O Brasil é o favorito e deve ganhar a Copa de 2022, que se inicia no próximo domingo (eu já afirmei várias vezes e venho reforçando desde 2019), mas ao olharmos a preparação da seleção para essa copa percebemos que sua vontade de perde-la é g...
Para ganhar uma Copa não basta jogar bem. É preciso se preparar bem. E nossas seleções de 1950, 1982 e 2006 são bons exemplos de que o talento não é suficiente. É preciso algo a mais. | ||
O Brasil de hoje é o favorito novamente e deve ganhar a Copa de 2022, que se inicia no próximo domingo (eu já afirmei várias vezes e venho reforçando desde 2019), mas ao olharmos a preparação da seleção para essa copa percebemos que sua vontade de perde-la é grande. | ||
Falta definição | ||
Começamos a semana sem sequer saber quem são os titulares ou sequer saber como jogaremos. Vini Jr. começa no banco ou não? Neymar aberto na esquerda ou centralizado? Paquetá é 2º volante ou meia armador? Quem substitui Richarlisson? | ||
Quando ganhamos as Copas de 94 e 2002 nossos titulares eram bem conhecidos e, apesar de termos trocado um ou dois durante o caminho, a base se manteve até o fim. Vencemos. | ||
Até mesmo em Copas que perdemos nós entramos bem definidos e entrosados, como em 1998 e 2006, sem falar daquela de 1982 que deixou saudades. | ||
Ter um time definido não é certeza de vitória mas é meio caminho andado. Algo que NÃO se parece ter até agora porque a cabeça do Tite é uma bagunça! O que pode até ser bom para esconder o jogo dos adversários mas preocupa (e muito) o torcedor pela falta de entrosamento. | ||
Falta amistoso | ||
Em 94 e 2002 o Brasil fez uma série de amistosos contra times medíocres. Testou o esquema, o posicionamento, a movimentação do time, etc. | ||
Em outros anos, como em 2014, jogamos contra seleções melhores. Além de testar o necessário também medimos nossa força no cenário mundial naquelas copas. | ||
Jogar contra seleções "fortes" tem pontos positivos: testa mais assertivamente o time, expõe mais claramente nossos pontos fracos e dá moral em caso de vitória. Mas também tem pontos negativos: a dificuldade de vitória pode baixar a moral do time, há risco maior de lesões e este próprio risco pode deixar uma impressão "falsa" sobre o time, afinal, como ninguém quer ficar fora por uma lesão, os jogadores não dão 100% do que podem. | ||
Claro que isso pode ocorrer também contra seleções "fracas" mas a vantagem de jogar contra elas é que mesmo atuando abaixo do que podem, os jogadores conseguem performar o suficiente para se ter um prognostico melhor. O que não se pode fazer de jeito nenhum numa preparação é deixar de jogar para acertar o time! | ||
A seleção de 2022 não fará um amistoso preparatório sequer para a Copa. É a 1ª vez que ouço falar em tal situação. E a desculpa para isso é o tal "cansaço". | ||
De fato quase metade das 32 seleções da Copa não farão amistosos, mas apenas 4 delas são campeãs mundiais: França, Inglaterra, Uruguai e o Brasil. Todas as demais seleções favoritas marcaram amistosos. Estamos errados? rezo para que não. Rezo para que o "errado" seja eu por reclamar disto. | ||
Falta ambientação | ||
Quem não se lembra da icônica preparação exaustiva do Parreira em 94 debaixo de um calor infernal nos EUA? | ||
O tempo (climático e periódico) mostrou que ele estava certo. A ambientação ao clima de verão dos EUA foi fundamental para manter a seleção bem preparada fisicamente naquela Copa. | ||
Em 2002 fizemos algo parecido. Apesar dos tempos modernos não permitirem mais tal preparação longa, Felipão conseguiu em pouco tempo ambientar nossa seleção para o penta. Iniciamos com um amistoso em Barcelona, na Espanha depois outro em Kuala Lumpur, na Malásia, onde ficamos uma semana, e por fim, Ulsan, na Coréia. | ||
O "giro" pela metade do planeta diminuiu o efeito do fuso-horário e a preparação em climas próximos ao enfrentado na Coréia e Japão deixaram jogadores confortáveis. | ||
O oposto disso aconteceu em copas onde perdemos, como as de 2006 e 2014. Para a copa da Alemanha nos preparamos - ou melhor, tentamos nos preparar - em Weggis, na Suíça. Foi uma baderna! clima de farra, falta de concentração, balbúrdia total daquelas que nem vale a pena relembrar para não se irritar novamente. | ||
Em 2014, além daquela já conhecida balbúrdia em solo brasileiro, cometemos o erro infantil de nos preparamos em Terezópolis, cidade montanhosa e fria, para uma copa em pleno verão brasileiro, onde 40º na sombra é pouco! O resultado foi pífio: perdemos de 7x1 em BH (cidade quente em Junho) para a Alemanha, uma seleção que se preparou muito bem no incandescente sul da Bahia, isolada do mundo e sem baderna de mídia, empresários e "agregados". | ||
Mas é bom lembrar que apenas uma preparação bem ambientada também não garante êxito. Em 2010 fizemos uma preparação em Curitiba, clima parecido com o da África do Sul em junho, sem alarde e balbúrdia, também jogamos amistosos (Zimbábue e Tanzânia) e tínhamos 11 titulares bem definidos, mas... perdemos! | ||
Esse ano a seleção se preparou na gelida Turim, bem longe do calor do Catar. Será a última seleção a chegar no país da copa e terá o menor tempo de ambientação entre todas. | ||
(Ainda) Não sei se o Tite é um típico brasileiro burro ou se é inteligente com medo da derrota (Lazaroni, por exemplo, se achava inteligente e deu vexame em 1990 perdendo pra desconhecida Umbria por 1x0 na preparação pra copa da Italia). Apenas o tempo dirá. Mas rezo para que ele, Tite, esteja certo e eu errado, afinal, prefiro ser um torcedor hexa estando errado do que permanecer penta estando certo. | ||
Ainda confio no título. Ainda acho que o talento supera todos os erros de gestão, mas é preciso sempre lembrá-los para que o futuro não repita o passado. | ||
E tenho dito. | ||
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