Xuxa so para Tiktokers
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Xuxa so para Tiktokers

Ja parou para pensar como a Xuxa atravessa gerações?

Echoa | The Creator's Land
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Texto escrito por: Ronaldo Raposo

Eu tenho um sobrinho de 5 anos. Apesar de termos uma diferença de 15 anos, ainda fico bastante irritado pelo fato de ele ganhar presente dia 12 de outubro e eu não. Tenho uma ótima relação com ele e ainda não consigo acreditar que, apesar da nossa proximidade, existe toda uma vida que nos separa -- não somente uma vida, mas uma geração.

Como bom tio que sou, costumo me oferecer para levá-lo às festinhas da creche que ele é convidado. Nem sempre os pais podem e, bom, eu faço esse esforço por ele (na verdade, tem muito interesse envolvido: festa de criança é uma das melhores coisas já criadas, e não sei porque a gente abre mão dos docinhos e salgadinhos ao longo dos anos).

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Como disse, temos uma diferença de 15 anos. Ele já nasceu totalmente digital, aprendendo a pular anúncio do YouTube antes mesmo de formar sílabas. Apesar de incrível, isso também é um pouco assustador: as crianças da idade dele aprendem coreografias antes mesmo de conseguirem andar em linha reta.

E foi nessa festinha de uma coleguinha dele, que estava fazendo 6 anos, que eu percebi como eles são altamente avançados para idade. Todos brincavam, claro, como crianças, mas alguns já carregavam seus celulares no bolso e um grupo se concentrava em torno de um iPad. Do outro lado, algumas meninas brincavam com itens do BTS, portando também um pop-its em mãos.

Em um determinado momento, ouço a voz de anjo dizendo: "Tudo pode ser, se quiser será, o sonho sempre vem pra quem sonhar". De algum lugar das profundezas do Spotify resgataram Xuxa, a própria. O choque maior veio quando percebi que outras crianças cantarolavam alguns trechos, como quem diz "é, otário, eu conheço Xuxa sim" (ok, talvez eles não estivessem pensando isso, mas foi o que passou na minha cabeça).

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Essa aparição quase messiânica me pôs a pensar sobre como alguém consegue criar algo que perpasse o tempo: por um momento, a diferença de 15 anos entre mim e meu sobrinho ficou para trás, sendo que eu jamais mostrei qualquer música dela para ele. Xuxa colocou o nome dela na história, e suas composições são lembradas quase que organicamente.

Após ter feito minha boquinha de cachorro-quente, coxinha e guaraná (ok, confesso que peguei um docinho da mesa), fiquei pensando nas táticas da Xuxa para viabilizar isso, enquanto, claro, fitava sem parar minha criança entre aquele mar de almas inquietas -- vulgo as outras crianças. O que a Xuxa tem para ensinar sobre produção de conteúdo atemporal?

  • Ela sempre manteve-se ativa. Independente de estar em uma emissora ou outra, e apesar das mudanças ao longo dos anos, a sua figura esteve presente nas diferentes plataformas de mídia.
  • Ela sabia dosar bem a utilização de assuntos em alta, de modo que incorporava em suas músicas jargões e linguajares correspondentes ao conteúdo criado, sem que se tornasse algo muito específico.
  • Ela tinha a sua marca. Não importa qual ritmo ela estivesse cantando, sua personalidade era automaticamente associada a seu nome, independente do ano ou período. Ela era, é e será sempre a Xuxa.
  • Ela sempre foi transparente com o público. Vez ou outra resgatam algum vídeo engraçado (e, no mínimo, curioso) do seu jeito com crianças, mas ela sempre deixou claro que se via como igual a elas. Sua transparência gera previsibilidade, blindando-a assim de autos antigos.
  • Mesmo quando se inspirava, ela ainda dava seu toque final à produção. Xuxa possui músicas e composições similares a outras já conhecidas, mas seu jeito de interpretá-las a coloca num lugar distinto, único e só seu.

