Barbieri já foi pedido de volta no Fla, hoje encara crise, mas Red Bull Bragantino não o demite. Entenda

São oito jogos sem vitória e quatro eliminações, três em menos de uma semana. O Red Bull Bragantino ficou pelo caminho no campeonato paulista, batido, novamente, pelo Palmeiras na semifinal, deixando de uma vez as duas competições da Conmebol.

Terminou em quarto em seu grupo da Libertadores, atrás de Estudiantes, Vélez Sarsfield e Nacional de Montevidéu. Assim, caiu não só da principal competição do continente, como sequer se encaixou na Copa Sul-americana, da qual é o atual vice-campeão.

Ficasse em terceiro o time de Bragança Paulista teria a chance de lutar pelo título perdido para o Athletico em 2021, quando fez, na decisão, uma de suas piores partidas em toda a temporada. Já ali a equipe dava alguns sinais de queda em seu rendimento.

Mas o cenário ficou ainda mais complicado com a eliminação da Copa do Brasil. Terça-feira, jogando em casa depois de ter vencido o Goiás como visitante, o Red Bull Bragantino perdeu por 1 a 0. E acabou sendo despachado do mata-mata nos pênaltis.

Maurício Barbieri, ex-Flamengo, comanda o time desde setembro de 2020. Sua participação foi importante no crescimento da equipe, que fez ótimo segundo turno naquele ano, chegando à Sul-americana. E à Libertadores no seguinte, via Campeonato Brasileiro.

Houve momentos nos quais, insatisfeitos com os treinadores do momento, rubro-negros sugeriram sua recontratação. Sim, o jovem técnico esteve em alta, sendo elogiado com frequência pelo trabalho, algumas vezes com exageros, dando a sensação de que a pessoa não vê os jogos.

Mas sua saída do clube carioca, em 2018, ocorreu justamente após uma desclassificação da Copa do Brasil, quando foi batido pelo mesmo técnico, Jair Ventura, então no Corinthians. Ali ele deu lugar a Dorival Júnior, depois passou rapidamente por CSA, América Mineiro e pelo próprio Goiás.

A dificuldade encontrada diante de um oponente que sempre atua fechado, jogando "por uma bola", é a mesma. Com a série de partidas sem vencer somada às eliminações, o mais "normal" no futebol brasileiro seria sua demissão. Afinal, por que o clube o mantém?

No Red Bull Bragantino há a consciência de que Barbieri ainda encontra dificuldades diante de quem atua no modelo típico de Jair Ventura. Entende-se que o treinador é jovem, tendo feito trabalho mais longo no próprio Flamengo e necessita superar etapas de um processo.

Apesar da estrutura, entende-se que ele encara, pela primeira vez, uma crise séria nesses quase dois anos. O time da multinacional busca reequilibrar as coisas, não crê que, nesse momento, pensando na construção do clube uma mudança ofereceria o que se pretende.

Ao contrário do comportamento padrão do futebol brasileiro, no Red Bull Bragantino há a ideia de que uma troca de treinador talvez funcionasse no momento inicial, algo realmente muito comum. Mas como sustentar depois de algumas partidas e manter a consistência?

Certa ou não, a conclusão é de que seria mais difícil alcançar os objetivos traçados com alguém vindo de fora, que herdaria o elenco no meio da temporada. O clube admite os problemas e tem seu diagnóstico interno, mas busca as soluções dentro dele.

Na auto-avaliação feita em Bragança Paulista, nota-se que o processo em construção andou rápido no primeiro momento, imprensa e adversários os veem de outra forma e a expectativa subiu. Contudo, o grupo não vem conseguindo enfrentar bem tal fase.

Para o Red Bull Bragantino, Barbieri ainda tem um caminho grande para melhorar em vários aspectos para atingir o nível de treinador que, acreditam, pode alcançar pelo conhecimento técnico. Cientes de que isso não basta e a estrutura ajuda, mas há outros predicados necessários.

Por ser um projeto único no país, realmente profissional e sem a pressão inerente às agremiações com grandes torcidas, o Red Bull Bragantino pode, e ousa, sair do ciclo vicioso de nosso futebol, o interminável demite-contrata.

Você faria o mesmo?