O jogo da extrema direita em Israel complica ainda mais a vida de Netanyahu
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O jogo da extrema direita em Israel complica ainda mais a vida de Netanyahu

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não sabe como solucionar o problema que ele mesmo ajudou a criar. O movimento da extrema direita israelense que tem como representantes mais conhecidos os agora ministros Itamar Ben Gvir (Segurança Nacio...

Henry Galsky
4 min
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O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não sabe como solucionar o problema que ele mesmo ajudou a criar. O movimento da extrema direita israelense que tem como representantes mais conhecidos os agora ministros Itamar Ben Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças) pressiona para que Bibi cumpra os acordos que assinou quando formou a coalizão de governo e conseguiu retomar o cargo máximo da política local.

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Uma das promessas que Netanyahu fez a dois de seus extremistas para que se juntassem ao governo era de que Evyatar, um assentamento ilegal na Cisjordânia, seria repovoado. Isso ainda não aconteceu.

Tendo como pano de fundo os recentes atentados terroristas realizados por palestinos contra civis em Israel, o movimento extremista de direita se aproveita para pressionar o governo a reverter decisões tomadas anteriormente a respeito dos assentamentos judaicos em território palestino. Evyatar é a meta; é também o maior símbolo desta pressão. Nesta segunda-feira, o movimento pró-assentamentos Nachala realizou uma marcha que reuniu milhares de radicais (dez mil, de acordo com o Canal 12, 17 mil, segundo o canal Kan) até o assentamento.

A história recente de Evyatar serve também para mostrar as complexidades do jogo político por aqui. E deixa claro também como é difícil estabelecer a linha que separa a política interna da externa em Israel.

Construído em 2013, o assentamento foi destruído pelos governos israelenses diversas vezes até ser restabelecido em 2021. Antes da queda política de Bibi (quando foi substituído pela coalizão liderada por Naftali Bennett e Yair Lapid), o movimento pró-colonos concordou em deixar o local, mediante a garantia de que os prédios não seriam destruídos. Os colonos também conseguiram obter o compromisso de que haveria revisão do uso do território e possível legalização do assentamento. Netanyahu empurrou o assunto.

O governo caiu, ele perdeu as eleições. Mas derrubou a coalizão de Bennett e Lapid depois de 14 meses longe do cargo. Retornou aliado da turma da extrema direita. A turma que tem nos assentamentos - e na ideia de que Israel não deve abrir mão de qualquer território - um de seus principais pilares políticos e ideológicos.

Netanyahu sempre foi ambíguo em relação ao assunto. Ele não é um político clássico de extrema direita, mas alguém que se adapta para seguir no comando. Hoje, está enfraquecido em suas habilidades. Isolado na arena internacional em função da Reforma Judicial, precisa encontrar pontos de apoio para se manter de pé. Está cada vez mais difícil. As manifestações internas não cessaram. Netanyahu está ampliando o seu isolamento pessoal ao país. Joe Biden, presidente do principal aliado de Israel, deixa claro que enxerga o atual primeiro-ministro israelense como elemento tóxico. Negou quaisquer planos de convidá-lo a um encontro presencial na Casa Branca.

Ao mesmo tempo, os extremistas de direita são parte do governo (como escrevi anteriormente, Ben Gvir e Smotrich são os rostos mais proeminentes desta militância). E não facilitam a vida de Netanyahu. Cobram um preço alto por sua aliança. Sabem que Bibi precisa dessas 13 cadeiras para sustentar um governo já bastante abalado. E aí Evyatar está na ordem do dia. Para os extremistas e para Netanyahu.

Isso porque o primeiro-ministro de Israel assumiu no final de fevereiro o compromisso de que não legalizaria novos assentamentos na Cisjordânia por seis meses. O acordo foi mediado pelos EUA. O aliado que cada vez mais esfria relações com a coalizão de Netanyahu. Quebrar este compromisso é jogar ainda mais lenha na fogueira e se afastar ainda mais da Casa Branca de Joe Biden. Essa é apenas uma das muitas escolhas difíceis que Bibi tem a fazer agora: isolar ainda mais Israel ou bater de frente com o movimento pró-assentamentos, arriscando a própria coalizão de governo?