Na análise anual do Itaú/BBA, feita a partir de balanços dos clubes, o cenário econômico do Corinthians em 2020 apontava dois pontos positivos. Um deles o aumento na receita com venda de atletas. Outro, o alongamentos de passivos fiscais. Pou...
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Na análise anual do Itaú/BBA, feita a partir de balanços dos clubes, o cenário econômico do Corinthians em 2020 apontava dois pontos positivos. Um deles o aumento na receita com venda de atletas. Outro, o alongamentos de passivos fiscais. Pouco diante dos aspectos negativos. | ||
No ano passado o desempenho esportivo ficou abaixo do ideal, o clube não teve bom fluxo de caixa, viu as dívidas de todos os tipos crescerem e fez investimentos além da própria capacidade. Tudo isso está claro, didaticamente apresentado nas nove páginas dedicadas à agremiação no rico relatório. | ||
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Já no espaço dedicado ao São Paulo, os analistas comandados por Cesar Grafietti apontaram como pontos positivos o desempenho esportivo na Série A, com a classificação para a Libertadores, inclusive. Houve, ainda, a venda de atletas voltando ao nível necessário para equilibrar as contas e a redução de investimentos, de custos, mais adequada à realidade tricolor. | ||
Mas nem tudo era elogiável no clube durante o último ano da gestão Leco. Carlos Augusto de Barros e Silva deixou a presidência são-paulina na virada do ano. E na análise do Itaú/BBA, sua temporada derradeira teve aumento do endividamento, custos financeiros elevados e dependência da venda de jogadores para fechar contas. | ||
Júlio Casares, que o sucedeu, admitiu, inclusive, o passivo com o jogador mais caro do elenco, Daniel Alves, que em abril girava em torno de R$ 11 milhões. "Essa dívida é composta por direitos de imagens e por [um] bônus que foi feito no contrato", explicou, na ocasião, o atual mandatário. | ||
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"Acabaram os créditos (...). Não há mais espaço e alternativas para o Corinthians que não seja uma reestruturação profunda. Não dá para responsabilizar apenas a pandemia. O clube vem de gastos e investimentos elevados (...), e nos dois últimos anos isso contribuiu muito para o cenário de crescimento assustador das dívidas". | ||
As primeiras linhas das conclusões sobre o clube não deixam dúvidas. Os corintianos precisam cortar na carne. Como? Reduzindo despesas, trabalhando com um elenco mais barato que pelo menos o assegure na primeira divisão e buscando novas receitas para reduzir o endividamento pouco a pouco. | ||
Sobre o São Paulo, a análise aponta a manutenção de "uma política equivocada de gastar mais do que arrecada, precisando vender atletas para fechar as contas", além da incapacidade de colocar em prática programas eficientes de sócios torcedores. A receita com publicidade e marketing é considerada aquém do potencial tricolor, afinal o clube tem a terceira maior torcida do país. | ||
"Para completar, as dívidas só crescem, porque o clube investe muito e mal, mesmo tendo categorias de base que formam muitos atletas para serem negociados, (...) as contas estão sempre no vermelho", acrescenta o documento. Pontos em comum com o rival alvinegro, sobre o qual o Itaú/BBA enfatiza que "a conta ficou salgada". | ||
Mesmo assim o Corinthians foi ao mercado em busca de jogadores que não são baratos, casos de Renato Augusto e Giuliano. E crescem os rumores sobre a chegada de Roger Guedes. Há quem alegue que o clube reduziu a folha de pagamento com a saída de atletas, mas no cenário atual, é como trocar seis por meia dúzia, ou algo próximo. | ||
Ex-dirigente na gestão Andres Sanchez, Duilio Monteiro Alves assumiu a presidência no final do ano passado e em abril de 2021 disse em entrevista à Folha de S. Paulo: "O nosso campeonato neste ano é pagar contas". Pelo jeito mudou de competição. | ||
O São Paulo, por sua vez, não consegue acertar as contas com sua maior estrela, mesmo assim, sonha com Dario Benedetto. O argentino foi vendido pelo Boca Juniors ao Olympique de Marselha em 2019 por 14 milhões de euros e, obviamente, está habituado a receber em dia salários pagos na valorizada moeda europeia. | ||
Dirigentes chegam ao poder prometendo reestruturação e responsabilidade administrativo-financeira. Na prática, não resistem, querem colocar seus nomes na lista dos cartolas vencedores. Mesmo que contratações não lhes assegure êxito esportivo. Mas feitas sem condições econômicas para tal, são certeza de clubes cada vez mais encalacrados. É a única receita que eles conhecem de verdade. |