, noite passada. Eu esculto que suas palavras são as mesmas que me alertam tanto quanto e são menos ignorantes.

Terry, Billie, Ozzy, Kim e Robert abriram meus olhos quanto a isso, muitos dizem que até mesmo a substância dessa droga é prejudicial a si mesma,... e eu confirmo, levou muita gente na casa dos quatro-ponto-zero.

Então se eu te digo ''Apenas pare'', apenas me ouça.

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