Torcedor do Boca preso: racismo segue forte na Argentina, mas ainda temos que enfrentá-lo no Brasil
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Torcedor do Boca preso: racismo segue forte na Argentina, mas ainda temos que enfrentá-lo no Brasil

O argentino Leonardo Ponzo fez gestos racistas imitando um macaco em direção aos torcedores brasileiros, antes da partida de seu clube, o Boca Junior, contra o Corinthians, na Neo Química Arena, em Itaquera. Foi preso, mas não levou muitas ho...

Mauro Cezar Pereira04/27/2022
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O argentino Leonardo Ponzo, preso em Itaquera após cometer ato racista - Foto: Reprodução Twitter
O argentino Leonardo Ponzo, preso em Itaquera após cometer ato racista - Foto: Reprodução Twitter

O argentino Leonardo Ponzo fez gestos racistas imitando um macaco em direção aos torcedores brasileiros, antes da partida de seu clube, o Boca Junior, contra o Corinthians, na Neo Química Arena, em Itaquera. Foi preso, mas não levou muitas horas até embarcar em ônibus de volta a Buenos Aires. Em suma, saiu barato, ou quase de graça para ele.

Isso por que o consulado de seu país pagou os R$ 3 mil de fiança. Como a caravana de torcedores do Boca ficou à sua espera, ele pôde retornar para casa, mais famoso, de maneira absolutamente abjeta para muitos, mas certamente admirado por outros racistas como ele. Em suma, a punição foi suave demais diante do crime cometido por Ponzo.

Não é novidade vermos argentinos imitando macacos em direção a brasileiros. Como não surpreendem cânticos xenófobos em arquibancadas do país vizinho. Há poucos dias um hincha do River Plate mostrou uma banana aos torcedores do Fortaleza que foram ao Monumental de Nuñez. Pegou um castigo leve, seis meses sem ver o time atuar.

A grande diferença entre o Brasil e a Argentina no combate ao racismo é que em nosso país ele é real. Acabou a cretina tolerância com o preconceito contra seres humanos com pele de cor diferente. Os racistas brasileiros não desapareceram, seguem por aí e às vezes até se manifestam. Mas ficaram contidos, pois sabem que poderão ser punidos.

No país vizinho não há esse rigor. Na partida vencida pelo Corinthians por 2 a 0 nesta terça-feira, estava em campo o paraguaio Oscar Romero, irmão gêmeo do ex-corintiano Angel Romero. Ele era o principal jogador do Racing em 2016, quando revoltou-se com sua própria torcida. Pediu silêncio nos 4 a 1 sobre o Bolívar pela Copa Libertadores.

Motivo: alguns torcedores cantavam música xenófoba em referência a bolivianos e paraguaios. O dedo de Romero em frente à boca, como pedido de silêncio, teve enorme repercussão, gerou aplausos dos torcedores que não cantavam a escrota melodia. Mas nada além foi feito e na Argentina ainda há tolerância demasiada com xenófobos e racistas.

No Brasil avançamos na luta contra o preconceito, embora não sejam poucos os brasileiros que recorrem à xenofobia para atacar racistas argentinos, por exemplo. Com a absurda generalização, como se todos os lá nascidos fossem capazes de atos como os desses dois torcedores de River Plate e Boca Juniors nessas últimas semanas.

Contudo, o racismo não desapareceu por aqui. No começo de abril, uma moradora de um condomínio de classe alta em São Paulo foi acusada de agressão e injúria racial contra uma cozinheira negra que trabalhava no mesmo edifício. Ela foi flagrada por câmeras ofendendo a funcionária, que esperava transporte para casa sentada em um banco.

No futebol, em 2021 Celsinho, do Londrina, protestou por ter sido alvo de racismo em partida diante do Brusque pela Série B do Campeonato Brasileiro. Ainda não havia público nos estádios por causa da pandemia do novo coronavírus. O presidente do Conselho Deliberativo do clube catarinense, Júlio Antônio Petermann, admitiu ao STJD que ofendeu o atleta.

Aquela não foi a primeira vez que Celsinho sofreu ataques do tipo durante o exercício de sua profissão. E ele não é o único, porque o racismo é combatido com veemência no Brasil, mas ainda resiste, existe. Na Argentina o cenário é claramente pior, e isso precisa ser enfrentado urgentemente por lá. Contudo, a nossa batalha segue em curso por aqui.

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