Diário da Copa 04 - Calmaria e Susto
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Diário da Copa 04 - Calmaria e Susto

O grupo D, desde seu sorteio, se desenhava bem claro e sem muita margem para surpresas, a França chegava como atual campeã e mantinha uma base sólida desde o título, Dinamarca chegando com o melhor futebol dos times europeus, junto de uma Tun...

Enrich Vasconcelos11/24/2022
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O grupo D, desde seu sorteio, se desenhava bem claro e sem muita margem para surpresas, a França chegava como atual campeã e mantinha uma base sólida desde o título, Dinamarca chegando com o melhor futebol dos times europeus, junto de uma Tunísia sem criatividade e uma Australia que ia ao Qatar como a seleção mais fraca da Copa, de alguma forma vencendo um Peru, que possuía muito mais força durante o ciclo.

Restava saber se as grandes instabilidades que ocorreram com ambos os europeus afetariam o resultado final disso:

Dinamarca x Tunísia - Sem problemas para o coração.

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O primeiro jogo do grupo D se daria entre duas equipes bem diferentes.

De um lado, Tunísia, uma das seleções com a menor profundidade de talento de toda a competição, com apenas 3 jogadores convocados jogando nas principais ligas do planeta e nenhum deles atuando em equipes de referência, muito menos sendo grandes destaques nessas ligas. Coletivamente falando, a equipe africana não empolga, sendo a equipe com a menor média de gols por partida (feita ou sofrida) das eliminatórias africanas.

Do outro, a Dinamarca,  a qual aderi ao apelido carinhoso de Dinamáquina, chegava a copa com o futebol mais  empolgante das eliminatórias europeias, tendo também a melhor campanha junto da Alemanha, e também apresentava uma das histórias mais bonitas da copa e, por que não dizer também, do futebol.

Trata-se de Eriksen, meio-campista e principal astro do país. Faz pouco mais de um ano que, enquanto disputava uma partida de Eurocopa pela seleção dinamarquesa, Eriksen desabou em campo. Os jogadores ao seu redor rapidamente perceberam que havia algo de errado. Demoraram poucos segundos para a preocupação virar desespero e os médicos serem chamados aos exasperos. O coração do jogador havia parado e assim ficou por vários minutos. Um dos jogadores mais simpáticos e queridos dos últimos anos no futebol naquela situação chocou o mundo e foi um grande alívio quando anunciaram que ele estava bem e vivo.

A Dinamarca jogou todo o resto daquela Eurocopa, onde tiveram um desempenho brilhante, em homenagem ao seu companheiro de equipe que não poderia estar com eles. 

Agora, pouco mais de um ano depois, o país inteiro, e muito mais pessoas em todo o mundo, se uniram para ver Eriksen mais uma vez representando seu país, dessa vez pela Copa do Mundo.

Todas as emoções do jogo acabam por aí.

Assim como a Tunísia esperava, sua marcação forte e linhas compactas geraram muitas dificuldades para a Dinamarca, que por ser uma equipe mais focada em troca de passes e técnica, não conseguia quebrar as linhas, seja por uma falta de velocidade nas laterais, com toda a equipe da Dinamarca sendo essencialmente pesada, seja pela falta de um jogador de maior qualidade na origem da criação para encaixar passes mais verticais em direção à Eriksen, que muitas vezes tinha que voltar muito no campo para buscar a bola, o que dificultava a progressão da equipe como um todo.

A Tunísia então, sem sofrer pressões, se tornou dona das melhores chances da partida, apostando em bolas longas para seu veloz centroavante Jebali, que chegou a marcar um gol, este impedido, e ter outra oportunidade cara a cara com o goleiro, na qual o goleiro Schmeichel (excelente goleiro por falar nisso) fez a defesa da Copa até aqui, com um tapinha milagroso para jogar a bola pra escanteio. 

