A beleza do ensino personalizado

Atualmente o ensino personalizado e individualizado é confundido com a falácia de que cada criança tem seu tempo. Por exemplo, se a criança não consegue executar determinada tarefa é comum dizerem: ainda não está no tempo dela, ela é única, um ser individual e deve ser respeitada. Dessa forma o ensino personalizado é considerado nesse contexto e há uma superestimação desse conceito e utilização exagerada da frase citada.

Porém o grande problema em utilizá-la é que frequentemente ela está associada a um contexto socioconstrutivista, onde não há um ensino explícito do que a criança precisa de fato aprender e prioriza-se uma aprendizagem construída pela própria criança a partir do seu contato com o ambiente e maturação cerebral e cognitiva. O aluno é colocado na posição de próprio aprendiz a partir da sua interação com o meio e que o professor deve adotar uma atitude de intervenção ou mediação a partir das hipóteses levantadas pela criança. Assim, os métodos necessários para avançar na aprendizagem são desqualificados e as reflexões sobre a língua devem ser espontâneas e ocorrerem de maneira natural como parte do desenvolvimento cognitivo da criança. Nesse caso, se a criança não aprender algo adequadamente simplesmente é porque ainda não chegou seu tempo.

Na concepção socioconstrutivista na alfabetização, a leitura seria algo natural, inato, decorrente do simples contato da criança com a oralidade, premissa já refutada nas últimas décadas sobre a aquisição da leitura. Essa abordagem é maléfica, pois deixa de ensinar para a criança de imediato àquilo que ela precisa aprender para ler e escrever corretamente, depositando muita expectativa no protagonismo da criança e no surgimento do seu próprio conhecimento. O que já foi devidamente comprovado que não ocorre naturalmente, para a criança aprender a ler não basta contato com um ambiente letrado ou desenvolvimento cognitivo, ela precisa passar por etapas específicas de aprendizagem que só um ensino explícito da relação letra-som permite que todas as crianças tenham a mesma chance de aprender.  Por isso que não se trata de um ensino personalizado ou individualizado, mas sim de falta de ensino explícito.