Será que vai chover?
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Será que vai chover?

O alerta costuma chegar pelo celular, mas também está nas rádios, TVs e se bobear até em sinal de fumaça. 

Eduardo Barão
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O alerta costuma chegar pelo celular, mas também está nas rádios, TVs e se bobear até em sinal de fumaça. 

- Moradores de Nova Iorque se preparem porque 19 horas dessa segunda-feira vai chover forte. Procurem abrigo e evitem áreas que alagam. 

Acostumado com a previsão do tempo no Brasil, confesso que na primeira vez que recebi a mensagem, não acreditei. Estava nublado, é verdade, mas não tinha a menor pinta de que ia desabar o mundo. Até porque o alerta chegou um dia antes. Depois, repetiram mais algumas vezes a recomendação. Fiquei perto de casa e tive de sair correndo porque São Pedro foi pontual. 19h00 daquela segunda-feira, Nova Iorque ficou debaixo d’água, com ares de Marginal do Tietê no verão. 

Sujeito a chuvas e trovoadas
Sujeito a chuvas e trovoadas

Os acertos se repetiram com uma precisão britânica, ou americana mesmo. Neve na quarta-feira, 11h42 - na mosca, ou no gelo. Vendaval começando 22h13 do sábado e terminando 5h11 do domingo e tudo começa a sair voando. 

Trabalhei por anos com diferentes meteorologistas no Brasil e sempre questionei o motivo de não termos uma aferição tão precisa como constatei na prática por aqui. Cansei de ver previsões sendo feitas que não se concretizavam. Nunca fiz papel corporativo e pegava no pé mesmo dos “equívocos”, que não eram poucos. 

- Mas por que tantos erros? 

Estava um sol de rachar
Estava um sol de rachar

A explicação para essa imprecisão era uma só: falta de dados. Não dá para se comparar a quantidade de radares, estações meteorológicas, super computadores, treinamento e manutenção presentes nos dois países. 

À grosso modo, por aqui é possível saber em que bairro o mundo vai cair um dia antes. Em São Paulo, por exemplo, um dia antes é possível prever a chuva, sem ter a certeza de qual região da cidade ela virá e com qual intensidade. E isso faz toda a diferença.  

Sei que muitos estão preocupados com a roupa que vão usar para ir ao trabalho ou se vai dar praia no feriado. Mas o aquecimento global fez com a previsão do tempo se transformasse não apenas numa dúvida se levo ou não o guarda-chuva. Mas se vou sair vivo de uma tempestade de raios, de queda de árvore, tornado ou furacão. Sem falar, do agronegócio, principal mola propulsora da economia brasileira, que sofre frequentemente com geadas ou outras intempéries que poderiam ser minimizadas 

Não me parece que esteja no radar, fazendo um trocadilho, qualquer mudança de política com investimentos maiores nesse setor. Mas se trata de uma área estratégica em que cada vez mais a precisão do que vai acontecer no tempo será vital na vida de todos nós.