A Dinamarca começa a melhorar aos 20 minutos do segundo tempo, quando sua linha de 3 zagueiros é desfeita com a saída de Kjaer e a entrada do meio campista Jensen, que embora não tivesse a velocidade, possui uma grande capacidade de passe e ficou responsável por dar início as jogadas de construção dos europeus, e é dele que vem um passe belíssimo para Eriksen, entre linhas, que domina, avança e chuta de fora da área para obrigar o goleiro a fazer uma excelente defesa. E é desta defesa que sair o escanteio do lance de maior perigo do jogo, quando Eriksen levanta na área, a bola rebate em meio as disputas e sobra pra Cornelius, sem goleiro, definir. O atacante dinamarquês ERRA o tempo de bola, a mesma bate na trave e sai de campo.

Depois disso, a partida se encerrou sem muito mais a ser dito, com a Dinamarca controlando a bola, mas sem conseguir furar o bloqueio africano, mostrando também uma falta de sintonia diante do jogo físico dos Tunisianos.

O empate é tudo que a Tunísia queria, pois agora enfrentará a Austrália enquanto a Dinamarca tem que se recuperar de sua atuação contra a poderosa França, algo que nunca é tão fácil assim.

Destaques: Jensen (Dinamarca), Jebali (Tunísia), Eriksen (Dinamarca)

França x Austrália - A bruxa está de folga.

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A França, depois de ganhar a última copa, se aproximava ainda mais forte para este ano. Mas a aproximadamente um ano, após a eliminação precoce na Eurocopa, começou a apresentar grandes instabilidades. Conforme a Copa se aproximava, enquanto algumas estrelas como Mbappé e Benzema viviam a melhor fase de suas carreiras, a maioria daquela seleção que foi campeã com propriedade apresentava declínios em suas fases, por fim, muitas lesões começaram a minar o que seria o "11 titular" da equipe, mas mesmo assim a equipe possuía uma profundidade de talento suficiente para não deixar isso ser um problema.

Então quando a França veio a campo contra a Austrália, embora estivesse ligeiramente mais fraca do que na Copa passada, ainda era uma seleção respeitável e favorita à título. Mas então o jogo começou e a Austrália, novamente, a pior seleção dessa Copa, começou a pressionar a França, com uma imposição física intensa e um jogo de velocidade afiado. É então que, aos 9 minutos, em uma jogada pela direita (lado esquerdo da França), Leckie se livra de L. Hernández (que no lance acaba tendo um grave rompimento de ligamento e está fora da Copa), cruza a bola e encontra Goodwin, que abre o placar.

Com todas essas lesões, incluindo a que tinha acabado de acontecer, os problemas internos da seleção, que há meses vinha tendo dificuldade pra lidar com o ego de Mbappé, e este gol (tendo a Argentina já sofrido uma derrota para uma zebra no mesmo dia), todos esperavam que a frase "A bruxa está solta" tivesse acabado de recair sobre os atuais campeões. Mas esse momento foi o ponto de virada para os europeus.

Com a lesão de Lucas Hernández (lateral um pouco mais defensivo), entrou Theo Hernández, irmão do jogador lesionado e um jogador muito mais ofensivo do que seu irmão. Com a entrada de Theo, Mbappé, que vinha jogando bem aberto pela esquerda, foi movido mais para o meio para se aproximar de Giroud. A mudança teve efeito imediato, com Theo engolindo o lado direito da Austrália, chegando a linha de fundo vez sim, vez também. E com Dembelé desequilibrando do outro lado, não demorou muito para vir o empate. Nem a virada.

Ao fim, foram 30 minutos de um grande susto para os franceses, que saem aliviados e com um 4-1 fácil na conta, podendo até ser mais, pois Mbappé perdeu duas chances claríssimas de gol e Griezmann teve um chute seu tirado de cima da linha.

A lógica deve se confirmar com o avanço da França para a próxima fase, mas esse time hoje é muito mais vulnerável do que foi a 4 anos atrás.

Destaques: Giroud (França), Theo Hernández (França), Mbappé (França).

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