Disrupção na prática
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Disrupção na prática

Disrupção, é uma palavra da moda. E como tudo que está na moda, a visão passa a ser muito romântica, quase como o que as pessoas tem de uma celebridade. A maioria das pessoas acha que o processo disruptivo - um produto, um serviço disruptivo ...

Ale Netto
5 min
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Disrupção, é uma palavra da moda. E como tudo que está na moda, a visão passa a ser muito romântica, quase como o que as pessoas tem de uma celebridade. A maioria das pessoas acha que o processo disruptivo - um produto, um serviço disruptivo - surge com uma grande ideia e de cara aquilo muda tudo e faz com que nada seja como antes. No mundo real, quase nunca é assim que funciona. E exatamente por isso eu resolvi contar um pouco quais são as fases mais comuns dos produtos, dos processos disruptivos, dos projetos e empresas disruptivas que vem surgindo nos últimos 10 anos.

Na maioria dos casos esses processos começam na primeira fase com digitalização. Alguma coisa que era feita no mundo físico, passa a ser feita de forma mais rápida, mais eficiente e mais barata no mundo virtual. Mas quem acha que a partir daí tudo vai dar certo, ledo engano. Quase sempre esse processo, inicialmente, como ela ainda não tem escala, como ainda está sendo testado, ele tem problemas. Ele não é tão eficiente como esperasse que ela possa ser no futuro, ele muitas vezes ainda é caro, e o resultado é que a segunda fase, é decepção - a sensação de que aquilo que vinha para mudar o mundo, na realidade é só uma febre, que vai passar e que não vai deixar marcas maiores. Os processos que são realmente disruptivos, e vários deles de fato morrem nessa segunda fase, mas os que passam pelo teste, os que ficam, quando chegam no momento em que a tecnologia fica barata o suficiente e boa o suficiente, a disrupção realmente acontece.

Disrupção nada mais é do que pegar um processo, um produto, um serviço anterior e a partir da criação de algo novo, melhor, fazer com que aquele anterior fique obsoleto. E é aí que acontece a nossa terceira fase, a melhoria, que prova que esse produto novo, é verdadeiramente superior ao que vinha antes. E então é que chegamos ao quarto estágio, que pelo menos na maior parte de tecnologias disruptivas digitais tem acontecido, que é a desmonetização. Significa, em poucas palavras, que o que era caro fica barato, e por consequência acessível à uma quantidade de gente muito maior - aliás é o fato de que possa ser acessível numa quantidade muito maior nos meios digitais, que permite que algo que antes era vendido por preços muito maiores, agora possa ser vendido por preços menores. Um exemplo disso é o Spotify, ele desmonetizou completamente a indústria da música, o que aconteceu é que as pessoas passaram a ter acesso não só à música que elas queriam, mas à um preço muito melhor e uma quantidade muito maior do que era possível antes.

O quinto estágio é a desmaterialização, e esse exemplo da música é um bom exemplo, se a gente for avaliar lá atrás, a gente tinha CDs que de repente deixam de existir e a música passa a estar no bolso de todos nós, no formato eletrônico, não mais em formato físico. Mas isso vai muito além da música, a gente pode pensar nas câmeras fotográficas que foram parar nos nossos smartphones ou gravadores de voz, calculadoras e tantas outras coisas. A gente continua chamando de telefone algo que hoje está no nosso bolso, os smartphones, que no fundo, no fundo, cada vez mais, eles se parecem com processos das Swiss Knifes, os canivetes suíços, onde a gente vai colocando novas funções e cada vez mais o que a gente tem é não um único produto, mas um produto que cumpre múltiplas funções. E a partir daí chega a sexta e última fase, que é a democratização, que é quando aquilo começa a ficar acessível à um número gigantesco de pessoas, e isso aconteceu com várias tecnologias, o próprio smartphone é um ótimo exemplo, hoje temos no mundo um número de smartphones que se aproxima do número da população mundial - praticamente um pra cada habitante, e rapidinho vai passar disso.

Esse processo final é o último nível quando algo que antes era inovador, passa a ser adotado por todos, e muitas vezes, e como é o exemplo de algumas tecnologias que, a partir dessas disrupções, ficaram abaladas, como é o caso das máquinas fotográficas - pensar em fotografia que não seja digital hoje é algo impensável e toda indústria teve que se reorganizar, como também a indústria da música, e isso vem acontecendo em um ritmo cada vez maior e provavelmente só vai se acelerar. É por isso que é importante entender que, particularmente, aquele segundo estágio, o da decepção, faz parte do processo. Ele acontece porque as tecnologias nascentes não estão tão eficientes quanto como vão chegar a ser e, também, são caras demais.

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É bom lembrar que a própria IBM, quando lançou seus computadores, estimou que haveria no mundo inteiro, um mercado pra 10 grandes computadores no mundo. Hoje, TODOS NÓS, temos no bolso computadores mais potentes do que os que foram lançados décadas atrás. Isso aconteceu com o processo de barateamento e utilização da tecnologia. O importante é perceber que isso será cada vez mais amplo e atinge e vai atingir a forma como vivemos e trabalhamos. No seu caso, o que é a disrupção que vai mexer com você? Como você vai se posicionar e fazer com que isso jogue a seu favor, e não contra você?

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