Você já pensou que da Xuxa seria possível extrair conhecimento? Caso sim, parabéns, você está à frente do seu tempo. Caso não, e você só tenha chegado a essa conclusão agora comigo, conseguiu perceber também onde eu quero chegar: tornar algo atemporal pouco tem a ver com o entorno, mas muito sobre você.

Muitos creators estourados em 2014 hoje não passam de arquivos digitalmente empoeirados. Frase forte, né? Mas não é mentira. Seu sucesso não pode ficar para sempre ancorado ao período que você se encontra. A priori, isso não cabe a nós, afinal, nosso momento de brilhar pode chegar de diferentes maneiras.

Contudo, a forma como você lida com o público que se interessa pelo seu conteúdo e a maneira que você os conduz pelas suas mudanças profissionais e pessoais é o que te torna uma Xuxa em vez de poeira. Pense sobre isso!

👤 QUANDO ISSO AQUI TUDO ERA MATO...

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Se você não conhece o Garotas Estúpidas, bem-vind@ à Terra! Imagino que você estava fora de órbita nos últimos 15 anos. Camila Coutinho foi a primeira influencer e blogueira do Brasil: em 2006, criou seu blog GE, que no ano de 2013 galgou a posição de blog mais influente do mundo da moda. Tendo sido o primeiro blog que acessei na vida, a supresa: ela tá aí até hoje. Me viu crescer e tudo. Camila é um super exemplo de adaptabilidade: a moda muda, assim como a produção de conteúdo. De 2006 a 2021, uma coisa é certa: essa daí sabe o que faz!

📚 RONALDICAS

Às vezes parece bastante complicado pensar de forma atemporal se nossas metas e objetivos são a curto prazo, ou se não temos muita ideia de para onde desejamos levar o nosso trabalho. Nesse sentido, organização pessoal e priorização de objetivos são aspectos importantíssimos na nossa jornada. Você conhece o LifeLabs Learning?

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A plataforma busca tratar de tópicos essenciais para o desenvolvimento pessoal de cada um, sobretudo daqueles que se enxergam como líderes de seus projetos ou de suas comunidades. Ter soft skills elevadas é, sobretudo hoje em dia, um ponto bastante priorizado em múltiplos meios, e eles buscam tratar justamente desses hotspots. Por meio da facilitação de encontro e Workshops, você é apresentado a ferramentas e insights que permitirão você a enxergar seu caminho com maior clareza -- ou, pelo menos, se questionar sobre seu próprio caminho. Pude participar de um treinamento justamente sobre Priorização de Metas e foi bastante life-changing para mim. Pode ser para você também!

🏞️ O QUE MAIS ROLA NA CREATORSFERA...

  • Minecraft me preparou pra esse momento. Um terreno virtual na plataforma Decentraland foi vendido por 2,4 milhões de dólares, em criptomoedas. Em tempos de Metaverso, quem tem terra (digital) tem tudo. Agora a pergunta que fica é: quem habita essa terra? Os avatares da família Kardashian-Jenner?
  • Respirar o mesmo ar virtual que seu ídolo? O assunto Metaverso por aqui é igual calça skinny: sempre volta. A bola da vez é Justin Bieber, que realizará um show no Metaverso da plataforma Wave. As definições de "ser fã" foram atualizadas!
  • Ajuda, Luciano! Creators gritaram "socorro!" e a Hubla parece ter atendido: a Startup Hubla, que tem por objetivo oferecer infraestrutura para produtores de conteúdo gerenciarem comunidades pagas dentro de apps de mensagem, levantou R$ 60 milhões para ajudar mais criadores a gerenciarem seus conteúdos nessas plataformas.
  • De ameaças a dancinhas do TikTok. O passarinho verde do Duolingo tem dado o que falar após entrar no hit do verão: a plataforma TikTok. Quem nunca recebeu uma ameaça dele por notificação? Agora ele canta, dança e conta piada. Melhorou, né? E não sou eu que tô dizendo: a própria performance do app de línguas melhorou. Que reposicionamento de imagem, ein, passarinho?